Fungos, ácaros e bactérias que “podem ser tóxicas” foram detetados no Brasil em misteriosas embalagens de sementes enviadas pelo correio para centenas de residências e de origem desconhecida.
O Ministério da Agricultura explicou, em comunicado, que se suspeita que os pacotes tenham sido enviados de quatro países asiáticos. O Governo está a considerar a possibilidade de os embarques estarem relacionados a uma fraude de comércio online.
Segundo as autoridades brasileiras, desde agosto, foram recebidos 258 pacotes de sementes em 25 dos 27 estados do país. Normalmente, os produtos chegam juntamente com outras compras feitas pela Internet.
“Quando o risco é desconhecido, o risco é máximo. Pedimos à população que não plante esta semente”, disse José Luís Vargas, diretor da Direção de Serviços Técnicos do Ministério, que também pediu que as embalagens não fossem abertas.
Por sua vez, o secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal, alertou que o produto “pode apresentar risco de toxicidade para pessoas ou animais domésticos”, pelo que pediu que “não fosse manuseado”.
As sementes estão a ser analisadas no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária do Brasil e prevê-se que haja uma análise definida do produto em 30 dias.
As autoridades asseguram que não há elementos que confirmem que se trata de uma ação intencional que prejudica a agricultura do país.
Esta não é a primeira vez que pessoas recebem misteriosas embalagens com sementes que não encomendaram. Durante os meses de verão, dezenas de residentes dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Taiwan e Austrália relataram ter recebido pacotes de sementes da China que não tinham encomendado. As fotografias mostram sementes de diferentes tamanhos, formas e cores em envelopes brancos ou amarelos.
As autoridades dos Estados Unidos foram particularmente severas nos seus alertas, nos quais avisaram as pessoas que não deveriam plantar as sementes. No entanto, nem todos seguiram as recomendações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que disse que as sementes poderiam cultivar espécies invasoras que ameaçam plantações ou animais.
Também o Ministério da Agricultura português pediu que, caso os cidadãos recebam estas sementes, não as semeiem nem as deitem ao lixo. Para além das sementes de várias espécies, as embalagens podem conter solo, larvas mortas ou estruturas de fungos.
Em setembro, a sub-diretora da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), Paula Carvalho, disse que as sementes que estão a chegar a casa de pessoas que não as encomendaram podem não passar de uma estratégia comercial – sem qualquer intenção de bioterrorismo. Contudo, estas sementes podem, mesmo assim, ser prejudiciais para a Saúde Pública e para o ambiente.