Metade dos médicos de ginecologia e obstetrícia atualmente inscritos na Ordem dos Médicos (OM) em idade ativa trabalha fora do Serviço Nacional de Saúde (SNS), informou o presidente do colégio de ginecologia-obstetrícia daquela etidade, João Bernardes.
De acordo com o responsável, citado pelo Público, entre 2023 e 2035 devem se aposentar mais de 350 especialistas em ginecologia-obstetrícia, enquanto se formam 540. No entanto, defendeu, é preciso assegurar que a maior parte destes novos fica no SNS e que os que têm mais de 55 anos continuam a fazer urgências.
João Bernardes sublinhou que a maior parte dos médicos com mais de 55 anos continua a fazer estes serviços, contudo, se de repente o deixassem de fazer, “só sete ou oito urgências teriam capacidade de resposta, mesmo com os tarefeiros [médicos contratados em prestação de serviços]”.
Por ano formam-se 45 médicos nesta área – especialidade que, para João Bernardes, sofre de um “desequilíbrio etário” e assimetrias regionais. “Precisávamos que pelo menos 30 a 35 ficassem no SNS”, frisou o responsável.
“Há poucos” obstetras, psiquiatras e anestesistas
A falta de médicos não é um problema do SNS ou dos hospitais privados, mas sim do país, indicou ao Público o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), Óscar Gaspar, notando: “Há poucos obstetras em Portugal assim como há poucos psiquiatras ou poucos anestesistas. O problema (…) é não existirem em número suficiente para as necessidades”.
Os hospitais privados, frisou, não têm urgência de Ginecologia-Obstetrícia, com muitos casos a serem reencaminhados para os públicos. As grávidas que recebem são referenciadas diretamente por obstetra privado, com gestações de baixo risco e obrigatoriamente com mais de 34 semanas de gestação.
“O padrão típico são senhoras que são acompanhadas no hospital e que acabam por ter lá o seu parto planeado. Realizamos 12 mil partos por ano, o que quer dizer que se não os realizássemos estávamos a aumentar ainda mais a pressão sobre o SNS”, indicou Óscar Gaspar, acrescentando que ao longo dos últimos anos os hospitais públicos e os privados têm vindo a “repartir o esforço assistencial”.
“O Ministério da Saúde conhece a capacidade instalada dos hospitais privados, de norte a sul do país. No âmbito do planeamento dos cuidados de saúde, cabe ao ministério definir em que termos o SNS se deve articular com os outros sectores para garantir a prestação dos cuidados de saúde necessários, como acontece com as cirurgias”, disse o responsável, apontado ainda que os hospitais privados “são agora responsáveis por cerca de um terço do total de actividade hospitalar do país”.
Obstetrícia de Portalegre e Portimão encerradas
As urgências de obstetrícia do hospital de Portalegre estão encerradas desde as 05:00 desta quarta-feira e até às 08:00 de sexta-feira, com a falta de médicos a obrigar ao fecho total ou parcial das mesmas especialidades em hospitais como Portalegre, Portimão e Almada, avançou a agência Lusa.
Após as perturbações nos hospitais de Braga ou Garcia de Orta, por exemplo, as urgências de obstetrícia do hospital de Portalegre estão encerradas no período indicado, dado que apenas estará um obstetra no serviço, segundo o porta-voz da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), Ilídio Pinto Cardoso.
Contudo, apesar do fecho das urgências, o serviço de Obstetrícia “vai estar a funcionar” porque vai estar um obstetra de serviço, acrescentou.
Ilídio Pinto Cardoso explicou ainda que as grávidas que se dirijam aos hospitais de Portalegre e Elvas, bem como ao Serviço de Urgência Básico (SUB) de Ponte de Sor, deverão ser encaminhadas para o Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) ou para a unidade hospitalar mais próxima.
Desde as 21:00 de terça-feira que também o serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia da Unidade Hospitalar de Portimão está encerrado por dificuldade em assegurar escalas.
O encerramento irá manter-se até às 09:00 de segunda-feira (20 de junho), sendo que a resposta assistencial regional do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) está garantida na Unidade Hospitalar de Faro pela equipa de especialistas de Faro, que será reforçada com médicos da Unidade Hospitalar de Portimão, indicou o CHUA.
Relativamente às urgências de Ginecologia/Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, que encerraram às 20:00 de terça-feira, reabririam pelas 08:00 desta quarta-feira, segundo avançou a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT).
O Jornal de Notícias avançou nesta quarta-feira que o serviço de urgências de obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, esteve na terça-feira durante 18 horas sem receber pacientes em ambulâncias de emergência.
Paguem mais.
Deixem de querer pagar salários do 3º mundo e ao mesmo tempo querer um Portugal evoluído.
Paguem mais a médicos, professores, juízes, polícias, etc.. estamos na UE, os preços dos bens são iguais ou mais caros do que no resto da UE, mas os salários continuam miseráveis em comparação com o resto da UE.
É como querer fazer bolos sem ovos.. o resultado está aí à porta.
E ler antes de comentar:
“Há poucos obstetras em Portugal assim como há poucos psiquiatras ou poucos anestesistas. O problema (…) é não existirem em número suficiente para as necessidades”.
Também os níveis de produtividade continuam miseráveis em comparação com o resto da UE. Não fale do que não sabe.
Paguem mais é a empregada doméstica que andam a limpar a merda que esses elitistas fazem e ganha um salário tão baixo.
Na Europa também há quem reclame como em França que se formou o movimento nos coletes amarelos. Quanto aos produtos, normalmente em França o preço deles é de 5 vezes superior aos preços praticados em Portugal. Os salários são mais altos, mas os preços dos bens são muito elevados por lá.
Quanto aos do 3º mundo .esses nem para comer tem, por isso é que se aventuram a serem refugiados dos países ricos, porque nos países deles não há mesmo nada.
Há pessoas em Africa que comem uma só vez por dia, se conseguirem comer uma vez por dia.
Essa de “Quanto aos produtos, normalmente em França o preço deles é de 5 vezes superior aos preços praticados em Portugal.” é de quem nunca foi a França. Não diga disparates. Se estivesse a falar de serviços, até seria verdade. Mas não de produtos. Consigo comprar fruta e muita mercearia em França, Espanha, Suíça, Luxemburgo, Alemanha… ao preço de cá ou apenas ligeiramente superior. No caso da fruta até é possível comprá-la mais barata.
Eu também já fui a França muitas vezes e os produtos são bem mais caros que em Portugal.
Nos restaurantes são. Nos supermercados, não!
O problema não pode estar nos salários. Os médicos auferem em média 3500 euros/ mês. O salário médio em Portugal ronda os 1000 euros / mês. Logo, o problema não pode estar nos salários. O problema está nos numerus clausus que impedem que haja mais médicos em Portugal. Se se formassem mais médicos, iriam ver que grande parte destes não quereria sair do público. Mesmo pelos atuais valores de salário.
O problema é que em Portugal os médicos ainda querem manter um status que já não têm em nenhum outro país desenvolvido. Em Inglaterra, EUA, Suécia… são apenas mais uma profissão. Em Portugal, como resultado do nosso atraso, ainda querem afirmar-se como uma classe elitista. E só o fazem porque sabem que não há médicos suficientes para as necessidades. Desse modo, têm sempre lugar seguro onde queiram (público ou privado ou nos dois em simultâneo). Tudo isso mudará no dia em que acelerarem o processo de acreditação e reconhecimento de cursos a mais grupos privados de saúde. Nesse dia, terminará o “elitismo”.
Quanta ignorância!?
Ignorância ficou demonstrada no seu comentário. Concordo totalmente com o que foi referido pelo “O elitismo na saúde”. Tocou no ponto. Em Espanha há médicos no desemprego. É ver se eles não vão trabalhar para qualquer terriola. Em Portugal querem todos estar nos principais centros urbanos. Podem escolher e o povo que se lixe. Promovam-se novos cursos de medicina nos grupos privados de saúde e o problema estará resolvido em 10 a 20 anos. Nunca mais teremos problemas com falta de médicos.
De facto a Mardi deve ser profundamente ignorante. Afinal, conseguiu não dizer nada. Nem um argumento. Um vazio total de ideias. Estou muito por dentro do setor e o comentador tem total razão no que refere.
Não se entende que um médico porque tem 55 anos já está limitado nas suas atividades, para horas extraordinárias, para bancos de urgências para formação de escalas, são estes senhores doutores que reprovam a reforma, a baixa por doença, que mandam trabalhar, profissionais de todas as atividades menos da de saúde, pessoas que vão ás inspeções de saúde em maca, todos/as Partidos/as curvados da coluna, a mancar, todos esborrachados pela vida dura de Pedreiro, Trolha, Agricultor, etc., e estes senhores doutores são velhos tao cedo e tem tantas regalias, enfim, Temos os Deputados que temos, que elegemos, que nenhum está interessado em resolver o Problema, desde a extrema esquerda á extrema direita passando pelos novos partidos, que representam mais o mesmo, uma experiencia falhada.
Totalmente de acordo. Enquanto houver insuficiência de médicos o Estado estará sempre na mão destes profissionais. A solução, no médio / longo prazo, passa necessariamente por aumentar o número de vagas ou número de cursos de medicina no ensino superior. Por outro lado deveriam ser obrigados a trabalhar durante alguns anos no setor público. Afinal os seus cursos são pagos com o nosso dinheiro. Isso já acontece noutras profissões (pilotos comerciais formados na força aérea).
Carambas!!! Trabalhar no privado rende e rende cada vez mais. Há lugares para todos no privado.
Trabalhar como ginecologista não há de ser fácil, convenhamos.
Como alguém diz, (e acho que é médico) que um Bandido será sempre um bandido, não acredito que um qualquer profissional da Saúde passe a ter melhores princípios, passe a ser mais humano, passe a ser melhor Medico ou Enfermeiro, ou Professor, a ter mais dignidade, só porque não faz serviço no SNS e faz num Hospital, num Consultório, ou Clinica Privados, novamente parafraseando o tal Sr., Doutor, um Bandido será sempre um Bandido, Deixar morrer um inocente com uma bomba lançada por Putin, ou deixar morrer por a mesquinhez de mais uns Euros, umas regalias, uma cobardia para obedecer a ordens de quem os representa, é bem mais reprovável e criminoso que a bomba de Putin em guerra. Nos dias de hoje é muito perigoso pôr o nosso corpo, a nossa Saúde para uma consulta, ou uma cirurgia nas mãos destes profissionais.
Penso que só em Portugal os Contribuintes investem na formação de Médicos e Enfermeiros para ingressar nas equipes a CUSTO ZERO das empresas de Saúde Privadas sejam elas Francesas Alemãs Inglesas Suíças ou outras, ou para irem também a custo zero (formação paga pelos contribuintes portugueses) trabalhar para a França Alemanha Suíça, Inglaterra, etc. é esta a forma que os senhores deputados legisladores servem os seus interesses, e de seus grupos de amigos, de qualquer cor politica, da extrema esquerda á direita, passando por os mais novos partidos que representam uma aposta falhada para quem decidiu arriscar.
Todos os Médicos estudam com dinheiro de todos nós, uma vez que as Universidades onde tiram os cursos são do Estado ou seja de todos nós. Depois não querem trabalhar para quem lhes paga os cursos de Medicina. Tenham vergonha.