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Alemanha, Dinamarca e Suécia também aprovaram vacina da AstraZeneca para maiores de 65 anos

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John Cairns / University of Oxford

Vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca

Com a publicação de estudos sobre a eficácia da vacina da farmacêutica AstraZeneca em pessoas com mais de 65 anos, vários países da União Europeia juntaram-se a França e estenderam o uso da vacina para essa faixa etária.

Entre ontem e hoje, pelo menos três países – Alemanha, Dinamarca e Suécia – da União Europeia (UE) juntaram-se a França e aprovaram o uso da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca em pessoas com mais de 65 anos.

“A Comissão de Vacinas agora recomenda também a vacina da AstraZeneca para pessoas com mais de 65 anos. Esta é uma boa notícia para os idosos que estão a esperar por uma dose”, disse o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, num comunicado.

A chanceler alemã, Angela Merkel, já havia anunciado na noite de quarta-feira que o comité se preparava para emitir um parecer favorável e que o seu Governo seguiria essa recomendação.

“Estudos muito recentes forneceram elementos” que permitem elevar a idade máxima para uso da vacina, explicou a chanceler na noite de quarta-feira.

Merkel estava a referir-se, em particular, a estudos médicos britânicos que demonstravam eficácia significativa para pessoas mais velhas.

As autoridades de saúde suecas juntaram-se e estenderam também a recomendação do uso da vacina contra a covid-19 AstraZeneca/Oxford para pessoas com mais de 65 anos, tendo por base os mesmos estudos britânicos.

“Agora, três grandes estudos no Reino Unido mostram que a vacina da AstraZeneca tem um bom efeito protetor, mesmo para pessoas com mais de 80 anos, e que esse efeito é comparável ao de outras vacinas aprovadas”, indicou a autoridade de saúde pública em comunicado.

Entretanto, também as autoridades de saúde dinamarquesas estenderam esta sexta-feira aos maiores de 65 anos a recomendação de utilização da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca/Oxford, com base num estudo escocês.

“Os resultados escoceses são positivos. Eles mostram uma diminuição acentuada do risco de hospitalização ligada à covid-19, também em idosos”, adiantou uma responsável da Agência Nacional de Saúde Sundhedsstyrelsen, Bolette Søborg, citada num comunicado.

“As dúvidas estavam a surgir a partir dos dados limitados obtidos em estudos de aprovação de vacinas. E, agora, está confirmada em grande escala” a sua eficácia nos mais idosos, disse a responsável.

Tanto Berlim como Estocolmo e Copenhaga não autorizavam, até agora, esta vacina para pessoas acima de 65 anos, argumentando que os dados científicos do laboratório anglo-sueco eram insuficientes para administrar o medicamento.

Na Dinamarca, país da UE onde a campanha de vacinação se encontra entre as mais avançadas, 3,2% dos 5,8 milhões de habitantes estão totalmente vacinados e 8,3% receberam a primeira dose.

O país espera ter vacinado toda a sua população adulta até ao final de junho.

Europeus ficarão todos vacinados até setembro

O comissário europeu Thierry Breton, responsável pelo setor que inclui a indústria de vacinas, disse esta quinta-feira acreditar que a União Europeia conseguirá vacinar contra a covid-19 todos os seus cidadãos até ao final do verão.

“Tenho grande confiança na capacidade da Europa de fornecer vacinas mais rapidamente. Acho que até ao final do verão seremos capazes de vacinar todos os cidadãos europeus”, disse Breton, numa conferência de imprensa conjunta com o ministro do Desenvolvimento Económico de Itália, Giancarlo Giorgetti.

“Até ao final do ano, a Europa será capaz de produzir dois a três mil milhões de vacinas por ano (…) A Europa é o continente líder na produção de vacinas, seguida dos Estados Unidos com dois mil milhões (…). Entre a UE e os Estados Unidos, podemos contar com cinco mil milhões de vacinas por ano, para serem distribuídas por todo o mundo”, informou o comissário europeu do Mercado Interno.

As declarações foram feitas depois de o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, na noite de quarta-feira, ter pedido à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para acelerar a resposta europeia à pandemia, “especialmente no que diz respeito às vacinas”.

Os atrasos na entrega de vacinas contra a covid-19, cuja compra foi agrupada e organizada a nível europeu pela Comissão, estão a ser alvo de críticas em muitos estados-membros da UE.

Thierry Breton avisou, contudo, que nenhum país da UE se deve considerar autónomo no processo de vacinação contra a covid-19.

Nenhum país pode considerar-se autónomo quanto à campanha de vacinação. Os nossos países são interdependentes”, explicou o comissário europeu.

A Hungria e a Eslováquia já afirmaram que vão utilizar a vacina russa Sputnik V, apesar da falta de aprovação pela Agência Europeia para o Medicamento, e a República Checa anunciou que espera obter doses deste produto da Rússia até final de março.

Breton assegurou que o compromisso de vacinar toda a população da UE até final do verão será conseguido com o recurso aos medicamentos já autorizados pela agência europeia, nomeadamente as das farmacêuticas Pfizer/Biontech, da AstraZeneca e da Moderna.

O comissário europeu esclareceu que a questão não está na origem das vacinas, mas na sua produção nas indústrias do continente europeu, dizendo acreditar que o ritmo de disponibilização de doses aumentará nos próximos meses.

O ministro italiano Giancarlo Giorgetti, presente na conferência de imprensa, salientou que o seu país está confiante na capacidade da Europa para produzir mais vacinas, mas salientou o esforço global que deve ser feito no combate à pandemia.

Acordo entre Israel, Dinamarca e Áustria

Os primeiros-ministros de Israel, Áustria e Dinamarca anunciaram esta quinta-feira uma aliança para o desenvolvimento e produção de novas gerações de vacinas contra a covid-19, numa conferência de imprensa em Jerusalém.

“Não sabemos quanto tempo a vacina continuará a ser eficaz. Serão seis meses, um ano, dois anos, menos ou mais, não sabemos e é por isso que precisamos de proteger as nossas populações contra o ressurgimento da pandemia ou de mutações”, declarou o chefe do governo israelita, Benjamin Netanyahu, ao lado dos seus homólogos, o austríaco Sebastian Kurz e a dinamarquesa Mette Frederiksen.

Os três países vão lançar assim “um fundo de investigação e desenvolvimento” e “iniciar esforços conjuntos para a produção de futuras vacinas”, adiantou Netanyahu, sem precisar o montante do fundo ou a capacidade de produção desejada.

“Estamos todos (os três) a realizar investigações promissoras que abrirão caminho à próxima geração” de desenvolvimento biomédico”, disse Frederiksen, indicando que a nova aliança “explorará a possibilidade de cooperação em ensaios clínicos”.

A França criticou o projeto de aliança, considerando que o “quadro europeu” era o mais adequado para garantir a “solidariedade” na União Europeia (UE).

Kurz respondeu: “Devemos cooperar nesta questão dentro da União Europeia (…) mas também devemos cooperar à escala global”. O chanceler austríaco considerou Israel o “primeiro país do mundo a demonstrar que o vírus pode ser vencido”.

Graças a um acordo com a farmacêutica Pfizer, o Estado hebreu tem contado com um fornecimento rápido de vacinas em troca de dados biomédicos sobre o seu efeito na população. O acordo permitiu que Israel já tenha administrado pelo menos uma dose da vacina a mais de metade dos 9,3 milhões de israelitas e tenha realizado uma série de testes em grande escala, que confirmaram a eficácia da vacina Pfizer/BioNTech.

Quando a possibilidade do acordo foi anunciada, na terça-feira, a presidente da Associação austríaca de Fabricantes de Vacinas (ÖVIH), Renée Gallo-Daniel, classificou a estratégia entre os três países de “muito inovadora” e “boa”.

Mas alertou, em declarações à rádio nacional austríaca, que são necessários “normalmente cinco a dez anos para montar uma produção” e “pelo menos alguns meses a um ano para reorientar uma unidade de produção existente”.

Um número crescente de Estados-membros da UE tem vindo a distanciar-se da estratégia comum de fornecimento e de distribuição das vacinas contra a Covid-19 delineada pela Comissão Europeia, que tem sido alvo de críticas e de atrasos.

É o caso da República Checa, da Eslováquia e da Hungria que já recorreram a vias alternativas de abastecimento de vacinas, com a aquisição das vacinas russa e chinesa que ainda não obtiveram a “luz verde” da Agência Europeia de Medicamentos (EMA).

A pandemia de Covid-19, transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019 na China, provocou pelo menos 2,5 milhões mortos no mundo, resultantes de mais de 115,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço da agência France Presse.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Essa da “dúvida” da eficácia em idosos não era mais do que uma desculpa para um esquema de vacinação adhoc e com critérios políticos em vez de saúde pública. Ainda bem que tudo foi esclarecido porque já andavam alguns a esfregar as mãos…

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