João Tocha, o homem que o líder do PSD escolheu para fazer parte da sua comunicação, é maçon, avança a revista Visão esta quinta-feira.
Em declarações à Visão, João Tocha, iniciado no Grande Oriente Lusitano (GOL), onde pertence à Loja Lusitânia, admite que é maçon desde 1991, mas diz nunca ter falado sobre o assunto com Rui Rio, que nos últimos dias tem criticado a maçonaria.
“Nem eu admito que se entre nesses campos. Nunca escondi que pertenço à maçonaria, e não escondo, mas não vamos misturar as coisas”, afirmou.
O consultor de comunicação, que trabalhou com Rui Rio desde os tempos da Câmara Municipal do Porto, diz compreender as declarações de Rui Rio. “É natural, se o dr. Rui Rio sente que há qualquer coisa de errado, que o diga. Eu não misturo conceções filosóficas com política partidária, se não, não estaria na Maçonaria, estariam num partido a militar”.
“Não me incomodam nada estas declarações, percebo onde ele quer chegar. O dr. Rui Rio sente que há estruturas organizadas, que há planos para minar… mas isso não é a Maçonaria. Nas lojas, há uma máxima que é a de ser proibido tratar política partidária e eu cumpro à risca essa máxima”, disse, em declarações à Visão.
Maçonaria contra adversários
No início do mês de dezembro, recorde-se, Rui Rio disse que a maçonaria “está um pouco por todo o lado” e a tentar “condicionar a sociedade portuguesa”, atribuindo a essa organização motivações obscuras e pouco transparentes.
As declarações de Rio referiam-se à entrevista de Paulo Mota Pinto publicada no semanário Expresso e na qual o jurista, professor e político remeteu para o presidente do PSD mais esclarecimentos sobre os alegados “interesses obscuros“, que querem dominar o partido, na sequência de declarações relativas à candidatura de Luís Montenegro.
Questionado sobre o assunto, Rui Rio admitiu perceber a referência de Paulo Mota Pinto e respondeu: “Quando estou a falar de interesses secretos, obscuros, pouco transparentes, estou-me a referir claramente à maçonaria“.
Esta quarta-feira, no primeiro frente-a-frente entre os candidatos à liderança do PSD – Rui Rio, Luís Montenegro e o vice da Câmara de Cascais Pinto Luz -, o líder social democrata voltou a apontar baterias à maçonaria. “Eles os dois [Montenegro e Pinto Luz] são conhecidos como sendo da maçonaria. Na maçonaria há pessoas por quem tenho todo o respeito, mas não consigo compreender como no pós-25 de Abril há necessidade de haver obediência secretas que não são devidamente escrutinadas”, afirmou Rio, no debate.
Na resposta, Montenegro assegurou que não pertence nem pertenceu à maçonaria e comparou Rio a um náufrago que “se agarra a uma boia furada”. “Você faz julgamentos com base em notícias, que é o contrário do que defende”, disse, citado pelo jornal Público.
Já Pinto Luz admitiu ter pertencido a esta entidade “quando tinha 20 e picos anos”, mas disse já ter saído há mais de dez anos. “Nunca me senti limitado na minha liberdade. Com a mesma liberdade que entrei, foi com a que saí, desde que tenho cargos públicos que não pertenço”, afirmou.