Tropas norte-coreanas retiradas da linha da frente em Kursk: terão sofrido “muitas baixas”

KCNA

Norte-coreanos não são vistos no campo de batalha há três semanas, de acordo com relatórios: terão sido retiradas, possivelmente, devido à “ocorrência de muitas baixas”.

As forças norte-coreanas destacadas para apoiar a Rússia na Ucrânia terão sido retiradas da linha da frente após terem sofrido “muitas baixas”, avança o Serviço Nacional de Informações (NIS) da Coreia do Sul esta terça-feira.

A retirada de cerca de 10 mil soldados norte-coreanos destacados para a região de Kursk verificou-se  “em meados de janeiro”, disse o NIS à agência noticiosa AFP, com a confirmação da agência noticiosa sul-coreana Yonhap e de fontes ucranianas e norte-americanas do The New York Times.

A retirada deve-se provavelmente a baixas substanciais, embora os pormenores ainda estejam a ser investigados. “Uma das razões pode ser a ocorrência de muitas baixas, mas os detalhes exatos ainda estão a ser monitorizados”, disse a agência de espionagem.

Uma análise militar ucraniana de sexta-feira, citada pelo Al Jazeera, reforça que a retirada ocorreu após uma série de pesadas baixas entre as tropas norte-coreanas, e sublinha que as forças ucranianas terão capturado ou matado muitos dos soldados norte-coreanos na região.

As últimas notas encontradas junto de um soldado norte-coreano morto em combate sugerem as táticas brutais a que os soldados norte-coreanos foram forçados a adaptar-se sob o comando de Vladimir Putin.

Em agosto, a Ucrânia lançou uma ofensiva transfronteiriça surpresa em Kursk e lançou em janeiro um “poderoso contra-ataque” na região. Várias unidades norte-coreanas terão sido atingidas.

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy publicou em janeiro imagens de interrogatórios de dois soldados norte-coreanos, que tinham sido capturados, e revelou que mais de 3000 soldados norte-coreanos foram mortos ou feridos em combates com as forças ucranianas na região fronteiriça russa.

Apesar de Pyongyang e Moscovo nunca terem reconhecido oficialmente o destacamento norte-coreano, relatórios confirmaram que os soldados foram mesmo enviados para reforçar as forças russas e ajudar a empurrar as tropas ucranianas para fora da área.

Em resposta às perdas, a Coreia do Sul especula que a Coreia do Norte poderá enviar mais tropas para apoiar a Rússia. “Há riscos de a Coreia do Norte enviar tropas e equipamento militar adicionais para o Exército russo”, avisou já também o presidente ucraniano, prometendo “respostas tangíveis” por parte de Kiev.

Entretanto, na linha da frente, tanto a Rússia como a Ucrânia continuam a travar uma intensa guerra aérea, com frequentes ataques com mísseis e drones. Embora as operações terrestres persistam, a Rússia tem ganho terreno no leste da Ucrânia nos últimos meses, devido ao número de tropas e fornecimento de armas consideravelmente superior.

Há também cada vez mais preocupações de que o potencial regresso do antigo Presidente Donald Trump ao cargo possa ter impacto no apoio militar de Washington. Trump, que manifestou ceticismo em relação à ajuda externa dos EUA, sugeriu que a Ucrânia poderia ter de fornecer minerais de terras raras em troca de um apoio continuado em matéria de armamento.

Tomás Guimarães, ZAP //

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