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Portugal tem há cinco dias os mesmos 43 recuperados. DGS e especialistas explicam porquê

Miguel A. Lopes / Lusa

Portugal regista, desde o passado dia 27 de abril, os mesmos 43 recuperados da Covid-19, segundo os boletins epidemiológicos diários da Direção-Geral da Saúde.

Questionado pela agência Lusa sobre a estagnação no número de altas hospitalares nos últimos cinco dias, o subdiretor-geral da Saúde revelou que as pessoas infetadas com o novo coronavírus podem demorar até quase um mês a recuperar completamente.

Diogo Cruz explicou que o novo coronavírus pode persistir na orofaringe das pessoas infetadas além do período médio de 14 dias, podendo ser detetável até aos 21 ou 28 dias, mesmo que os pacientes já não apresentem sintomas.

Segundo o subdiretor-geral da Saúde, é expectável que a evolução dos casos recuperados seja mais lenta, porque o período durante o qual o vírus se mantém positivo é variável e, em alguns casos, prolongado, mesmo que a recuperação sintomática seja rápida.

Diogo Cruz acrescentou que o número apresentado nos boletins epidemiológicos da DGS não reflete o número de doentes assintomáticos, sendo apenas consideradas recuperadas as pessoas que apresentem dois testes negativos num intervalo de pelo menos 24 horas.

“Estamos a viver uma situação excecional em relação àquilo que é o habitual. Um doente com uma pneumonia que do ponto de vista clínico tem alta considera-se tratado, que não é aquilo que nós estamos a viver ao dia de hoje, porque sabemos que este vírus permanece na orofaringe dos pacientes muito tempo, mesmo após já estarem completamente assintomáticos”, explicou o mesmo responsável da DGS.

Prioridade na realização de testes

Especialistas ouvidos pelo jornal Público acreditam que, neste momento, Portugal tem mais do que quatro dezenas de doentes curados, explicando estes que a estagnação dos números pode estar relacionada com a prioridade dada à realização dos testes: isto é, neste momento, pode ser mais importante detetar novos casos do que confirmar altas.

“Não sei qual é o problema real que justifica que o número se mantenha nos 43, mas acredito que serão múltiplas razões (…) Ninguém vai desperdiçar duas amostras neste momento para o critério de cura”, disse ao jornal o pneumologista Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a covid-19.

Filipe Froes recorda também a necessidade de se obterem dois testes negativos para que um paciente possa ser considerado como curado.

No entender do especialista, estes casos podem estar paralisados só por falta de atenção a este grupo. “A prioridade tem de estar no diagnóstico dos novos casos, na implementação das medidas de contenção dos novos casos e no tratamento dos casos graves”, considerou o mesmo responsável.

No passado domingo, a ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu que os registos podem “estar a ser enviesados por algum atraso temporal” no que respeita às altas.

ZAP // Lusa

 

 

 

 

 

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