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Demissão de adjunto “é pouco”. Oposição pressiona Eduardo Cabrita

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Tiago Petinga / Lusa

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita

Depois da demissão do adjunto, o secretário de Estado está na mira da oposição. Eduardo Cabrita cancelou a agenda pública para esta terça-feira.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) foi responsabilizada pela compra das golas inflamáveis, um adjunto do secretário de Estado demitiu-se; e o PSD e o CDS aumentaram o tom do pedido de responsabilidades. Perante uma segunda-feira atribulada, do Governo só se ouviu silêncio.

Nenhum responsável do Ministério da Administração Interna (MAI) falou sobre o caso, ao contrário do que aconteceu no fim de semana, sublinha. Eduardo Cabrita tinha marcada para esta terça-feira a inauguração do novo Centro Distrital de Operações de Socorro de Almeirim, que entretanto desmarcou, argumentando com dificuldades de agenda.

Além disso, o Público tentou obter uma explicação do secretário de Estado, José Artur Neves, sobre o facto de ter responsabilizado a ANEPC pela compra das golas antifumo, e não o seu adjunto, Francisco Ferreira, que acabou por se demitir, mas sem sucesso.

Além do silêncio do MAI, é de salientar que, no domingo à noite, Eduardo cabrita defendeu, numa cerimónia no Barreiro, que os incêndios “não devem servir para conflitualidades pré-eleitorais nem para controvérsias estéreis”, ++ escusado-se, no final, a responder às perguntas dos jornalistas.

De acordo com o diário, este é mais um episódio de mal-estar entre a ANEPC e o MAI. Ao que o Público apurou, caiu mal naquela entidade o facto de o secretário de Estado ter descartado responsabilidades no caso da compra das golas e ter dito que “o processo foi desenvolvido pela Proteção Civil”, quando, na verdade, esteve envolvido desde início o seu adjunto, que indicou as empresas que foram contactadas para fornecerem as golas.

Até ao momento, Francisco José Ferreira foi a única baixa no Governo, que se demitiu sem necessitar dos resultados do inquérito urgente pedido por Eduardo Cabrita à Inspeção-Geral da Administração Interna.

Mas, para a oposição, não chega. Rui Rio considerou o caso das golas antifumo “gravíssimo” e defendeu que o técnico-adjunto de Artur Neves não terá “responsabilidade em tudo”. Desta forma, considerou o líder do PSD, se tudo o que tiver sido noticiado nos últimos dias estiver correto, a demissão do adjunto não significa que “tudo fique resolvido”.

“Aquilo que já temos em cima da mesa é que há uma empresa constituída há muito poucos meses e que se dedica ao setor do turismo e que vende golas para usar durante os incêndios que são elas próprias inflamáveis”, salientou. Rio, citado pela Lusa, lembrou ainda que a empresa tem ligação a “um familiar de uma autarca do PS” e que as golas são vendidas a “preços superiores àqueles que são os preços de mercado”.

Para o CDS, a demissão de Francisco Ferreira também sabe a pouco, pelo que quer ir “mais longe e mais alto” no apuramento de responsabilidade.

Telmo Correia, deputado centrista, considerou que o adjunto de Artur Neves não pode ser o “bode expiatório disto tudo”. O caso não pode acabar no “técnico especialista, que é autarca ou dirigente do PS local, com a profissão de padeiro [a profissão anterior de Francisco Ferreira, segundo a Sábado, que terá trabalhado numa pastelaria do irmão em Vila Nova de Gaia]”. “Parece-me muito pouco“, atirou.

ZAP //

4 Comments

  1. “A culpa é do Passos Coelho”
    Os arautos do PCP/PAN/BE, já devem ter ido de férias ,local aonde enfiaram a cabeça e o pescoço na areia .

  2. Acho que nunca até hoje esta música fez tanto sentido. Depois da empresa que mamou no estado à custa das golas e de agora se saber que a empresa do filho do Secretário de Estado também tem andado a mamar no Estado só me ocorre uma música… que por acaso até mete o Cabrita.

    https://www.youtube.com/watch?v=wFpbhooe6Ns

  3. Se eu fosse Presidente da República, já tinha falado ao Zé Povo e tinha demitido o governo.
    De tudo que tem vindo a público no decorrer da legislatura (só o que tem vindo a público), justificava essa tomada de posição, isto independentemente de ser o Partido do poder, a formar nova ou igual coligação.
    Quem tem medo não veste a pele.

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