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“Mataram o gajo”. Mensagens no WhatsApp e mais queixas contra o SEF com Cabrita debaixo de fogo

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Mário Cruz / Lusa

Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, é ouvido, nesta terça-feira, no Parlamento para dar explicações sobre a morte do cidadão ucraniano Ihor Homeniuk nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no aeroporto de Lisboa. Uma audição que promete ser quente quando há notícias sobre mais queixas contra o SEF.

Eduardo Cabrita vai ser posto à prova pelos deputados numa altura em que muitos pedem a sua cabeça pela forma como foi gerido o caso da morte de Ihor Homeniuk, cidadão ucraniano que foi espancado por inspectores do SEF.

António Costa já manifestou “total confiança” no ministro, mas há vozes que continuam a insistir na sua saída. Até porque vão surgindo novos dados sobre o SEF que indicam que a agressão a Ihor não terá sido um caso isolado.

O jornal Público falou com vários advogados que alegam que clientes seus, imigrantes, terão também sido alvo de abusos às mãos de inspectores do SEF no aeroporto de Lisboa. Estes advogados falam em coacção, obstrução ao exercício do direito de defesa, intimidação e abuso de autoridade.

O jornal cita, em concreto, o caso da brasileira Laudiceia Lima, de 39 anos, que diz que esteve no centro de instalação temporária do SEF a 28 de Fevereiro passado e que garante ter vivido “uma terrível situação”.

A mulher diz ao Público que foi obrigada “a assinar declarações contra” a sua “vontade” e que “não correspondiam à verdade”.

Laudiceia Lima refere que foi “coagida” a assinar um documento onde notava que vinha trabalhar para Portugal, o que seria ilegal por não ter um visto para esse fim.

“É uma situação muito humilhante. Foi muito triste, muito lamentável. Ainda hoje choro quando falo nisso”, refere ao diário a cidadão brasileira.

O advogado de Laudiceia Lima, Macedo Dias, relata ao Público que fez queixa-crime ao Ministério Público (MP) e que denunciou o caso ao ministro da Administração Interna (MAI) a 27 de Março passado.

O MP já ouviu o advogado, mas não a sua cliente, enquanto o MAI não terá ainda dado qualquer resposta, como alega Macedo Dias.

O MAI “remeteu a queixa recebida ao SEF, pedindo explicações, a exemplo do que faz após analisar as queixas que lhe são dirigidas por advogados em representação dos seus clientes”, salienta o gabinete de Cabrita citado pelo Público.

“O sacana também se recusou a embarcar”

A investigação aberta pelo MP à morte de Ihor Homeniuk implica três inspetores do SEF que estão acusados de homicídio qualificado e de detenção de arma proibida.

O Correio da Manhã (CM) teve acesso ao processo e destaca que este inclui mensagens trocadas por funcionários do SEF num grupo do WhatsApp em que se referem à morte do cidadão ucraniano.

“O homem foi algemado com demasiada força e perdeu a circulação nos braços. Além de se ter mijado todo”, terá escrito um desses funcionários como transcreve o jornal.

“Olha, deu nisto. Mataram o gajo” e “o sacana também se recusou a embarcar” são outras das mensagens referidas.

“Pensava que tivesse sido algo que que algum de nós tivesse feito. Mas a culpa não foi de nenhum de nós, ainda bem. Que a culpa seja dos outros“, terá notado outro funcionário do SEF.

No processo consta ainda a indicação de um dos seguranças do aeroporto que terá afirmado que Ihor foi encontrado “parcialmente despido, sentado no chão ou num colchão”, “praticamente inanimado” e que “a sala cheirava mal”.

Cabrita dá o peito às balas no Parlamento

Eduardo Cabrita vai prestar explicações sobre o caso na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, depois de pedidos do PSD e da deputada não-inscrita Joacine Katar Moreira (ex-Livre).

Noves meses depois do alegado homicídio, a directora do SEF, Cristina Gatões, demitiu-se depois de ter dito que a morte resultou de “uma situação de tortura evidente“.

A demissão do MAI também tem estado em cima da mesa, com várias vozes a defenderem que não tem condições para continuar no cargo. O Bloco de Esquerda alega que Cabrita “perdeu as condições para o lugar que ocupa” e o CDS-PP defende que a eventual extinção do SEF é uma táctica do Governo para não responsabilizar politicamente o ministro.

Entretanto, está em marcha a reestruturação do SEF e o director nacional da PSP, Magina da Silva, veio revelar que se está a estudar a possível fusão entre a força policial o SEF.

Declarações que não agradaram a Cabrita que salientou que a reforma do SEF será anunciada “de forma adequada” pelo Governo “e não por um director de Polícia”.

O Presidente da República também comentou a restruturação do SEF, defendendo a necessidade de “um novo SEF”.

Por seu turno, o sindicato dos inspectores do SEF criticou Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que “extrapolou as suas competências” ao falar publicamente sobre a reestruturação e alertando que “os problemas não se resolvem com mudanças de ministros”.

SV // Lusa

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33 Comments

  1. Livraram-se do estado Novo, mas não se livraram da PIDE, Esta Instituição tipicamente Portuguesa apareça com novo nome, mas os tipos que lá trabalham, são da mesma laia de sempre. Agora meter-se na cabeça que eram 007 licença para matar, mas a cultura institucional de qualquer serviço estatal que seja autorizada de mandar em pessoas, sejam guardas prisionais, policias, magistrados, militares, que matam os soldados, na falta de inimigos, é patética e deve ser uma doença da Raça Portuguesa

  2. A doença tem nome: Chama-se Lealdade. Só que lealdade à coisa errada. Lealdade a pessoas, em vez de a Princípios. Quando uma sociedade é regida pela lealdade a pessoas, apodrece nas mãos de gente ruím, que prospera parasitando a lealdade dos outros. E isto mostra a quem permanece parvamente fiel a princípios que o crime compensa, fazendo portanto escola.
    É isto que faz Portugal ser o que é.
    Mas é difícil que seja diferente, pois os seres humanos são animais sociais para os quais a lealdade a pessoas é a atitude natural. Solução? Não sei. Talvez não haja. Talvez seja apenas uma questão de sorte, que o problema seja mitigado quando calha os lugares de topo serem ocupados por gente leal a princípios e que não está ali para fazer amigos. Utopia, portanto. Realisticamente, a única coisa que combate este cancro é a mexeriquice. Só se sabem as verdades quando as comadres se zangam. Ou então, quando chegam aos ouvidos de gente que não pertence a este círculo podre de amizade.

  3. E depois vem o sindicato dizer que estas situações acontecem por falta de meios, ou seja durante quase 48 horas se tortura um ser humano ate a morte! Que queria ele dizer com falta de meios? O problema é que antes 25 abril culpado era a ditadura pos 25 abril se encobrem uns aos outros independentemente da cor política….

  4. Em Portugal, infelizmente, existe muita falta de profissionalismo.
    Principalmente na função publica. E muito particularmente nas forças de segurança.
    Não é um mal exclusivo de Portugal mas existe muito disso por cá.
    E porque é que isto acontece?
    Porque existe muita gente com muito maus instintos e que desconhecem o significado da palavra EMPATIA.
    Somando a isto o medo de denunciar, até porque em Portugal normalmente o resultado é pior para o denunciante do que para o prevaricador porque a justiça também não funciona, e o corporativismo que se sobrepõem aos princípios, o resultado é este.

    Basta ver que nada aconteceu á diretora do SEF durante vários meses (até a CS pegar no caso e “bufar”), o ministro Cabrita também não se demite (até está convencido que a culpa não é dele. Nunca é) e o próprio primeiro-ministro também não o demite (porque é “amigo” dele).
    Acho que não é difícil de entender…

    PS:O facto de termos um governo de esquerda (extrema na minha opinião) cujos princípios de desresponsabilização são por demais conhecidos também não ajuda.

  5. Sem dúvida que tudo indica que o/os agentes do SEF terão feito algo incompreensível e quem o fez deve ser julgado e punido por isso no tribunal e não na opinião pública.
    Quanto a evitar este tipo de abusos e abusos do comum dos mortais era muito fácil, equipar os polícias com câmeras, como já existe em algumas forças policiais noutros paises, assim facilmente se veria quem tem razão, traria maior segurança para o cidadão e para os agentes de autoridade que só queiram cumprir com as suas funções.

    • Com camaras, nos EUA, matam inocentes desarmados… e alguns nem sequer são acusados!…
      Mas concordo que seria uma mais valia (e será uma questão de tempo).

  6. Acho graça a esta classe politica, quando estão no governo recusam que os seus sejam chamados áA.R. quando são oposição querem e exigem que os outros vão á A.R. só palhaçada que vejo na A.R. e os contribuintes a pagarem e bem a estes 230 inuteis que estão na A.R. vão todos lember sabão.

  7. Isto é pior que no tempo da PIDE e é pior pela simples razão de que as pessoas ao contrário do que se possa pensar são cada vez mais mal formadas e é disto acima de tudo que se trata, aliado a um Estado que perdeu autoridade e onde cada um atua consoante o seu instinto. Se o título de doutor, engenheiro ou com galões sobre os ombros (recai) num filho da mãe de má espécie, acontece o que aconteceu a este cidadão ucraniano. Antes tínhamos um ditador que o era por ser um anticomunista assumido, agora temos centenas deles que se servem do Estado para praticar a lei a seu gosto porque o mesmo é impune e indolente para com este estado de coisas.

      • Pois é o filme da realidade atual, prepotência quanto baste onde certos senhores com um poder qualquer se imaginam donos disto tudo num Estado que perdeu autoridade e comando e enveredou pelo caminho do desleixo, os resultados estão à vista!

        • A realidade actual é: “isto é pior que no tempo da PIDE…”??
          Bem… se achas que é, das duas, uma: ou eras do regime ou não fazes a mínima ideia do que era a PIDE!…
          O SEF existe desde 1974 (46 anos) e este é o único caso de uma morte no SEF, portanto, todo esse drama e exageros valem o que valem!…

          • A PIDE era o que era, não estou aqui a servir de juiz para a defender, mas muito menos a malandragem que era do contra ao serviço do KGB, esses bem conhecidos por milhares ou milhões de torturados e mortes.

  8. Vivemos num país de horrores, e dizem á boca cheia que é um país mais seguro do mundo!!!!!!!!!!!!!!!!!??????
    Mas por causa de uma pequena discussão se mata um amigo ou outra;
    Por causa de partilhas se mata;
    O pai mata filho, filho mata pai;
    Netos roubam, matam e violam avós;
    Marido mata mulher e mulher mata marido:
    Por 10€ hoje se mata;
    Por discussão acidente de Viação se mata;
    Agressões e assassinatos todos os dias;
    Hoje agride-se e mata-se Forças de Segurança:
    Hoje se mata e se corta aos bocados e manda-se a cabeça para o mar e outras partes por ai as despejam, malditos abutres e Hienas..
    Hoje passa-se com carro por cima de um humano não importa quem, seja ir de que raça ou estrangeiro;
    E DIZ O MAI QUE É O PAÍS MAIS SEGURO DO MUNDO!!!!!!!!!??????
    TENHA JUIZO, SÓ QUE DAMOS GUARITA A TODOS BANDIDOS, E ASSIM ESTÃO QUIÉTINHOS.

    • E isto tudo porque quem deve dar amor mas também exigir respeito perdeu o direito de o fazer, caso de um pai, se der uma bofetada num filho corre o risco de ficar sem ele, um professor nem pensar em tocar num aluno, pior ainda, cada vez um professor sairá mais mal formado porque o próprio ensino já caminha nessa direção, perdeu-se o direito ao respeito e há ordem, é cada qual por si e safe-se quem puder. Quando cá foi 0 25 de Abril vivia eu em França e pensei, Portugal tem uma grande hipótese de entrar num regime democrático se não entrarem em euforias e caminhar por um caminho mais seguro, olhando eu ao que se passava já em França nessa altura, desilusão completa, passado pouco tempo já a libertinagem por cá caminhava a uma velocidade maior do que por lá, portanto tudo perdido, viram-se fora da gaiola e voaram à-toa! Os jovens hoje estudam, mas não têm formação moral compatível com os anos que passam nas escolas.

      • Mais uma da saga de “o mundo está condenado”, “a juventude está perdida”, “antigamente é que era: havia respeito, educação, formação, etc, etc”…
        Esse “mundo perfeito” de que tu tens saudades ainda existe… na Coreia do Norte!!

        • Tu consegues ser sempre o mais esperto do grupo! No teu caso no antigamente tudo era mau e agora é tudo bom, no meu é que se deveria ter aproveitado o que havia de bom, cultivá-lo em vez do espezinhar e não ter passado a um estado de libertinagem, onde a corrupção, a irresponsabilidade e a falta de respeito são a base da cultura atual.

  9. Acontecimentos destes são inqualificáveis num Estado de direito, se queremos ser um país europeu civilizado isto não pode acontecer! Esses senhores inspetores ( com comportamentos selvagens) são uma vergonha, uma desonra nacional, devem ser punidos SEVERAMENTE, isto mancha a imagem do nosso país além fronteiras!

  10. Mas o Cabrita não se demite?!!!!!! Isto é mesmo reles. No mínimo punha de imediato o seu lugar à disposição. É vergonhoso tudo isto e demonstra bem que esta gentalha não tem onde cair quando não está no governo.

  11. Mas que raio de vigilantes são estes?! Devem ser do tipo do “vigia ai, para ver se vem lá alguém, enquanto eu faço aqui esta selvajaria”. Mas isto são seres humanos ou bichos?! E ainda por cima desculpam-se uns aos outros com coisas do tipo: ainda bem que nós não fomos apanhados e culpam os outros, eu até só atei uma pessoa com fita-cola, eu só dei uns murros e empurrões, eu sabia de tudo mas só estava a fazer o meu trabalho, eu só ganho 600 euros, coitadinho de mim tão inocente que sou. Esta empresa nunca mais devia trabalhar para entidades públicas. Que vão vigiar animais. Estes vigilantes também devem responder perante a justiça. É por causa deste tipo de porreirismos que estamos condenados a ficar nas caudas e excluídos de sermos um pais desenvolvido.

  12. Para o EU! Estou a dar muito menos voltas para desculpar o antigo regime do que tu dás para te fazeres passar por um democrata escondendo a tua verdadeira veia comunista.

  13. Frustados com farda não faltam. Depois dá nesta triste miséria. Noutros tempos ignorantes envergavam farda mas pelo menos tinham respeito pela humanidade do próximo.

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