Deputado do Partido Republicano declarou oficialmente o seu apoio à candidata democrata. E provavelmente não será o único, depois de Trump ter expulsado um bebé que estava a chorar de um comício.
O deputado Richard Hanna tornou-se o primeiro republicano a romper com o seu partido durante as eleições, anunciando que vai apoiar a rival Hillary Clinton, escreve o New York Times.
Segundo o jornal, há muito que o congressista tinha confirmado que não ia apoiar Donald Trump mas agora confirmou oficialmente que está do lado da candidata democrata.
Hanna considera que o magnata “não está preparado” para servir o partido republicano nem o país, sobretudo depois do ataque contra o casal de muçulmanos que perdeu o filho na guerra.
Khizr e Ghazala Khan participaram na última noite da convenção nacional do Partido Democrata, que aconteceu em Filadélfia na semana passada.
O americano, de origem paquistanesa, atacou Trump num discurso emocionado sobre o filho, que perdeu a vida, em 2004, graças a um carro-bomba no Iraque.
Khizr afirmou que, se dependesse do candidato republicano, o seu filho não teria sequer entrado nos Estados Unidos, já que pretende impedir a entrada de muçulmanos no país.
Respondendo às críticas, Trump aproveitou-se do facto da esposa ter ficado calada e de não ter dito nada durante o discurso.
“Se olhar para a mulher dele, ela estava lá em pé. Não tinha nada a dizer… Talvez não tenha sido autorizada a ter algo a dizer. Diga-me você”, afirmou o magnata em entrevista à ABC.
Num artigo de opinião no The Washington Post, Ghazala Khan respondeu ao republicano, considerando que é um “ignorante quando fala do Islão” e que não conhece o significado da palavra “sacrifício”.
Por isso, face a esta polémica, mais uma para juntar ao currículo de Trump, o congressista diz ter ficado “espantado com a insensibilidade dos seus comentários”.
“Eu acho que Trump é uma vergonha nacional. Será mesmo esta a pessoa a quem os americanos querem dar os códigos nucleares?”, questionou Hanna.
O deputado diz que discorda em várias coisas com Hillary Clinton mas que irá votar nela de qualquer maneira. “Manteve-se fiel a causas maiores do que ela própria durante toda a vida. Isso importa”, declarou.
Novo alvo do republicano são os bebés
O candidato republicano mostrou ontem mais uma das suas facetas, ao expulsar, num comício em Virginia, um bebé cujo choro o estava incomodar.
Trump começou por interromper o discurso com um comentário bem humorado, dizendo a todos os que estavam na sala para não se preocuparem.
“Não se preocupem com o bebé. Eu adoro bebés. Eu ouço esse bebé a chorar e gosto. Que bebé bonito”, disse inicialmente.
“Na verdade, estava a brincar. Pode tirar o bebé daqui“, afirmou logo de seguida.
“Eu acho que ela acreditou quando eu lhe disse que gosto de ter um bebé a chorar enquanto estou a falar”, atirou com ironia.
Todos contra Trump
Esta terça-feira, o ainda presidente Barack Obama voltou a atacar o candidato republicano, considerando que este está “terrivelmente mal preparado” para assumir a liderança dos EUA.
“Acho que o candidato republicano não é qualificado para servir como Presidente”, declarou o líder americano, durante uma conferência de imprensa em Washington.
“Disse isto na semana passada. Ele continua a provar isso”, insistiu Obama, recordando a polémica com o casal de origem muçulmana.
Também o chefe de Estado francês, François Hollande, considerou repugnantes “os excessos” do candidato republicano.
Num encontro com jornalistas em Paris, o presidente francês disse que os “excessos fazem querer vomitar, mesmo nos Estados Unidos, sobretudo quando fala mal de um soldado, da memória de um soldado”.
Num tom mais recatado, o Kremlin também já negou que o presidente russo, Vladimir Putin, tenha tido contactos com o magnata americano, apesar da troca de elogios mútua.
“Já dissemos muitas vezes. O Presidente Putin nunca teve contacto com o Trump. Nunca conversou com ele, nem por telefone”, disse Dmitry Peskov, diplomata russo, em declarações ao canal norte-americano NBC, segundo os meios de comunicação russos.
Lamentou ainda o facto dos “ataques à Rússia serem frequentes durante as eleições norte-americanas”, referindo-se às acusações da envolvência no ataque pirata aos e-mails do Comité Nacional Democrata.
As eleições nos Estados Unidos acontecem no próximo dia 8 de novembro.
ZAP / Lusa
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