O tribunal distrital de Tóquio aceitou o pedido de liberdade sob fiança do ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn, noticiaram os órgãos de comunicação social japoneses.
Detido há três meses na capital nipónica, Carlos Ghosn poderá sair em liberdade ainda durante o dia de hoje, caso o Ministério Público japonês não apresente novo recurso. O montante da fiança foi fixado em mil milhões de ienes (cerca de oito milhões de euros).
A aceitação do terceiro pedido de fiança de Ghosn surgiu um dia depois de um dos advogados ter afirmado estar confiante de que o antigo responsável da construtora automóvel Nissan ia conseguir ficar em liberdade. O advogado recém-contratado, Junichiro Hironaka, é conhecido por ter conseguido que vários clientes tenham sido absolvidos no Japão, onde a taxa de condenações é de 99%.
Na segunda-feira, Hironaka afirmou ter proposto novas formas de monitorizar Ghosn após a libertação sob fiança, como vídeovigilância. Hironaka questionou também o fundamento da detenção de Ghosn, num caso que considerou “muito peculiar”, sugerindo que podia ter sido resolvido como um assunto interno da empresa.
No Japão, os suspeitos ficam em detenção provisória durante meses, frequentemente até ao início dos julgamentos. Os procuradores defendem que os suspeitos podem alterar provas e não devem ser libertados. Os dois pedidos de fiança, apresentados pelos advogados de Ghosn, foram negados.
O empresário franco-brasileiro de origem libanesa Carlos Ghosn, de 64 anos, foi detido em novembro em Tóquio por suspeitas de fraude fiscal e de quebra de confiança.
Nascido no Brasil, descendente de libaneses e cidadão francês, Carlos Ghosn foi presidente da Nissan Motor Co e da aliança formada por Nissan, Renault e Mitsubishi Motors. O gestor foi interrogado na capital japonesa após uma investigação a alegadas violações financeiras, no âmbito das quais terá declarado rendimento inferior ao real.
A Nissan Motor Co confirmou, à época, que Carlos Ghosn estava a ser investigado pela empresa “há vários meses”. As investigações estavam ligadas a “má conduta” de Ghosn e Greg Kelly.
ZAP // Lusa