O Ministério Público japonês acusou oficialmente o ex-presidente da Nissan de ocultar rendimentos da empresa durante um período de cinco anos.
De acordo com a agência Kyodo e o canal público NHK, o Ministério Público responsabiliza também a Nissan, uma vez que foi a empresa a apresentar os relatórios às autoridades.
Carlos Ghosn, detido em Tóquio há três semanas, foi entretanto demitido como presidente da Nissan e também das mesmas funções na empresa japonesa Mitsubishi. Além de Ghosn foi também detido o seu principal colaborador, o norte-americano Greg Kelly.
Nascido no Brasil, descendente de libaneses e cidadão francês, Carlos Ghosn foi presidente da Nissan Motor Co e da aliança formada por Nissan, Renault e Mitsubishi Motors. O gestor foi interrogado na capital japonesa após uma investigação a alegadas violações financeiras, no âmbito das quais terá declarado rendimento inferior ao real.
A Nissan Motor Co confirmou, à época, que Carlos Ghosn estava a ser investigado pela empresa “há vários meses”. As investigações estavam ligadas a “má conduta” de Ghosn e Greg Kelly.
“A investigação demonstrou que, durante muitos anos, tanto Carlos Ghosn como Greg Kelly declararam valores de compensação financeira no seu relatório à Bolsa de Tóquio que eram inferiores aos números reais“, segundo o texto da companhia franco-japonesa.
“Também em relação a Ghosn, foram descobertos muitos outros atos significativos de má conduta, como a utilização de bens da companhia para uso pessoal”. Devido a estas denúncias, a direção do grupo Nissan propôs ao conselho de administração a destituição “sem demora” de Ghosn e Kelly das suas funções.
Entretanto, quando foram detidos, as ações da Renault tiveram a maior queda na Bolsa de Paris, tendo caído 8,43%. Os títulos chegaram a cair 14,1% durante o dia, mas recuperaram parte da forte desvalorização.