Ucrânia entrou por Kursk adentro e confundiu Moscovo. Equipas russas “inúteis” sob fogo

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Alexey Smirnov/Telegram

Imagem dos estragos partilhada pelo governador de Kursk, Alexey Smirnov

Centenas de soldados e blindados entraram na região fronteiriça e os combates prolongam-se desde terça-feira. Putin diz ser “provocação em grande escala”, mas governador da região do sudoeste diz que “situação está sob controlo”.

As tropas ucranianas lançaram na terça-feira uma incursão em Kursk, região do sudoeste da Rússia que faz fronteira com a Ucrânia, que levou à retirada de

Cerca de seis milhares de pessoas de ambos os lados da fronteira foram retiradas de Kursk após a incursão lançada pelas tropas ucranianas na terça-feira, na região do sudoeste da Rússia que faz fronteira com a Ucrânia.

Os combates prosseguiram esta quinta-feira, após ter sido decretado estado de emergência na região. As forças ucranianas pouco disseram sobre o ataque, mas foram vistas a pelo menos nove quilómetros de profundidade em território russo.

Apesar de ter sido decretado estado de emergência, a Rússia transparece calma. O governador interino da região russa, Alexey Smirnov, garantiu que a “situação está sob controlo”, mas os combates são ferozes, segundo os relatórios. Um vídeo a circular nas redes sociais mostra o momento de rendição de um grupo de soldados russos na região fronteiriça.

Segundo as autoridades russas, mil soldados ucranianos, 11 tanques e dezenas de veículos blindados participaram na incursão armada. Cinco civis morreram até ao momento e outros 31 ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde russo. O governo local informou que desde o início da incursão milhares de pessoas abandonaram a região e mais de 600 foram colocadas em abrigos.

O ataque ucraniano estendeu-se também para leste, até à cidade fronteiriça de Sudzha onde, segundo Smirnov, foram registados feridos e edifícios danificados. Numa das suas declarações de terça-feira, o mesmo governador escreveu que Vladimir Putin está pessoalmente envolvido na resolução do ataque a Kursk.

O ataque ucraniano foi descrito pelo presidente russo como uma “provocação em grande escala” por parte de Kiev, que acusou de realizar “bombardeamentos indiscriminados com diferentes tipos de armas, incluindo mísseis, contra edifícios civis, edifícios de habitação e ambulâncias.

Comando militar russo sob fogo

Influentes analistas militares russos criticaram o comando militar do país por não ter conseguido conter a incursão ucraniana.

“Há dois meses que o inimigo acumula forças” para este ataque, estimou o canal de Telegram Rybar, seguido por mais de um milhão de utilizadores e com fama de estar próximo das forças russas.

“Durante dois meses, todas as informações completas foram enviadas para equipas inúteis. Houve tempo suficiente para tomar uma decisão apropriada”, acrescentou Rybar, apontando que o comando militar não aprendeu as lições das tentativas de incursão em março na região de Belgorod, vizinha de Kursk.

Este é um primeiro grande teste para Andreï Beloussov, nomeado ministro da Defesa em maio para substituir Sergei Shoigu, criticado pelos graves fracassos sofridos pelo Exército russo em 2022, no início da sua ofensiva em grande escala.

Desde a sua substituição, pelo menos oito oficiais do Exército foram detidos em casos de corrupção. Mas o chefe do Estado-Maior, Valéri Guerassimov, criticado por muitos correspondentes de guerra russos, manteve-se em funções.

“A liderança do Ministério da Defesa mudou. Mas deliberadamente (…) ninguém quebrou o sistema de gestão de combate”, lamentou ainda o canal Rybar, que ataca também aqueles que subestimaram o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, referindo que estava a “preparar-se para se render”.

Para a blogger militar Anastassia Kachevarov, o comando militar russo “continua a cometer erros e a mentir”, erros que “custam a vida dos soldados”, de acordo com uma análise no seu canal Telegram.

Os bloggers militares russos que apoiam o ataque à Ucrânia denunciaram veementemente no passado o comando do Exército, embora o fenómeno tenha diminuído desde a intensificação da repressão às críticas na Rússia.

EUA querem explicações

A Casa Branca explicou que está a contactar Kiev para saber mais sobre os objetivos da incursão das tropas ucranianas em território russo.

“Vamos contactar o exército ucraniano para saber mais sobre os seus objetivos”, disse a porta-voz Karine Jean-Pierre aos jornalistas, em resposta a uma pergunta sobre a operação, que levou à retirada de milhares de civis de ambos os lados da fronteira.

Washington apoia as ações de “bom senso” tomadas pela Ucrânia para travar os ataques das forças russas, acrescentou.

Em maio, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden autorizou Kiev a utilizar armas norte-americanas para atingir alvos em território russo perto da região de Kharkiv, no nordeste do país, que estava a ser atacada pela Rússia.

Mas o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, reiterou que “nada mudou” na política dos EUA, que se opõe a qualquer ataque ucraniano em território russo.

O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, criticou os comentários do Presidente russo, Vladimir Putin, que denunciou uma “provocação em grande escala”.

Chamar-lhe provocação é “um pouco forte, tendo em conta que a Rússia violou a integridade territorial e a soberania da Ucrânia”, afirmou.

ZAP // Lusa

13 Comments

  1. A Federação Russa continua a enfrentar o escrutínio contínuo e a desafiar as expectativas razoáveis do mundo para a paz.
    É inevitavelmente um jogo de perdedor e o genocida Putin é comparável a Hitler. Só o não é na dimensão, porque foi travado e teme um inevitável triste fim.

  2. Parece que a Ucrânia lançou uma Operação Militar Especial em terras russas. Sudzha situa-se numa linha férrea que vai para Belgorod, talvez seja esse o objectivo. Quem com espadas mata, com espadas morre.

  3. Os russos começaram nos primeiros dias desta guerra por tomar o aeroporto de Kiev. Agora já se estão a defender no seu próprio território…
    Do Afeganistão saíram com uma mão à frente e outra atrás. Aqui será o mesmo. Já têm mais de 500 mil baixas. Um dia o povo vai revoltar-se. A sorte de Putin é que a generalidade dos desgraçados que estão a morrer provêm da Rússia profunda. Quando começarem a morrer os jovens dos principais centros urbanos, a coisa vai complicar-se.

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  4. Esperem mais uns dois ou três dias e logo verão o que acontece a esses suicidas… Vai ser como a famosa “contra-ofensiva” ucraniana do ano passado…

  5. Serão exterminados, tal como a Ucrânia caíu ao fim de 2 ou 3 dias da “Operação militar especial”. Há idiotas que acreditam na invencibilidade de um exército débil que só não sai da Ucrânia por vergonha e porque o seu “líder” é um carniceiro que só se importa com ele próprio. Esses “suicidas” deram provas de que, se não tivessem andado anos a “dormir” confiantes no ‘ bom vizinho’, com 1/4 das capacidades do adversário, teriam levado a guerra ao território do invasor, há bastante tempo. Continue chorando…

  6. Explicar as complexidades militares da guerra na Ucrânia a quem não fez serviço militar e nada sabe do assunto é impossível. Sugiro que oiçam os comentários do Major-General Carlos Branco, na CNN. Se conseguirem perceber o que ele diz – difícil para os paisanos que por aqui aparecem – deixarão de vir aqui disparatar.

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  7. Começaram por tomar o aeroporto de Kiev nos primeiros dias da guerra. Agora defendem-se no seu próprio território. Não há muito mais para dizer. A realidade fala por si. O Nuno… está apenas com um enorme melão. Paciência…

  8. Filipe,

    Eu? Eu só repito o que o Major-General Carlos Branco diz quase todos os dias… E quem é ele?

    “Carlos Branco é Major-General do Exército português na situação de reserva. Tem uma vasta experiência em assuntos político-militares e relações internacionais granjeada em cerca de 10 anos ao serviço de diversas organizações internacionais. Das múltiplas funções que desempenhou ao longo de 40 anos de carreira destaca-se a de Diretor da Divisão de Cooperação e Segurança Regional, do Estado-Maior Militar Internacional da NATO, em Bruxelas, qualidade em que foi responsável pelo planeamento estratégico da cooperação militar da NATO com a Rússia, Ucrânia e Geórgia, e com os países da Europa de Leste, Cáucaso e Ásia Central. Como oficial-general foi ainda porta-voz do Comandante da Força da NATO no Afeganistão, e responsável pela sua Comunicação Estratégica. É investigador do IPRI e investigador Associado do IDN.”

    Mas os paisanos que nunca pegaram numa espingarda é que sabem…

  9. O Carlos Branco?!! Uma verdadeira nulidade. Um zero à esquerda. Um “general” que provavelmente nunca terá estado na frente de uma qualquer guerra.
    É um pouco como um chef que escreve livros mas na realidade nunca cozinhou coisa alguma…

  10. E esse general, além de tudo, parece mais russo do que português tais são as ideias. Aconselho que ele e o Nuno vão para o paraíso que é a Rússia

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