Só três Ministros ainda não deram dores de cabeça a António Costa

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Tiago Petinga / LUSA

O primeiro-ministro, António Costa

Apenas Ana Mendes Godinho, José Luís Carneiro e Pedro Adão e Silva têm escapado aos casos e casinhos que assombram o Governo.

O Governo está em funções há pouco mais de um ano, mas neste período, apenas três Ministros ainda não se viram envolvidos em casos e casinhos — sem contar os dois que já se demitiram, Pedro Nuno Santos e Marta Temido.

Só no caso da TAP e na polémica com as agressões no Ministério das Infraestruturas, quase metade do elenco de 18 Ministros está metido ao barulho, escreve o Expresso.

Comecemos pela número dois de Costa, Mariana Vieira da Silva. Não é dos rostos mais polémicos do Governo, mas acabou por ser arrastada para a polémica com o parecer jurídico sobre despedimento da CEO da TAP, que, afinal, não existia. Segundo a Ministra da Presidência, a confusão não passou de uma “questão de semântica”.

Fernando Medina soma bastante mais casos. Desde a contratação de Sérgio Figueiredo como seu consultor com um salário de Ministro, passando pela confusão sobre o parecer não existente sobre a demissão da CEO da TAP e pela ocultação do parecer crítico do PRR, esta é apenas a ponta do icebergue, já que tem sido a passagem pela Câmara de Lisboa a dar mais problemas ao Ministro das Finanças — já foi investigado por causa de ajustes diretos com Pedro Siza Vieira, por causa da contratação de Joaquim Morão e é um dos suspeitos na Operação Tutti-Frutti.

Falando na Operação Tutti-Frutti e em suspeitas na Câmara de Lisboa, o Ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, também está envolvido, dado que foi o número dois de Medina na autarquia.

Nas Infraestruturas, está o Ministro mais fragilizado do Governo. João Galamba está no centro de uma ruptura nas relações entre Belém e São Bento, com o Presidente da República a defender publicamente a sua demissão. Há menos de seis meses no Governo, viu-se envolvido em polémicas por causa de uma reunião onde terá treinado as respostas com a CEO da TAP para a comissão de inquérito e por causa das agressões no seu Ministério.

Com as pastas da Economia e do Mar, António Costa e Silva também se envolveu num bate-boca em público com Fernando Medina. O Ministro defendeu uma redução transversal do IRC, que foi rapidamente contestada por Medina, que não a considera “adequada nesta fase”. A discórdia levou a que dois Secretários de Estado saíssem do Governo.

Costa e Silva tem ainda estado sob fogo devido ao seu passado profissional na indústria petrolífera, que tem sido muito contestado por activistas climáticos que exigem a sua demissão.

Na Saúde, Manuel Pizarro viu-se logo em maus lençóis pouco depois de substituir Marta Temido, devido à sua participação numa empresa no sector que ia tutelar, que foi prontamente dissolvida. Pizarro está também a ser investigado no processo das suspeitas de corrupção nas autarquias de Vila Nova de Gaia e do Porto.

João Costa não tem casos e casinhos, mas tem estado no centro de muita agitação no sector da Educação, com as greves e manifestações por todo o país por causa da contagem do tempo de serviço dos professores e também devido às mudanças ao regime de contratação de docentes.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros também já veio com bagagem de quando era Ministro da Defesa. João Gomes Cravinho. A sua saída da Defesa foi um pedido de Marcelo, com a relação entre os dois a azedar porque Cravinho não informou o chefe de Estado sobre as suspeitas de tráfico de diamantes nos nos Comandos Portugueses na República Centro-Africana.

Para além deste caso, a sua passagem pelo anterior Governo também foi polémica devido à derrapagem orçamental nas obras no antigo Hospital Militar de Belém e à sua defesa pública de Alberto Coelho, um dos principais suspeitos de corrupção na Operação Tempestade Perfeita.

A sucessora de Cravinho na Defesa, Helena Carreiras, tem tido um percurso com menos percalços — à excepção do caso do navio Mondego, com 13 membros da guarnição a recusar fazer uma missão alegando que a embarcação não reunia as condições de segurança necessárias.

Catarina Sarmento e Castro tem geralmente passado entre os pingos da chuva, mas o seu nome também veio à baila na polémica com a convocação das secretas para a recuperação do computador levado pelo ex-adjunto de Galamba. Inicialmente, ficou-se com a ideia de que teria sido a Ministra da Justiça a propor o envolvimento do SIS, mas veio-se depois a saber que a ideia teria sido da chefe de gabinete de Galamba.

As Ministras da Ciência e da Coesão Territorial viram-se envolvidas em polémicas semelhantes devido a possíveis conflitos de interesse com a atribuição de subsídios— a associação do marido de Elvira Fortunato recebeu um apoio de uma fundação sob a sua tutela e soube-se depois que a Ministra tentou que a bolsa europeia que perdeu por ir para o Governo fosse transferida para o marido. No caso de Ana Abrunhosa, as empresas em que o marido participa receberam fundos europeus tutelados pela ministra, mas sem intervenção direta.

A Ministra da Habitação, Marina Gonçalves, só entrou no Governo em Janeiro, mas já foi alvo de críticas por causa de várias medidas do pacote Mais Habitação, que foram criticadas pela oposição e pelo Presidente da República.

Na pasta da Agricultura, Maria do Céu Antunes acabou por ser arrastada para a polémica com as contas arrestadas de Carla Alves, que foi sua Secretária de Estado durante 26 horas. O seu trabalho tem também sido muito contestado pelo sector, que critica os atrasos nos apoios.

Ana Catarina Mendes, Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, foi questionada por causa do acolhimento de refugiados ucranianos por russos pró-Putin em Setúbal. Também se viu envolvida no caso do parecer jurídico sobre a demissão dos administradores da TAP.

A Santíssima Trindade de Costa

No meio de tantos casos e casinhos, só três Ministros escapam totalmente incólumes. José Luís Carneiro, que sucedeu ao polémico Eduardo Cabrita na pasta da Administração Interna, ainda não teve qualquer problema. No entanto, antecipa-se um Verão difícil por causa dos incêndios, que porão à prova a resposta do Ministro.

Na Cultura, Pedro Adão e Silva também não tem estado nas notícias por maus motivos, apesar dos velhos problemas da precariedade e falta de apoios no sector, com os profissionais a acusarem-no de falta de diálogo.

Por fim, Ana Mendes Godinho tem gerido o Trabalho e a Segurança Social de forma tranquila, tendo sido o rosto de vários pacotes de apoios que geralmente são bem recebidos pela população. Conseguiu ainda um acordo na concertação social.

Adriana Peixoto, ZAP //

6 Comments

  1. …. quando já não houver políticos com os mínimos necessários para governar, então aí todos vão ficar contentes, principalmente aquela cafila do Chega que não tem onde cair morta e está desejosa de ir ao pote. Mas aí, cuidemo-nos porque vai ser até fartar, vilanagem.

  2. O título da notícia está muito bem redigido. “Ainda não deram…” Como quem diz…não deram, mas também vão dar… como todos os outros. É só uma questão de tempo.

  3. Quem escreve estes comentários que não seja investigado, concertesa também tem rabos de palha, pergunte ao chega que acha dos seus amigo familia Vieira que tanto defendeu na TV e se calou de vez. os coruuptos são os seus adversarios

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