No ano passado, a abstenção do PCP de um empurrão na aprovação do Orçamento do Estado. O partido de Jerónimo de Sousa não desiste de exercer influência e de se consolidar como parceiro do Governo, ao contrário do Bloco de Esquerda que foi afastado.
Para garantir que as promessas são cumpridas, e para afastar a necessidade de um Retificativo, PCP e Governo têm-se encontrado quinzenalmente de forma setorial para discutir e avaliar como está a ser executado o Orçamento do Estado para 2021.
A Renascença apurou que já houve encontros com as equipas do Ministério da Saúde e do Ministério da Economia para avaliar a execução orçamental e uma conversa com o secretário de estado dos Assuntos Parlamentares.
A reunião com António Lacerda Sales, secretário de Estado adjunto e da Saúde, resultou no anúncio feito pela ministra Marta Temido de que a atividade adicional nos centros de saúde vai ter incentivos financeiros, uma norma que consta no Orçamento do Estado e que foi proposta pelo PCP.
Com a equipa da Economia, o PCP insistiu na necessidade de ser prolongado o período de vigência das moratórias de crédito.
Para já, os comunistas afastam o cenário de um Orçamento Retificativo ou Suplementar. “Isso é o que o Bloco de Esquerda quer para poder dizer que afinal tinham razão ao votarem contra o Orçamento”, disse um dirigente do partido à rádio.
Ao contrário do PCP, o Bloco de Esquerda não mantém contactos regulares com o Executivo e considera que o tempo tem vindo a justificar o voto contra no OE2021.
“O ano está a começar e o Governo já por duas vezes veio corrigir os apoios sociais que estavam no Orçamento do Estado e nem sequer de uma forma generosa ou abrangente para combater a pobreza no país. Ou seja, o seu Orçamento não era capaz para enfrentar esta crise, que era o que o BE vinha dizendo durante o debate”, disse Catarina Martins, em entrevista à Renascença e ao Público.
O Bloco está afastado e acusa o Governo socialista de centrar as suas negociações com o PSD. No entanto, apesar do afastamento, a coordenadora bloquista garantiu que a moção que vai levar à Convenção de maio não é o corte definitivo das pontes com os socialistas.
“Há hipóteses de diálogo à esquerda, e são particularmente importantes, mas é também necessário construir respostas de esquerda, tanto de emergência como estruturais, para a situação que estamos a viver”, frisou.