De acordo com o relatório elaborado pela Comissão Técnica Independente (CTI), a presença do chefe do Exército no local dos fogos “veio reforçar o papel propagandístico do apoio” dos militares “às populações”, enquanto a do comandante naval “pode ter dado algum tipo de dividendos políticos à Marinha”.
O relatório entregue na quinta-feira ao Parlamento pela CTI, presidida pelo ex-reitor da Universidade do Algarve, João Guerreiro, conclui que as Forças Armadas também tiveram a sua quota de responsabilidade no incêndio que vitimou mortalmente 65 pessoas.
“A evidente procura de protagonismos setoriais foi uma evidência da não existência de uma verdadeira e adequada coordenação a nível superior” no Comando Nacional de Operações de Socorro “com o oficial de ligação” das Forças Armadas, que intervêm nos fogos em apoio e sob a autoridade da ANPC, avança o Diário de Notícias.
O relatório aponta expressamente Rovisco Duarte, chefe do Estado-Maior do Exército, e o comandante naval (Marinha), Gouveia e Melo, como responsáveis, uma vez que, no caso de Rovisco Duarte, por exemplo, que compareceu no local acompanhando Azeredo Lopes, ministro da Defesa, “veio reforçar o papel propagandístico do apoio às populações”.
Já o aparecimento de Gouveia e Melo, vice almirante, no local “pode ter dado algum tipo de dividendos à Marinha do ponto de vista político mas é negativo para as Forças Armadas e para o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas “, conclui o relatório.
Sobre os antecedentes da participação das Forças Armadas na luta contra os fogos, o texto afirma que elas “fazem-no em ações de prevenção, combate e rescaldo, mas lamentavelmente em modo que contraria os princípios que norteiam a instituição militar”.
E o relatório continua: “onde deve haver planeamento, preparação, treino e ação conjunta tem havido muita ausência destes princípios“, por exemplo visível na “total ausência” da Marinha nessas ações “até há bem pouco tempo”.
Incêndio em Pedrógão Grande
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“Relatório de Pedrógão conclui que militares procuraram protagonismo e propaganda”