O presidente do Novo Banco, Eduardo Stock da Cunha, afirmou esta segunda-feira não saber qual o valor da instituição financeira perante os resultados apresentados dos últimos cinco meses de 2014.
“Não sei quanto vale o Novo Banco, mas como se diz lá em casa, vale aquilo que derem por ele“, referiu Stock da Cunha na apresentação de resultados de 2014 aos jornalistas em Lisboa, em que a instituição financeira obteve um prejuízo de 468 milhões de euros.
O presidente do Novo Banco adiantou que a questão do valor da instituição financeira não lhe ocupa “5% das preocupações do dia-a-dia”, acrescentando que, desde que chegou ao banco, a sua preocupação tem sido criar valor e não estar a pensar “no processo de venda”.
Apesar disso, Stock da Cunha referiu que “há uma perceção muito grande de que o Novo Banco é muita mais sólido e mais forte do que há uns meses atrás”, ressaltando, no entanto, que não se deve pronunciar sobre a venda: “essas perguntas devem ser dirigidas à Rua do Comércio [Banco de Portugal]”, disse.
Novo Banco com prejuízos de 468 milhões de euros
O Novo Banco registou um resultado líquido negativo de 467,9 milhões de euros desde que foi criado, em agosto de 2014, na sequência da resolução do Banco Espírito Santo (BES), até ao final do ano passado.
A rentabilidade do Novo Banco foi afetada pelo custo total com imparidades, que ascendeu a 699,1 milhões de euros, dos quais 378,1 milhões de euros para crédito, 199,7 milhões de euros para títulos, 57,7 milhões de euros para ativos não correntes detidos para venda e 63,6 milhões de euros para outros ativos e contingências.
As imparidades decorrentes das participações na Portugal Telecom/Oi foram de 108,4 milhões de euros.
“As provisões atingiram o valor de 699,1 milhões de euros, que conjuntamente com o aumento registado nos custos com impostos decorrentes da alteração da taxa de IRC aplicável no apuramento dos impostos diferidos, condicionaram o resultado do Grupo Novo Banco”, realçou em comunicado a entidade liderada por Eduardo Stock da Cunha.
Excluindo os fatores de natureza não recorrente, o resultado líquido apurado no período foi de 229,7 milhões de euros.
O resultado antes de provisões e imparidades (resultado bruto) atingiu 419,9 milhões de euros no período de cerca de cinco meses de atividade do Novo Banco, com o resultado financeiro e os serviços a clientes a ascenderem a 266,3 milhões de euros e 178,2 milhões de euros, respetivamente.
Já o produto bancário comercial situou-se nos 444,5 milhões de euros, ao passo que o produto bancário fixou-se nos 788,5 milhões de euros.
Os custos operativos dos cinco meses de vida do Novo Banco totalizam 368,6 milhões de euros, correspondendo a uma redução de 5,8% no quarto trimestre face ao terceiro trimestre de 2014, em base comparável.
Em termos de liquidez, “no quarto trimestre registou-se uma forte recuperação de 4,2 mil milhões de euros da carteira de depósitos o que constituiu a demonstração da confiança dos clientes no Novo Banco e da retoma da normalidade operacional”, assinalou a instituição.
Assim, “a liquidez apresentou uma melhoria expressiva, com o rácio de transformação a atingir 126%, que compara com os 155% em setembro de 2014”, lê-se no comunicado.
Em sequência do plano de desalavancagem implementado pela nova gestão, o ativo reduziu-se em 6,9 mil milhões de euros em cinco meses para 65,5 mil milhões de euros, com especial incidência no crédito (-1,8 mil milhões de euros) e na carteira de títulos (-1,7 mil milhões de euros).
/Lusa
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