Tropas norte-coreanas a aprender russo e a caminho da frente de guerra na Ucrânia

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Gabriel Prehn Britto / Flickr

NATO confirmou, Putin não negou. Soldados norte-coreanos serão considerados beligerantes e alvos legítimos e não haverá limites à utilização de armas norte-americanas pela Ucrânia, avisam os Estados Unidos.

O Serviço Nacional de Inteligência (NIS, na sigla em inglês) da Coreia do Sul disse esta terça-feira ter indicações de que algumas tropas norte-coreanas podem estar já a deslocar-se para combater na Ucrânia.

“As transferências de tropas entre a Coreia do Norte e a Rússia estão em curso e estamos a estudar a possibilidade de que algum pessoal, incluindo generais militares, passe para a frente de batalha”, disse o NIS.

O exército da Rússia está a ensinar aos norte-coreanos uma centena de termos na língua russa para tentar prevenir “problemas de comunicação”, acrescentou, citado pela agência de notícias pública sul-coreana Yonhap.

“Acreditamos que um importante responsável de segurança russo envolvido no envio de tropas norte-coreanas estava a bordo do avião especial do governo russo que viajou entre Moscovo e Pyongyang nos dias 23 e 24 de outubro”, disse o NIS, indicando que o objetivo da viagem seria coordenar o envio de tropas.

Esta segunda-feira, a NATO afirmou que algumas das tropas norte-coreanas já foram enviadas para a região fronteiriça de Kursk, onde a Rússia tem tentado repelir uma incursão ucraniana iniciada no verão.

O Kremlin tinha inicialmente rejeitado as informações sobre o destacamento norte-coreano como “notícias falsas”. Mas Vladimir Putin, na quinta-feira, não negou a presença de tropas norte-coreanas na Rússia e disse que era da competência de Moscovo a aplicação do tratado de parceria com Pyongyang.

“Ameaça significativa” ao mundo

A cooperação militar entre Moscovo e Pyongyang representa uma “ameaça significativa à segurança da comunidade internacional e pode representar um sério risco para a segurança” da Coreia do Sul, afirmou o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol.

Na segunda-feira, o Departamento de Defesa norte-americano tinha anunciado que cerca de 10 mil militares da Coreia do Norte foram enviados para treinar na Rússia e combater na Ucrânia nas próximas semanas.

“Estamos cada vez mais preocupados com a intenção da Rússia de utilizar estes soldados em combate ou para apoiar operações de combate contra as forças ucranianas na região russa de Kursk”, disse a porta-voz do Pentágono aos jornalistas.

Sabrina Singh lembrou que o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, já tinha avisado publicamente que, caso os soldados da Coreia do Norte fossem utilizados no campo de batalha, seriam considerados beligerantes e alvos legítimos, com sérias implicações para a segurança na região do Indo-Pacífico.

O Pentágono afirma que não haverá limites à utilização de armas norte-americanas pela Ucrânia se a Coreia do Norte se juntar à luta com a Rússia, com o presidente Joe Biden a classificar como “muito perigoso” o escalar da situação.

Austin vai ter um encontro com os responsáveis da Defesa da Coreia do Sul no final desta semana no Pentágono, no qual se espera que seja discutido o uso de soldados norte-coreanos no conflito da Ucrânia.

Entretanto, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Choe Son-hui, partiu na segunda-feira para uma visita oficial à Rússia, disse a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA, sem adiantar o motivo da deslocação.

ZAP // Lusa

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