“Foi uma vergonha”. PS em choque com saída de Jamila e com o poder de Temido

25

Tiago Petinga / Lusa

A saída de Jamila Madeira do cargo de secretária de Estado Adjunta e da Saúde, a pedido da ministra Marta Temido, deixou alguns socialistas “arrepiados” e há um desconforto interno com a situação. É mais uma pedra no sapato de António Costa.

A inclusão de António Costa na Comissão de Honra da recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica, tanto mais quando o dirigente desportivo é um dos acusados da Operação Lex, motivou muitas críticas ao primeiro-ministro.

Dentro do PS tratou-se de defender o governante, notando-se a sua condição de cidadão e de adepto benfiquista como a causa daquele apoio a Vieira. Mas, agora, há muitos socialistas que consideram que Costa não esteve à altura na forma como permitiu a exoneração de Jamila Madeira a pedido de Marta Temido.

“Só mostra que o primeiro-ministro se desinteressou pela gestão do Governo e do PS”, analisa um dirigente do PS em declarações ao Correio da Manhã (CM).

Sobre a saída de Jamila Madeira, “é incompreensível”, considera ao jornal Sol o ex-ministro da Saúde socialista Adalberto Campos Fernandes.

Foi uma vergonha o que se passou, o tratamento do ministério em relação à Jamila é incompreensível”, acrescenta outra fonte do PS ouvida pelo CM.

Contudo, outro dirigente socialista repara ao CM que “a reacção de Jamila para a imprensa foi deselegante, veio desencadear mais uma polémica”.

Depois da exoneração, Jamila Madeira fez questão de sublinhar que não pediu para sair e que ficou “muito surpreendida com a opção da senhora ministra da Saúde”.

Já Marta Temido veio notar que as “remodelações devem ser encaradas com normalidade”, justificando que pretendeu apenas “afinar métodos de trabalho e aprofundar resultados, independentemente de quem ocupou os lugares”.

“Choque de personalidades” e invasão de competências

Quanto aos motivos da ruptura entre Marta Temido e Jamila Madeira, o Expresso fala num “choque de personalidades”.

Jamila desafiava a ministra, que lhe invadia competências”, nomeadamente “ao chamar responsáveis de áreas da sua tutela sem a consultar”, acrescenta o semanário.

O CM fala também de “um choque entre a então secretária de Estado e a ministra, por razões pessoais ou do foro técnico“.

“A relação nunca correu bem, não chegaram a olear a máquina para que uma puxasse pela saúde e a outra pelas contas (a gestão do SNS, a relação com os hospitais e as PPP estavam a cargo de Jamila)”, aponta ainda o Expresso.

O que é certo é que “a forma como tudo aconteceu “arrepiou” alguns dirigentes”, destaca o semanário.

O caso provocou uma “divisão interna difícil de sarar”, segundo o CM, até porque não é muito habitual que uma ministra que chegou ao Governo como independente acabe a exonerar uma figura que faz parte do aparelho socialista, tendo “subido” no partido desde os tempos em que foi líder dos “jotinhas”.

Este facto também “caiu mal em sectores do PS”, aponta o Expresso, até porque a situação é encarada como um “reforço de poder” para Marta Temido em plena pandemia.

Temido nunca foi uma figura consensual no seio do PS e chegou a apontar-se que teria o lugar a prazo. Com a exoneração de Jamila Madeira “ganhou mais alguns anticorpos entre socialistas”, conclui o Expresso.

Por outro lado, a popularidade da ministra da Saúde entre os portugueses cresceu muito à custa da pandemia. Num recente índice de reputação que analisa a relação emocional com os cidadãos, Marta Temido surge entre as “marcas mais relevantes” a par de Cristiano Ronaldo ou de Galp, Google e Continente.

ZAP //

 

25 Comments

  1. O PS não está chocado com o apoio de um primeiro ministro a LFV mas está chocado com a remodelação de uma secretária de estado. E há quem vote neste partido!!!!

    • Também fiquei surpreso. No entanto coloco uma questão, por isto vou dizer mal do governo? A propósito de quê e para que? Para nos roubarem outra vez os salários e cortar neles? Para nos levar de novo ao pão e água?

      • Só se esquece que foi cortar a torto e a direito porque o governo do PS que os antecedeu deixou o país de rastos. Atravessamos uma das maiores crises financeiras da história mundial com o país de rastos. Ok, podem ter exagerado em algumas coisas, e também se saíram mal com comentários infelizes. Alguns ministérios não foram bem geridos mas não havia dinheiro. Não venha agora com essa teoria do bicho papão da direita. Não importa a direita ou esquerda, importa é a governação. O PS precisa dos outros partidos e vice-versq. Cumprimentos

  2. Neste processo (remodelação) penso que nenhuma das partes se saiu bem, nem a ministra, nem a secretária, nem o PM nem, fundamentalmente, o PS. As divergências devem ser tratadas internamente, não na praça pública.
    É a minha opinião.

  3. Assim se vê que esta classe política toda ela não está na política pelo bem público mas pelo tacho, tiraram-lhes o tacho vem para praça publica queixar-se, se fossem todos lamber sabão faziam melhor figura.

    • Assim não convencem ninguém, de que são diferentes dos fascistas!
      Se mostraram alguma diferença, foi porque o Centeno queria chegar a capitalista, chegando ao BdeP e porque era uma Geringonça e mesmo assim, só beneficiaram os patrões e funcionários públicos, porque os verdadeiro trabalhadores, só ficaram a perder!

  4. O que esperavam? Há que defender a troupe de políticos(as) que nunca fizeram nada na vida, a não ser prescindir às crianças PS, aos adolescentes PS, à juventude PS e serem deputados(as) PS, tal como dos outros partidos, que se alimentam de quem trabalha e produz efetivamente e paga impostos para alimentar essa gente.

  5. O problema de tudo isto é que esta ministra não é ministriável. E isso é desde logo um problema. Ninguém aceitava ser lacaio do Centeno e assim arranjou-se alguém que se sujeitasse à orientação Centeno.
    Depois, é apenas o somatório de inpacidades e frustações de más medidas, fora de tempo, incapacidade de gerir um ministério onde este governo nada conseguiu fazer.

  6. Vejamos…
    Uma ministra. Uma nova Séc. de Estado imposta pelo Costa na última remodelação, uma estrela em ascensão no PS.
    As personalidades não jogam e a ministra exige a saída.
    Qual o problema? Para xuxas aparelhelistas é um ultraje porque “a nossa malta” está acima de tudo.
    A ministra metia-se nas competências da Sec. Estado?! Grande lata! Os Sec. Estado são apenas ajudantes dos ministros, não têm vontades próprias, ora essa! E só pode haver um rei da matilha, não dois.
    Parece-me mais a velha história de mulher a trabalhar com mulher… Acaba muitas vezes mal.

  7. O que me incomoda, e muito, é o primeiro ministro da extrema esquerda + o camarada Marcelo, passarem a vida na TV. Cada vez que ligo a TV, lá vêm os dois com conversa que já me chateia até ao tutano. Mas este governo não tem ministros, secretários de estado, etc, que falem dos assuntos que lhes dizem respeito? Ou, os outros dois são especialistas generalistas?

    • Sem dúvida que a TV em Portugal é mais do mesmo se falamos da SIC por exemplo é Baião, Marcelo e Costa, por esta ordem, todo o santo dia não há nada de novo e interessante até enjoa.

  8. A ministra Temida que só fala fala fala e nada diz… Achava a Jamila com mais potencial que ela e vingou-se !! Em Portugal é assim…afastam-se as pessoas quando não convém ! Olha-se para a Temida e vê-se logo a estirpe de pessoa!!

    • Tal e qual…infelizmente e para mal do país é assim nos cargos publicos…os superiores hierarquicos deitam a baixo de quem têm medo que sejam melhores do que eles…depois acaba por ficar so a incompetencia…

  9. Alguém se lembra da polémica que a deputada Jamila Madeira patrocinou quando era da Juventude Socialista, creio que numa eleição qualquer em Setúbal?
    Será que tentou chutar a ministra para fora e a jogada saiu-lhe furada?

  10. Que queria a Secretária de Estado? Subir a ministra?
    Como este, tem havido dezenas ou centenas de casos de Secretários de Estado substituídos em remodelações ministeriais. Era só o que nos faltava, cada um dos que saem sem terem sido ouvidos vir para a praça pública carpir mágoas e lamentações.
    Ou o PM havia-lhe prometido contrato de longo termo, válido para a legislatura? Que classe política nós temos, com tanta falta de classe!

  11. Só não entendo como é que a ministra tem poderes para demitir a secretária de estado? Acho bem que esta tenha vindo a público defender-se. Quem cala consente!!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.