O chefe do governo federal na Bélgica anunciou ontem novas medidas de confinamento que entraram em vigor à meia-noite em todo o território. Em causa está uma crescente preocupação com o aumento de infetados que, consequentemente, pode levar a que hajam mais mortos no país.
As novas regras passam por restringir as atividades culturais, desportivas e recreativas agora em todo o país. A permanência em estabelecimentos comerciais passa a ter uma duração máxima de meia hora, e os mercados de Natal e feiras da ladra, tão conhecidos no país, foram cancelados.
Os cafés e restaurantes já estão encerrados desde a semana passada, mas os que se mantém abertos devem trabalhar apenas em regime de take-away até às 22h, diz o DN.
O recolher obrigatório tem vindo a ser ampliado em várias regiões do país, e é “a exceção” no plano nacional, tendo em conta que tanto no sul, como na capital terá uma duração prolongada, com início às 22h até às 6h.
No país, o teletrabalho é obrigatório sempre que assim seja possível.
No que diz respeito ao ensino secundário, este está desde esta quarta-feira a funcionar à distância, e muitas escolas primárias acionaram um plano de alerta de última hora. A justificação enviada dada pelo governo belga é que as infeções e quarentenas entre o pessoal docente, alunos e encarregados de educação, torna impossível a manutenção dos estabelecimentos abertos.
Perante o drástico aumento de casos diário que se tem vindo a registar, as autoridades de saúde belgas lançaram um apelo à população, para se preparar para uma aceleração do número de mortes nos próximos dias.
O coordenador federal para covid-19, na Bélgica, Yves Van Laethem admitiu que os números mais recentes geram “inquietação”. “Há dois dias registámos a marca de 100 mortes em 24 horas. No período de uma semana, tivemos 540 mortes ligadas à covid. É um aumento de 80 por cento em relação à semana anterior”, revela preocupado.
O especialista alertou também para o número de pessoas internadas em estado grave, tendo em conta que “911 estão atualmente nos cuidados intensivos”. Segundo, Laethem dentro de “dois dias” será atingida a barreira de 1000 pacientes nos intensivos. O coordenador da saúde pública avisa que os cuidados intensivos estão a aproximar-se do limite máximo, e podem colapsar na próxima semana
Com os hospitais a uma semana do colapso, e sem profissionais de saúde que cheguem para enfrentar o “tsunami”, o Laethem apela a um gesto solidário básico, da parte da população, para com os médicos e enfermeiros. “Temos de lhes demonstrar solidariedade. E, a melhor forma é seguir as medidas, para que não estejam outra vez sobrecarregados durante um longo período”, sugeriu.
Numa altura em que os profissionais de saúde estão a passara cada vez mais dificuldades na sua atividade, Franck Vandenbroucke, ministro da Saúde belga, fez uma visita ao Hospital de MontLégia, nos arredores de Liège, e emocionou-se. “Aquilo que vi é muito doloroso. É muito chocante. Penso que as pessoas que trabalham aqui estão a fazer algo inacreditável”, disse numa conferência de imprensa em que mal conteve as lágrimas.
Com 11,5 milhões de habitantes, a Bélgica é neste momento um dos países europeus mais afetados pela pandemia, com um rácio de 1619 infetados por cada 100 mil habitantes – e, para já, o número de novos contágios continua a subir. Entre 18 e 24 de outubro foi registada uma média diária de 13.858 novos infetados e 60 mortos. Desde o início da pandemia, já morreram mais de 11 mil pessoas no país, revela o Observador.