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Borrell acusa Rússia de desinformação para vender a sua vacina

European Parliament / Flickr

Josep Borrell, o Alto Representante da UE para a Política Externa

O Alto Representante da União Europeia para a Política Externa criticou esta segunda-feira a desinformação sobre a covid-19 por parte de meios “controlados pelo Estado russo” dirigida a países onde a Rússia tem interesse em “vender a sua vacina”.

“Os meios multilingues controlados pelo Estado russo troçam abertamente daqueles que desenvolvem as vacinas ocidentais”, afirmou Josep Borrell em mensagem no seu blogue, acrescentando que essas “narrativas são aparentemente dirigidas a países onde a Rússia quer vender a sua própria vacina, a Sputnik V”.

O chefe da diplomacia europeia enfatizou que “qualquer tentativa de instigar tais dúvidas infundadas ameaça a saúde pública” e advertiu que “organizações terroristas como o Daesh (o grupo extremista autodenominado Estado Islâmico) também usaram a confusão da situação da covid-19 para espalhar a sua própria propaganda”.

“Durante a infodemia de covid-19, temos visto quão generalizadas e o quão danosas as ingerências estrangeiras e a desinformação podem ser para a nossa segurança, democracia e sociedades”, disse.

No seu blogue, o chefe da diplomacia europeia destacou ainda que a desinformação “não é um desafio novo” e alertou que “alguns atores estatais, como a Rússia e a China, participam ativamente nessas atividades” para “minar e deslegitimar os sistemas democráticos e valores de liberdade, pluralismo e sobre os controles e equilíbrios em que se baseiam”.

O Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) tem equipas de trabalho para fazer seguimento da desinformação a favor do Kremlin e publicou a quinta edição do seu Relatório Especial sobre desinformação da covid-19 que, segundo Borrell sublinhou no seu blogue, “pode causar danos consideráveis durante uma crise de saúde global”.

Ainda esta segunda-feira, o diretor do Centro Gamaleya da Rússia, Alexandr Guintsburg, previu que uma vacina criada a partir da Sputnik V e da britânica AstraZeneca poderá proporcionar dois anos de imunidade contra a covid-19.

“Como resultado do uso de uma vacina híbrida de dois componentes, as células de memória vão formar-se muito melhor e a vacina obviamente vai proteger a pessoa vacinada não por três ou quatro meses, mas por pelo menos dois anos, embora precise de algum trabalho adicional para provar isso experimentalmente”.

Borrell destacou também o trabalho da UE contra a desinformação através de ferramentas como o Sistema de Alerta Rápido ou o Plano de Ação para a Democracia Europeia da Comissão Europeia, apresentado no início de dezembro, que “se entra na integridade das eleições, o pluralismo dos meios e a luta contra a desinformação”.

Ao mesmo tempo, expressou a confiança de que “as regras e respostas” da UE, como a Lei de Serviços Digitais e a Lei dos Mercados Digitais, apresentadas em 15 de dezembro pelo Executivo Comunitário, vão “proporcionar os instrumentos necessários para uma melhor responsabilidade, transparência e controlo das ações das plataformas” na luta contra a desinformação e a ingerência estrangeira.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.765.049 mortos resultantes de mais de 80,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

// Lusa

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