Fronteiras fechadas, encontros cancelados, turistas afastados e até beijos desaconselhados. Estes são alguns dos mais recentes danos colaterais causados pelo novo coronavírus oriundo da China, que já matou mais de 3.000 pessoas.
À medida que mais casos confirmados vão sendo anunciados um pouco por todo o mundo, as consequências desta pneumonia viral vão também crescendo.
Esta segunda-feira, Grécia e Hungria anunciaram que vão fechar por tempo indefinido as suas fronteiras a migrantes e refugiados que procuram entrar no país devido ao coronavírus, escreve o Business Insider, dando conta que os húngaros não têm ainda nenhum caso confirmado, ao passo que a Grécia tem, pelo menos, sete.
Itália continua a registar quebras no turismo, que representa 12% da economia italiana (146 mil milhões de euros por ano). O setor, que ainda não se tinha recuperado das enchentes de novembro – um das maiores dos últimos anos -, continua a ser fustigado.
Comerciantes ouvidos pelo Wall Street Journal contam que, desde meados de janeiro, os turistas chineses desapareceram, situação que piorou depois do surto de coronavírus que atingiu o norte de Itália. Atualmente, há 29 mortes registadas no país.
“Após meses muito difíceis, a semana foi extremamente difícil. O que farei se a situação se mantiver assim até à Páscoa? Ou até ao verão? Não tenho a certeza que me encontrarão aqui dentro de algumas semanas”, desabafou ao jornal norte-americano Francesco Molinari, proprietário de um bar tradicional de vinhos em Veneza.
Esta cidade italiana, que todos os anos é procurada por milhões de turistas e que vive muito deste setor, está a sofrer com o novo coronovírus: há cada vez menos turistas nas ruas e as reservas continuam a ser canceladas.
“É absurdo e inconcebível (…) A vida segue normalmente aqui [em Veneza], apesar das enchentes e do vírus”, disse o gondoleiro Roberto Nardin ao WSJ, frisando que o pânico associado à pneumonia viral é exagerado.
França bane encontros, Louvre encerrado
Também a França está a tomar medidas para evitar a propagação do coronavírus. Tal como escreve a revista norte-americana Time, o Governo de Emmanuel Macron proibiu todos os encontros públicos em espaços fechados que envolvam mais de 5.000 pessoas.
O ministro da Saúde francês, Olivier Veran, que anunciou a proibição destes encontros após uma série de reuniões do Executivo no sábado passado, disse ainda que as pessoas devem evitar-se cumprimentar-se com apertos de mãos ou beijos.
O museu do Louvre, em Paris, permanece encerrado depois de os seus funcionários, preocupados com a epidemia do Covid-19, votarem pelo direito de retirada do trabalho, disse Christian Galani, funcionário do Louvre e representante sindical.
Os funcionários do Louvre, o museu mais visitado do mundo, já haviam exercido este mesmo direito no domingo. O direito de retirada do trabalho pode ser exercido, segundo o Código do Trabalho, quando um trabalhador considera que a sua situação de trabalho apresenta “um perigo grave e iminente para a sua vida ou saúde”.
“O Louvre é um local fechado, que recebe mais de 5.000 pessoas por dia, há uma preocupação real da parte dos funcionários”, indicou Galani, ainda no domingo.
O Louvre não foi abrangido pelas medidas anunciadas, mas a direção assegurou estar a aplicar “todas as medidas preconizadas pelas autoridades competentes para proteger os funcionários e os visitantes” colocando em quarentena os que estiveram em zonas de risco e com a aplicação de conselhos de higiene para evitar a propagação do vírus.
No ano passado, o Louvre recebeu 9,6 milhões de visitantes.
Redução drástica da poluição
As consequências do Covid-19 chegaram também ao ambiente. Imagens da agência espacial norte-americana (NASA) e da Agência Espacial Europeia (ESA) mostram uma redução significativa nos níveis de poluição por dióxido de azoto (NO2) sobre a China.
A NASA afirma, numa nota publicada no Earth Observatory, que é possível que a mudança registada nas imagens de satélites se deva, pelo menos em parte, ao abrandamento da economia associado à epidemia do novo coronavírus.
A redução nos níveis de dióxido de azoto, “um gás nocivo emitido por veículos a motor, centrais de energia e unidades industriais”, começou a notar-se inicialmente perto da cidade de Wuhan, o epicentro do vírus, espalhando-se em seguida por todo o país.
O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou pelo menos 2.980 mortos e infetou mais de 87 mil pessoas, de acordo com dados reportados por 60 países.
Das pessoas infetadas, mais de 41 mil recuperaram.
Além de 2.873 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas. Portugal tem dois casos positivos registados, não havendo registo de mortes.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”. A Direção-Geral da Saúde manteve o risco da epidemia para a saúde pública em “moderado a elevado”.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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