A Guarda Nacional Bolivariana, a polícia militar da Venezuela, deteve 41 pessoas, incluindo um português e um luso-descendente, que se encontravam perto da Praça Altamira, no leste de Caracas, onde um grupo de manifestantes tentava impedir a circulação de viaturas com barricadas na estrada.
As detenções tiveram lugar na noite de sexta-feira e, segundo residentes, entre os detidos encontra-se um português de 56 anos de idade, que na altura não tinha na sua posse documentos de identificação. Alegadamente, o português não tinha nada a ver com a manifestação e foi detido quando chegava a casa.
Segundo as fontes foi também detido um luso-descendente, Jacinto Gonçalves, que alegadamente observava os manifestantes e teria sido levado para o Forte de Tiuna, a principal base militar de Caracas.
Entretanto, o canal estatal Venezuelana de Televisão noticiou que entre os 41 detidos, encontram-se “oito estrangeiros procurados por terrorismo internacional”.
O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa confirmou, na sua conta do Twitter, que os guardas nacionais “atacaram e roubaram o equipamento de trabalho a pelo menos dois jornalistas estrangeiros” que se encontravam no local, incluindo a fotógrafa italiana Francesca Commissari.
Segundo o diário El Universal, familiares dos detidos denunciaram que os guardas nacionais lhes roubaram os telemóveis.
Há 17 dias que se registam protestos em várias localidades da Venezuela, entre manifestações pacíficas e actos de violência que provocaram pelo menos 18 mortos, 261 feridos e mais de 500 detidos.
Os protestos começaram a 12 de fevereiro, com uma marcha pacífica de estudantes contra a insegurança, mas intensificaram-se nesse mesmo dia, quando confrontos entre manifestantes, forças de ordens e alegados grupos armados, provocaram a morte de três pessoas.
As manifestações persistem apesar de os venezuelanos terem por tradição viajar até localidades do interior do país para celebrar o carnaval.
/Lusa