A China reportou esta quinta-feira 254 novas mortes e 15.152 novos infetados em 24 horas pelo novo coronavírus, designado Covid-19, num aumento recorde que resulta de uma alteração na metodologia da contagem.
O número total de mortes pelo surto, inicialmente detetado em dezembro passado, fixou-se esta quinta-feira em 1.367, enquanto o número de casos confirmados ascendeu a 59.804, em todo o território chinês.
A província de Hubei, de onde o vírus é originário, registou, nas últimas 24 horas, 242 mortos, mais do dobro em relação ao dia anterior. Também o número de infetados ultrapassou em quase dez vezes os casos reportados na quarta-feira. Foram registados mais 14.840 novos casos da infeção na província, fixando o total em mais de 48 mil.
O novo método de contagem inclui “casos clinicamente diagnosticados”, mas que não foram ainda sujeitos a exame laboratorial e, portanto, ausentes até agora das estatísticas.
Segundo a AFP, isso significa que as imagens de pulmão em casos suspeitos podem ser consideradas suficientes para diagnosticar o vírus, ao invés de testes padrão de ácido nucleico.
De acordo com a Comissão de Saúde de Hubei, a mudança significa que os pacientes podem receber tratamento “o mais rápido possível” e ser “consistentes” com a classificação usada em outras províncias.
Os atrasos no diagnóstico do vírus podem ser significativos, já que muitos pacientes aguardam até uma semana pelos resultados dos exames em laboratório, que são enviados para Pequim.
A Comissão de Saúde de Hubei acrescentou que fez a mudança “à medida que a compreensão da pneumonia causada pelo novo coronavírus se aprofunda e à medida que se acumula experiência em diagnóstico e tratamento”.
Permitir que os médicos diagnostiquem diretamente os pacientes permitirá que mais pessoas recebam tratamento, inclusive em vários hospitais construídos de raiz em Wuhan especificamente para o tratamento de infetados com o Covid-19.
Detetado primeiro caso em Londres
Uma mulher que chegou a Londres num voo procedente da China é o primeiro caso de contágio do novo coronavírus Covid-19 detetado na capital britânica, anunciou esta quarta-feira Chris Whitty, consultor médico do governo britânico.
A mulher, que contraiu o vírus na China e com os sintomas a manifestarem-se após aterrar no aeroporto de Heathrow, vai ser internada no hospital St. Thomas de Londres, que possui instalações próprias para o tratamento de doenças infecciosas.
Em simultâneo, o Ministério da Saúde britânico indicou que as 83 pessoas que se mantinham em quarentena no hospital Arrowe Park nos arredores de Liverpool (norte de Inglaterra) podem abandonar as instalações na quinta-feira e após duas semanas de internamento por precaução.
O empresário britânico Steve Walsh, considerado a fonte de contágio de 11 casos de Covid-19 no Reino Unido, França e Espanha após ter participado num congresso em Singapura, recebeu alta hospitalar.
Um porta-voz do Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS, na sigla em inglês) afirmou que Walsh, 53 anos, recebeu alta após os dois testes com 24 horas de diferença terem dado resultado negativo, recuperando por completo da sua doença. Os seus sintomas “eram leves, já não é contagioso e não supõe um risco para o resto dos cidadãos”, assinalou esse porta-voz.
Mais um jornalista chinês desaparecido
Depois do jornalista Fang Bi, desde 6 de fevereiro que não há notícia de Chen Qiushi, um cidadão chinês que ficou famoso após ter feito a título individual a cobertura dos protestos em Hong Kong e da crise do coronavírus.
Num dos vídeos mais recentes, este cidadão, descrito como advogado e ativista, diz estar “com medo” “À minha frente está o vírus. Atrás de mim o poder jurídico e administrativo da China”.
Num vídeo partilhado a 30 de janeiro, Chen descreveu o que viu nas visitas a hospitais cheios de pacientes doentes, a maioria deles em tanques de oxigénio e muitos deitados no corredor. “Enquanto estiver vivo, falarei sobre o que vi e o que ouvi. Não tenho medo de morrer. Por que razão eu deveria ter medo de ti, Partido Comunista?”, disse Chen Qiushi, no vídeo.
A mãe de Chen Qiushi pediu ajuda para encontrar o filho através das redes sociais e foi informada pela polícia que o jornalista teria sido colocado de quarentena. No entanto, ninguém sabe onde está nem a razão pela qual permanece incontactável.
Mais jornalistas são suspeitos de serem ameaçados de ficarem isolados em quarentena pelas autoridades locais.
Os desaparecimento intensificaram o debate sobre a repressão e a censura no país. A população está cada vez mais revoltada, sobretudo depois da morte do médico Li Wenliang, que alertou para o coronavírus e que foi acusado pela polícia de “espalhar rumores”.
Primeira localidade sob quarentena no Vietname
Uma localidade com dez mil habitantes, perto de Hanoi, foi colocada de quarentena por receio de uma propagação do novo coronavírus, na primeira medida do tipo no Vietname, foi anunciado esta quinta-feira.
De acordo com o Ministério da Saúde vietnamita, a aldeia foi “colocada sob quarentena” de 20 dias, depois de cinco casos de Covid-19 terem sido identificados em Son Loi, situada na província de Vinh Phuc, a cerca de 30 quilómetros a noroeste de Hanoi.
“Estamos todos bloqueados na localidade e trabalhamos nos nossos arrozais e hortas”, mas isto vai afetar um grande número de habitantes com “empregos no exterior, como operários”, indicou um residente Tran Van Minh, contactado telefonicamente pela agência de notícia France-Presse. De acordo com o mesmo habitante de Son Loi, “uma mulher infetou a família e os vizinhos”.
O Vietname conta atualmente com 15 casos confirmados da doença, surgida em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei, no centro da China.
Número de infetados no cruzeiro no Japão sobe para 218
O número de infetados com o novo coronavírus a bordo do cruzeiro Diamond Princess subiu para 218, anunciou esta quinta-feira o Governo japonês, que mantém em quarentena no navio atracado ao largo do país.
Há mais de uma semana que mais de 3.600 pessoas, entre passageiros e tripulantes, estão em quarentena a bordo do navio, atracado ao largo do porto de Yokohama, a sul de Tóquio, por decisão do Governo japonês que pretende assim evitar novas infeções no país.
O ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato, indicou que há mais 44 infetados a bordo, depois de terem sido realizadas novas análises em 221 pessoas. Kato acrescentou que os idosos a bordo com análises negativas vão poder sair do navio antes do fim do período de quarentena, previsto para 19 de fevereiro. Estas pessoas ficaram alojadas no Japão, num local específico escolhido pelo Governo.
Entre os 44 novos casos de infeção contam-se 43 passageiros e um tripulante. Um dos responsáveis pelas operações de quarentena também ficou infetado pelo vírus.
Covid-19 não deverá passar de mãe para filho no útero
Cientistas chineses publicaram esta quarta-feira um estudo na revista The Lancet no qual afirmam que não há para já evidência de que o novo coronavírus seja passado de mãe para filho através do útero na fase final da gravidez. Os investigadores analisaram nove gravidezes, sendo que todas resultaram em nados vivos, embora em duas delas tenha havido sofrimento fetal (diminuição de oxigenação para o feto, geralmente antes do parto).
Em seis das gravidezes foram recolhidas amostras para análise do líquido amniótico, do cordão umbilical e amostras respiratórias de recém-nascidos. Todas as análises resultaram negativas para o novo coronavírus.
O estudo constatou ainda que os sintomas de infeção pelo novo coronavírus em gestantes são semelhantes aos relatados nos restantes adultos, sendo que nenhuma das mulheres estudadas desenvolveu pneumonia grave ou morreu.
Os autores alertam contudo que o estudo é baseado num número ainda limitado de casos e durante um período curto de tempo, em que se incluíram apenas mulheres com gravidezes no final do tempo e que tiveram partos por cesariana.
Os efeitos nas grávidas no primeiro e segundo trimestre de gestação e as consequências para os recém-nascidos permanecem ainda incertos, desconhecendo-se também se o vírus pode ser transmitido entre mãe e filho durante um parto vaginal.
O estudo surge depois de notícias que davam conta de um recém-nascido, filho de uma mãe infetada com o Covid-19, que 36 horas depois do parto deu positivo para o novo coronavírus. Isto levantou questões sobre se haveria transmissão uterina do vírus. Os investigadores avisam que o caso concreto daquele recém-nascido tem muitos dados clínicos em falta, não se podendo afirmar de forma definitiva se a transmissão intrauterina é ou não possível.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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