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“Ato vergonhoso”. Guatemala também vai mudar embaixada para Jerusalém

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Esteban Biba / EPA

O Presidente guatemalteco Jimmy Morales

O Presidente de Guatemala anunciou, este domingo, que o país vai transferir a embaixada que tem em Telavive para Jerusalém, no seguimento da aliança com os Estados Unidos, que reconheceram esta última cidade como capital de Israel.

“Querido povo da Guatemala, conversei hoje com o primeiro-ministro de Israel, Benjamín Netanyahu, e falámos das excelentes relações que temos tido enquanto nações desde que a Guatemala apoiou a criação do Estado de Israel”, disse Jimmy Morales, numa publicação no Facebook.

O Presidente acrescentou que, nessa conversa, “um dos temas de maior relevância foi o retorno da embaixada de Guatemala a Jerusalém“. “Por isso, informo que dei instruções à ‘chanceler’ para iniciar os devidos procedimentos para que assim seja. Deus vos abençoe”.

É um ato vergonhoso e ilegal que vai totalmente contra os sentimentos dos líderes das igrejas em Jerusalém” e da recente resolução, não vinculativa, da Assembleia-geral da ONU a condenar o reconhecimento dos EUA de Jerusalém como capital de Israel, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano, num comunicado.

“O Estado da Palestina considera a decisão como um flagrante ato de hostilidade contra os direitos inalienáveis do povo palestiniano e do direito internacional”, prosseguiu a diplomacia palestiniana.

“O Estado da Palestina atuará com os aliados regionais e internacionais para opor-se a esta decisão ilegal”, advertiu, afirmando que o Presidente Jimmy Morales arrastou a Guatemala para “o lado errado da história”.

A decisão da Guatemala ocorre dias depois de 128 países-membros da Assembleia-geral da ONU terem aprovado uma resolução contra o reconhecimento dos EUA de Jerusalém como capital de Israel.

A Guatemala foi um dos nove Estados-membros que votaram contra a resolução. EUA, Israel, Honduras, Togo, Micronésia, Nauru, Palau e as ilhas Marshall foram os outros países que rejeitaram a resolução votada a 21 de dezembro.

Outros 35 países optaram pela abstenção. Entre estes constaram o Canadá, o México, a Argentina, mas também Estados-membros da União Europeia, como foi o caso da Polónia, Hungria e da República Checa.

A número dois do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, Tzipi Hotovely, já garantiu que o Governo está “em contacto com pelo menos dez países” para que também mudem as suas embaixadas.

Trump anunciou a 6 de dezembro que os EUA reconhecem Jerusalém como capital de Israel e que vão transferir a sua embaixada de Telavive para Jerusalém, contrariando a posição da ONU e dos países europeus, árabes e muçulmanos, assim como a linha diplomática seguida por Washington ao longo de décadas.

A questão de Jerusalém é uma das mais complicadas e delicadas do conflito israelo-palestiniano, um dos mais antigos do mundo.

Israel ocupa Jerusalém oriental desde 1967 e declarou, em 1980, toda a cidade como a sua capital indivisa. Os palestinianos querem fazer de Jerusalém oriental a capital de um desejado Estado palestiniano, coexistente em paz com Israel.

Jerusalém é considerada uma cidade santa para cristãos, judeus e muçulmanos. Desde o anúncio de Trump foram registados confrontos e manifestações, nomeadamente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, e pelo menos 12 palestinianos perderam a vida.

ZAP // Lusa

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