Luís Montenegro arranca, nesta sexta-feira, oficialmente a sua liderança no PSD no 40.º Congresso do partido no Porto. O novo líder vai quebrar um quase silêncio que manteve desde que foi eleito e espera-se que explore a crise no Governo resultante da confusão com o novo aeroporto de Lisboa.
Apesar da crise política resultante do erro já assumido por Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, que anunciou a construção de dois aeroportos em Lisboa, tendo depois sido desautorizado por António Costa, Montenegro manteve o silêncio.
O líder do PSD quase não fala à comunicação social desde que foi eleito presidente do PSD a 28 de Maio passado. Fez apenas declarações circunstanciais para dizer que o Governo está “desgastado”.
Foi Rui Rio, ainda presidente em funções, quem fez as vezes de líder da oposição, comentando o caso do aeroporto. A demissão de Pedro Nuno Santos esteve em cima da mesa, mas tudo se resolveu com um mea culpa do ministro e com Costa a reforçar o erro do homem que escolheu para a pasta das Infraestruturas.
Montenegro deverá aproveitar a trapalhada no Governo para apontar críticas a Costa e ao seu Executivo durante o Congresso – ou é isso que se espera que faça.
A situação obriga Montenegro a abordar esta crise política e a “total desorganização que este Governo está a evidenciar, numa altura relativamente crítica que estamos a viver: aumento da inflação, aumento das taxas de juro, aumento do custo de vida, guerra da Ucrânia”, considera, em declarações ao Público, o administrador da Casa da Música e deputado municipal do PSD Luís Osório.
“Se havia já uma evidência de um certo desgoverno dentro do próprio Governo, nomeadamente na questão da saúde, ainda mais agudizado ficou com este episódio protagonizado pelo ministro Pedro Nuno Santos”, salienta ainda Luís Osório.
Uma fonte do PSD diz ao mesmo jornal que “o líder do partido tem agora o palco para falar do assunto até porque o ministro Pedro Nuno Santos referiu-se a Luís Montenegro várias vezes, lembrando que ele falou da incompetência do Governo na questão do futuro aeroporto”.
Contudo, esta fonte nota que o “mediatismo seria maior se o tema fosse saúde“.
Para um antigo dirigente distrital “António Costa já conseguiu condicionar o congresso”, considerando que “durante dois dias não se vai falar de outra coisa”, o que pode atirar para plano secundário outros assuntos importantes e relevantes, tal como a já referida situação na saúde, em particular nas urgências do Serviço Nacional de Saúde que têm sido encerradas devido à falta de médicos.
Portanto, terá Montenegro um presente envenenado nas mãos?
Mota Pinto não queria, mas Montenegro obrigou-o a sair
Entretanto, no dia em que a demissão de Pedro Nuno Santos acabou por não sair, depois de ter sido noticiada como certa, o PSD teve a sua própria demissão interna.
Paulo Mota Pinto demitiu-se da liderança da bancada parlamentar do PSD anunciando que foi Montenegro a forçá-lo a tomar esta decisão.
“Saio com total liberdade e até algum alívio. Mas estava disponível para continuar“, fez questão de notar Mota Pinto, realçando que Montenegro lhe pediu, “mais do que uma vez”, para deixar o posto e convocar eleições.
Na óptica dos apoiantes de Montenegro, esta saída faz todo o sentido. “Muitas vezes, [Mota Pinto] perdeu a sua própria ética para salvaguardar Rui Rio“, nota um dirigente do PSD ao Jornal de Notícias (JN), salientando que o já ex-líder parlamentar foi o “braço armado” do líder que está de saída.
Agora, Joaquim Miranda Sarmento surge como o mais forte candidato à liderança da bancada parlamentar do PSD. As eleições para fazer essa escolha acontecem a 12 de Julho.
Sei o que Montenegro fez as nossas vidas enquanto deputado de Passos Coelho. Não me esqueci!
Este e o facho do Ventiras estão bem um para o outro!