O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, garantiu um aumento das exportações de eletricidade para a União Europeia (UE), de forma a ajudar a Europa a resistir “à pressão energética russa”.
“Estamos a preparar-nos para aumentar a nossa exportação energética para servir os consumidores da UE. Apesar da guerra, nós garantimos que a rede elétrica da Ucrânia ficaria ligada a toda a Europa, em tempo recorde”, assegurou Zelenskyy, na sua habitual comunicação noturna, em vídeo.
Na passada terça-feira, a UE e Kiev discutiram opções para aumentar a cooperação energética, perante um possível corte no fornecimento de gás da Rússia, em resposta às sanções impostas pelo organismo europeu devido à invasão russa da Ucrânia.
A comissária europeia da Energia, Kadri Simson, lembrou que a UE tem contribuído para garantir o aumento dos fluxos de gás com a Ucrânia até ao final do ano e garantiu que o organismo europeu está “preparado para facilitar a sua expansão”.
O ministro ucraniano do setor da energia, German Galushchenko, realçou que o seu país pode aumentar a eletricidade que exporta para a UE e substituir parcialmente o gás russo que pode deixar de circular.
Mísseis da Bielorrússia atingem Chernihiv
Mais de dez mísseis disparados da Bielorrússia atingiram a região de Chernihiv no início desta quinta-feira. O governador regional, Viacheslav Chaus, disse que “mais de dez” mísseis foram disparados por volta das 05:00 – uma informação corrigida uma hora mais tarde para “mais de 20”. Não há informações sobre vítimas.
O autarca informou que foram danificados edifícios residenciais e escolas, tendo atingido ainda a Universidade de Construção Naval.
Ainda durante a manhã desta quinta-feira Rússia terá atingido uma infraestrutura na região de Kiev, segundo autoridades ucranianas. O governador regional da capital, Oleksiy Kuleba, indicou através do Telegram que um ataque com foguete foi lançado no distrito de Vyshgorod, ao norte da capital.
⚡️Governor: Russia strikes infrastructure in Kyiv Oblast early on July 28.
According to Kyiv Oblast Governor Oleksiy Kuleba, Russian forces struck an infrastructure object in one of the communities in Vyshhorodsky District north of the capital.
— The Kyiv Independent (@KyivIndependent) July 28, 2022
Entretanto, na quarta-feria à noite, o conselheiro sénior de Zelenskyy, Oleksiy Arestovych, disse que as forças russas estão a concretizar uma “mobilização maciça” de tropas para três regiões do sul da Ucrânia, no que parece ser uma mudança de tática de Moscovo. A Rússia estará a enviar tropas para as regiões de Melitopol, Zaporizhzhia e Kherson, afirmou, em entrevista à televisão ucraniana.
Arestovych avisou que o objetivo russo será o de colocar a Ucrânia numa posição “em que somos incapazes de libertar todo o nosso território e pedir negociações” de paz. “Putin enviou um exército para a Ucrânia para recriar a União Soviética”, acrescentou.
O responsável referiu ainda, citado pelo Guardian, que a operação ucraniana para libertar Kherson “já começou”, depois de atacar a principal rota de abastecimento russa através da ponte Antonivskiy para a cidade a sul do país ocupada pelos russos.
“Não importa o quanto o inimigo ultrapasse forças e recursos na margem ocidental do Dnieper, as Forças Armadas da Ucrânia vão deixá-los sem depósitos de munição, combustível, comunicações e comando, e depois limparão os remanescentes de suas forças”, apontou.
De acordo com o Ministério da Defesa do Reino Unido, a contra-ofensiva da Ucrânia em Kherson está a ganhar força.
“A Ucrânia usou sua nova artilharia de longo alcance para danificar pelo menos três das pontes sobre o rio Dnipro, das quais a Rússia depende para abastecer as áreas sob seu controlo. O 49º Exército da Rússia está estacionado na margem oeste do rio Dnipro e agora parece altamente vulnerável”, indicou, no balanço habitual.
“Da mesma forma, a cidade de Kherson, o centro populacional politicamente mais significativo ocupado pela Rússia, agora está praticamente isolada dos outros territórios ocupados. A sua perda prejudicaria severamente as tentativas da Rússia de pintar a ocupação como um sucesso”, continuou.
Latest Defence Intelligence update on the situation in Ukraine – 28 July 2022
Find out more about the UK government’s response: https://t.co/Uxf7cRQ29Q
🇺🇦 #StandWithUkraine 🇺🇦 pic.twitter.com/K9dClLZ1f1
— Ministry of Defence 🇬🇧 (@DefenceHQ) July 28, 2022
Estes relatos são desmentidos por Kirill Stremousov, líder da autoproclamada administração da área ocupada na região. “Todas as histórias sobre contra-ofensivas bem-sucedidas de ‘Ukronazi’ [termo referente a “ucranianos nazis”] na região de Kherson são puras mentiras”, escreveu no Telegram.
1.ª conversa Blinken-Lavrov nos “próximos dias”
O chefe de diplomacia dos Estados Unidos (EUA), Antony Blinken, revelou que terá “nos próximos dias” a primeira conversa com o homólogo russo, Sergei Lavrov, desde o início da invasão da Ucrânia. Será por telefone e focar-se-á na situação dos norte-americanos detidos na Rússia e a retoma das exportações ucranianas de cereais.
O secretário de Estado norte-americano especificou durante uma conferência de imprensa que “não será uma negociação sobre a Ucrânia”.
Na “mesa” estará agora o acordo entre Kiev e Moscovo, assinado na semana passada em Istambul para permitir o escoamento de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais presos nos portos ucranianos.
Desde que o acordo foi firmado, os ucranianos têm alertado que não confiam em Moscovo e relataram ataques russos à região de Odessa. O Kremlin, pelo seu lado, tem defendido que não vê obstáculos à retoma das exportações, que estão também dependentes da retirada das minas marítimas colocadas pelas forças ucranianas.
Também na quarta-feira, um centro de operações que vai coordenar a circulação dos navios de cereais ucranianos foi inaugurado em Istambul, na Turquia, com representantes turcos, russos e ucranianos.
Outro assunto prioritário para a Casa Branca é a libertação de Paul Whelan e da basquetebolista Brittney Griner, que segundo Blinken estão detidos “injustamente” e deviam poder voltar para casa.
A CNN noticiou ainda que a administração de Joe Biden está disposta a trocar um traficante de armas russo condenado pelos dois cidadãos. No potencial acordo, Viktor Bout, que cumpre uma pena de 25 anos numa prisão norte-americana, seria trocado por Griner e Whelan.