O ministro das Infraestruturas e Habitação recusou, esta sexta-feira, que houvesse “chantagem” sobre os trabalhadores da TAP para aceitarem as medidas voluntárias, mas admitiu que há cerca de 500 pessoas identificadas para despedimento coletivo.
Numa entrevista à SIC Notícias, Pedro Nuno Santos explicou que “o despedimento coletivo é uma necessidade que se enquadra no plano de reestruturação”, salientando que “neste momento há um conjunto de perto de 500 trabalhadores que estão identificados” para esse processo, mas “ainda há tempo para optarem pelas medidas voluntárias”.
“Não é uma questão de chantagem, é o que é. É que a empresa precisa desesperadamente de uma redução de efetivos e uma redução drástica de custos, porque teve uma travagem brusca da atividade”, justificou o ministro.
“A verdade é que estamos a passar por uma situação muito difícil para os trabalhadores e é natural que um processo que visa a redução de efetivos não seja fácil e seja interpretado de forma muito diferente pelos trabalhadores”, disse ainda.
“A empresa está entre a espada e a parede e a necessidade de reduzir o pessoal tem apenas como objetivo permitir que a empresa se salve”, garantiu.
O governante referiu ainda que, por outro lado, já foi enviada a 6240 trabalhadores “uma carta de conforto dizendo que neste momento não está em causa a sua permanência da empresa”.
Quanto ao apoio de 462 milhões de euros aprovado esta sexta-feira pela Comissão Europeia para a TAP, o ministro disse que a companhia “precisa de caixa enquanto as negociações [para a aprovação do plano de reestruturação por Bruxelas] estão a decorrer”.
Pedro Nuno Santos afirmou ainda que é sua expectativa “que o plano de injeção previsto no plano de reestruturação possa ser cumprido”, prevendo cerca de mil milhões de euros para este ano.
Questionado sobre o atraso neste processo, o ministro disse que “as negociações estão a correr bem”, mas lembrou que a Comissão Europeia está a gerir “vários processos”.
Apesar de não avançar com nomes, o ministro das Infraestruturas afirmou ainda que os novos órgãos sociais da empresa deverão ser conhecidos nas próximas semanas. Na altura certa, haverá “uma equipa para implementar o plano de restruturação“, declarou.
Questionado sobre a situação da Groundforce, Pedro Nuno Santos deixou alguns recados, tendo declarado que a empresa de handling “precisa de acionistas que tenham capacidade de financiar a empresa”.
“Objetivamente, o sócio da TAP na Groundforce [Alfredo Casimiro] não tem essa capacidade”, afirmou, citado pelo jornal online Observador.
“Um privado que quer ter uma empresa, tem de ter dinheiro para a ter. Não pode é querer ter uma empresa com o dinheiro dos portugueses. Pelo menos comigo isso não vai acontecer. Ninguém vai ficar com a TAP se não tiver dinheiro para a deter, e ninguém vai ter a Groundforce se não tiver dinheiro para a deter“, sublinhou o ministro.
O governante disse ainda que a companhia aérea “não tem condições para injetar dinheiro na Groundforce e por isso não o vai fazer” e disse que não pode garantir que os salários de maio vão ser pagos porque “nem sequer somos o dono maioritário da empresa”.
“Não podemos garantir isso. A TAP foi suportando a Groundforce para lá daquilo que podia”, declarou.
Esta quinta-feira, ficou a saber-se que a TAP apresentou um resultado líquido negativo de 1230 milhões de euros em 2020, contra um prejuízo de 106 milhões de euros em 2019, segundo dados enviados à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Em 2020, a TAP voltou ao controlo do Estado, que passou a deter 72,5% do seu capital, depois de a companhia ter sido severamente afetada pela pandemia de covid-19 e de a Comissão Europeia ter autorizado um auxílio estatal de até 1.200 milhões de euros à transportadora aérea de bandeira portuguesa.
ZAP // Lusa
O primeiro a ser sinalizado para ser despedido é o próprio ministro. A TAP já esteve privatizada. Foi o ministro e o governo que puseram o ónus financeiro a cargo dos portugueses.
Sem duvida!!! Já acredito que as empresas deficitárias são de grande interesse para os nossos políticos visto permitir branquear e desviar fortunas associando a défices da empresa…. E quanto maior a empresa melhor.
Caberia aos privados resolver o problema da TAP, mas esta seita governativa quis que voltasse para o Estado e sermos todos nós a pagar esta desgraça. Grande governação, esta.
Continua o calvário na TAP. O contorcionismo da administração é de tal ordem que, para não dar o braço a torcer, vai de decisão em decisão até à derrocada final.
Devem ser 500 que não pactuam com xuxialismo!
E o mais importante que os trabalhadores portugueses, pagadores de impostos, querem saber é quais são as condições que a TAP – que está sem dinheiro e precisa da ajuda do Estado – está oferecer aos seus trabalhadores que aceitem rescindir por acordo (medidas voluntárias), quando a maioria dos portugueses nas empresas privadas recebem e nem sempre, as más condições previstas no Código do Trabalho e de acordo com a sua antiguidade. Para aqui se falar em “chantagem” é de presumir que as “medidas voluntárias” sejam mais favoráveis do que as condições do despedimento coletivo, que remeterá para as condições do Código do Trabalho. É esta discriminação (positiva), com dinheiros do Estado, que é muito censurável, quando são os “pobres” trabalhadores a contribuir, em grande parte com os seus impostos, para estes ganhos de alguns, já de si privilegiados em muitas outras condições de trabalho.