Mesmo quando não é solicitada, a Siri pode estar a ouvir as nossas conversas privadas. Um trabalhador da Apple expôs a situação ao jornal The Guardian, mostrando preocupações com a falta de privacidade e transparência.
Em declarações ao The Guardian, um whistleblower alegou que os trabalhadores da Apple responsáveis pelo controlo de qualidade da Siri, frequentemente ouvem as conversas privadas das pessoas, mesmo quando a assistente de voz não é requisitada.
Algumas das gravações ouvidas são gravadas por engano, explica o jornal britânico. Uma das tarefas dos trabalhadores é verificar se a assistente de voz está a ser ativada deliberada ou acidentalmente pelo utilizador. Entre as gravações não intencionadas, por vezes são ouvidos negócios de droga, detalhes médicos e relações sexuais.
A Apple garante que os dados são usados para “ajudar a Siri e os comandos de voz a entender melhor e reconhecer” aquilo que estamos a dizer. No entanto, a empresa não confirma que este trabalho é feito por trabalhadores que ouvem as conversas privadas das pessoas.
Um whistleblower, que trabalha para Apple, mostra-se preocupado com esta falta de transparência da empresa, principalmente tendo em conta a quantidade de gravações não intencionadas que é recolhida.
“Hey, Siri” é o comando de voz necessário para ativar a assistente de voz, mas pelo que o The Guardian apurou, o simples som de um fecho de umas calças ou de um casaco pode, por vezes, ativar a assistente da Apple por engano.
Ainda mais preocupante, segundo as informações que chegaram ao jornal britânico, é o Apple Watch. Em muitos casos, apesar de o utilizador apenas falar uns meros segundos com a Siri, a gravação pode chegar até aos 30 segundos — continuando a gravar muito para além do que era suposto.
O Macworld sugere que os utilizadores possam escolher se querem que as suas gravações sejam usadas para controlo de qualidade do serviço, levando assim a um maior respeito pela privacidade das pessoas.
Ainda em abril deste ano, a Alexa, a assistente de voz da Amazon (e os seus funcionários), também foi exposta por estar sempre a ouvir as conversas dos utilizadores.
“Essas informações ajudam-nos a treinar os nossos sistemas de reconhecimento de voz e compreensão da linguagem natural, para que a Alexa possa entender melhor as suas solicitações e garantir que o serviço funcione bem para todos“, afirmou um porta-voz da empresa na altura.
A revelação das equipas humanas a trabalhar com gravações Alexa pode despertar preocupações com a privacidade, mas a empresa norte-americana disse que têm rígidas garantias técnicas e operacionais.