As principais associações de comércio e restauração consideram que as novas restrições decretadas pelo Governo, que entram na quarta-feira em vigor em 121 concelhos, são “contraproducentes” e vão prejudicar ainda mais o setor.
Nesses concelhos, o comércio vai encerrar às 22:00 e os restaurantes às 22h30. Nos centros comerciais, isso vai contribuir para “uma maior concentração de pessoas em determinados momentos do dia”, disse o presidente da Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC), António Sampaio de Mattos, citado pelo Negócios.
Para o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), Gonçalo Lobo Xavier, “o consumo não pode diminuir drasticamente, sob pena de termos uma economia ainda mais enfraquecida. Ter a sensatez de dizer às pessoas que podem fazer as suas compras em segurança é imperativo e devia estar no discurso político”.
Já a presidente da União das Associações do Comércio e Serviços de Lisboa, Lourdes Fonseca, indicou que “o dever cívico de recolhimento, pela mensagem que passa, e o teletrabalho obrigatório, têm bastante mais impacto no comércio do que o horário reduzido. Já víamos pouca gente nas lojas. Estas medidas vão prejudicar ainda mais”.
Os pedidos de apoio jurídico para a reestruturação de empresas tem aumentado entre os associados da União de Associações do Comércio e Serviços (UACS), apontou o Negócios. “Muitas lojas vão tentar aguentar até ao final do ano”, mas em janeiro são esperadas mais falências, disse Lurdes Fonseca, defendendo a adoção de “apoios a fundo perdido”.
A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), propôs na segunda-feira ao Governo um Plano de Emergência, que inclui a “atribuição de um incentivo não reembolsável, correspondendo a 50% da quebra de faturação registada em cada um dos meses, a vigorar até 31 de dezembro de 2021”.
“Na Alemanha, o Estado vai cobrir até 75% das perdas em vendas não efetuadas nas empresas com menos de 50 trabalhadores. Portugal não tem esta capacidade, mas pode pedir ajuda à Europa, respeitando a legislação sobre as ajudas de Estado”, sugeriu Lobo Xavier. “Nesta situação, a solidariedade europeia é possível à luz dos tratados, é justa e equilibrada. Mas exige rapidez, negociação e muita vontade política”.