As já conhecidas entregas de dinheiro de Carlos Santos Silva a José Sócrates são agora ainda mais claras: o novo livro sobre os bastidores da vida política do ex-primeiro-ministro descreve 40 entregas de dinheiro feitas ao longo de apenas um ano entre os dois principais arguidos da Operação Marquês.
O livro “Cercado – Os dias fatais de José Sócrates“, do jornalista da revista Sábado Fernando Esteves, é lançado esta quinta-feira e descreve segredos da vida política de José Sócrates nos últimos dez anos, a partir de documentos e entrevistas a colaboradores.
Os temas abordados passam por polémicas como o processo da Cova da Beira, o curso na Universidade Independente, o inquérito Freeport, o caso Face Oculta e os projetos das casas da Guarda, mas são as informações sobre a investigação que levou à sua prisão que tornam o livro ainda mais quente.
O autor descreve que as entregas de dinheiro a Sócrates desde o início da Operação Marquês, no verão de 2013, ocorriam a um ritmo de três vezes ao mês. Embora já referidas pela comunicação social, é a primeira vez que as 40 entregas de dinheiro feitas por Carlos Santos Silva a José Sócrates durante a investigação da Operação Marquês são descritas em detalhe.
Em um dos casos, nomeadamente 2 de abril de 2014, Carlos Santos Silva entregou pessoalmente a José Sócrates 10 mil euros em notas que não chegaram para dois dias – dois dias depois, a 4 de abril, o ex-primeiro-ministro voltava a pedir outros 10 mil euros, já que “aquela outra coisa”, como se referiu à quantia durante a chamada, não tinha sido suficiente.
Sócrates precisava pagar à sua secretária pessoal, Maria João, além de saldar a sua conta na agência de viagens Top Atlantic e ainda cobrir as despesas de alojamento em Paris, onde ainda mantinha uma casa depois de ter concluído o seu mestrado de Filosofia Política na Sciences Po.
Antes disso, a 27 de setembro de 2013, o empresário entregou 10 mil euros a Sócrates, depois de mais um telefonema em que o ex-PM socialista dizia a Santos Silva que “precisava de levar alguma coisa” porque tinha esgotado o plafond do cartão de crédito e Sofia Fava, a ex-mulher e mãe dos seus filhos, iria ainda nesse dia para Paris, precisando de dinheiro. Sete dias antes, já tinham sido pedidos outros 10 mil euros; quatro dias antes disso outros cinco mil, cita o semanário Expresso.
O livro descreve que Carlos Santos Silva admitiu ao Ministério Público ter entregado 550 mil euros em dinheiro a José Sócrates, que ficava sistematicamente sem plafond no cartão de crédito e tinha de voltar a telefonar ao amigo para pedir mais “livros” ou “fotocópias”.
Fernando Esteves cita um despacho do juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal, que viu necessidade de detalhar esses momentos para justificar a prisão preventiva do ex-primeiro-ministro e do seu amigo por corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, reforçando a posição do Ministério Público, que dizia que os “livros” e “fotocópias”, como o dinheiro era muitas vezes referido, “serviam para quase tudo: para pagar roupa, salários, rendas, condomínios, viagens”.
O jornalista escreve ainda que Ministério Público “sublinha que, nos telefonemas em que solicitava o envio de quantias monetárias, o ex-primeiro-ministro não pedia – ordenava. É também por isso que os investigadores acreditam que o dinheiro, na verdade, lhe pertencia”, apesar do empresário e amigo do ex-PM tenha sempre justificado o tom como “normal”, dada a amizade e proximidade entre os dois que não requer tons “cerimoniosos”.
ZAP
Pois é Sr. Sócrates, o sr é um “habilidoso, um artista” da politica que gostava de viver bem à conta do erário público.
E agora o gágá do bochechas nada diz…Cadeia com este artista e outros de igual quilate.Este país precisa de uma limpeza geral e acabar com estes corruptos para bem do país.
Credo! À grande e à francesa… Fotocópias… Papel.