Sobre as presidenciais, Manuel Alegre nada diz. No entanto, admite não ter gostado de ouvir António Costa apoiar uma eventual recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.
“Como Ana Gomes, não gostei do que se passou na Autoeuropa. As regras têm de ser respeitadas fora e dentro do partido. Irei conversar com ela”, declarou Manuel Alegre em declarações ao jornal Público, depois de António Costa ter apoiado, ainda que indiretamente, uma eventual recandidatura de Marcelo à Presidência da República.
O histórico do PS disse ao diário que não gostou de ouvir Costa porque é preciso respeitar as regras dentro do partido.
Lembrando que “também não há nenhuma declaração formal do PS, nem podia haver”, Alegre disse que, “segundo a Constituição, os candidatos apresentam-se e são propostos por um mínimo de 7500 cidadãos eleitores. O partido pode ou não apoiar através de decisão democrática dos órgãos próprios. No PS sempre foi assim”.
Sobre a eventual candidatura de Ana Gomes à Presidência, Manuel Alegre nada tem a dizer: “Ainda não há candidatos. Não sei quem vou apoiar”, afirmou.
No passado dia 13, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa visitaram a Autoeuropa e, na hora dos discursos, o primeiro-ministro lembrou que, em 2016, no primeiro mandato do Presidente, tinham visitado a fábrica juntos, e que, agora, voltava a visitar a fábrica na companhia do chefe de Estado, no último ano do mandato de Marcelo.
“Proponho que a data para a terceira visita seja para o ano, no primeiro ano do segundo mandato do Presidente da República”, disse António Costa.
A declaração causou desconforto e indignou Ana Gomes, que, depois destas declarações, afirmou que está a ponderar uma eventual candidatura a Belém.
Para a ex-eurodeputada, o episódio foi “lamentável, deprimente mesmo”. “Nunca se viu. O lançamento do Presidente da República ser anunciado numa fábrica de automóveis por alguém que nem sequer estava na qualidade de dirigente partidário, mas na qualidade de primeiro-ministro”, afirmou.
Ana Gomes também criticou o presidente do PS, Carlos César, pelas suas declarações ao Público, em que remeteu o congresso previsto para este ano para depois das eleições presidenciais, acusando-o de falar com “uma leviandade paternalista insuportável”.
Costa é um líder partidário bom, um homem do aparelho, conhecedor da máquina partidária e pragmático no diálogo e no estabelecimento de consensos com outras forças políticas. Mas nunca foi um primeiro-ministro de grande rasgo. E nunca será um estadista.
Não fazendo futurologia só tenho a dizer que depois de esgotados os mandatos do Marcelo, o próximo Presidente da República será, sem a menor dúvida, o atual PM António Costa.