Em 15 dias, foram transferidos 73 milhões das contas da petrolífera estatal Sonangol no private banking do Eurobic, em Lisboa, para uma empresa de Isabel dos Santos, avança o Correio da Manhã esta terça-feira.
De acordo com o matutino, a empresa angolana tinha duas contas no Eurobic em Portugal, uma em dólares e uma outra em euros para levar a cabo transferências.
No espaço de duas semanas, houve movimentações “frenéticas” nas contas, passando o saldo destas de 73 milhões para 308 dólares e 52 cêntimos.
O CM associa estas movimentações aos últimos dias de Isabel dos Santos à frente da empresa angolana. A notícia de que o Presidente João Lourenço exonerou a filha do anterior chefe do Estado foi avançada nas primeiras semanas de novembro de 2017.
A primeira transferência (1,6 milhões) deu-se a 15 de novembro de 2017 e no mesmo dia foram transferidos mais 11,9 milhões para a Matter Solutions, empresa de Isabel dos Santos sediada no Dubai. No dia seguinte, Nuno Ribeiro Cunha, diretor do Private Banking do Eurobic, dá aval para mais mais três transferências de 38,1, 15,3 e 4,3 milhões.
Contas feitas, em apenas dois dias “voaram” das contas do banco 71,4 milhões de dólares.
Ainda de acordo com o Correio da Manhã, caíram “de forma surpreendente” na conta da Sonangol em euros 66 milhões de euros a 17 de novembro, que ficaram no banco.
Questionado pelo jornal, fonte do Eurobic disse que nada de errado aconteceu, uma vez que a Sonangol é uma entidade sancionada pelo Banco Central Europeu e a conta [em causa] podia ser movimentada por Isabel dos Santos”.
Portugal já recebeu pedidos de colaboração
O jornal Público escreve esta terça-feira que a Procuradoria-Geral da República já recebeu vários “pedidos de cooperação” por parte da justiça angolana no âmbito do caso Luanda Leaks, que apontou alegados esquemas financeiros que envolvem Isabel dos Santos.
A PGR portuguesa vai dar “seguimento aos pedidos de cooperação judiciária internacional em matéria penal”, disse o organismo que é presidido por Lucília Gago ao jornal.
Na semana passada, recorde-se, o Procurador-Geral da República de Angola, Hélder Pitta Grós, reuniu-se com a sua homóloga portuguesa em Lisboa por causa do caso.
Nesta segunda-feira, Isabel dos Santos anunciou que vai processar o consórcio de jornalistas que divulgou os 715 mil documentos dos Luanda Leaks. “Refuto as alegações infundadas e afirmações falsas e informo que tomei os passos necessários para processar o ICIJ e os seus parceiros”, lê-se no comunicado citado pela agência Reuters.
A informação de que Isabel dos Santos pretende processar o consórcio de jornalistas surge no mesmo dia em que os advogados do hacker português Rui Pinto assumiram que é ele o responsável pela divulgação dos documentos que estão na origem do caso Luanda Leaks.