O Chega continua a crescer nas intenções de voto, sobretudo entre os jovens, e isso deve-se muito a uma estratégia de comunicação incisiva e populista – com desinformação pelo meio – em redes sociais como o TikTok.
Foi André Ventura quem aconselhou o Chega “a usar o TikTok”, considerando que “era fundamental” como instrumento de comunicação, revela a deputada Rita Matias que representa o partido de direita radical em declarações à revista Sábado.
Como menina católica e bem mandada, Rita Matias que faz parte da equipa de comunicação do Chega acedeu, mesmo que tenha oferecido “alguma resistência” no início, confessa.
“Achei que podia não ser a ferramenta mais interessante, que poderia levar a algum desprestígio na comunicação feita – a linha é ténue – e que seria perigoso também ao nível da protecção de dados”, sublinha na Sábado.
Isso foi há três anos. Actualmente, o Chega é um dos partidos portugueses mais activos no TikTok, com muitos vídeos virais, onde o líder André Ventura aparece ora a dançar música sertaneja numa paródia a Lula da Silva, ora a jogar bilhar enquanto vai deixando provocações aos opositores.
Tornar Ventura numa “superstar para os jovens”
A estratégia do Chega não passa apenas pelo TikTok, mas também por outras redes sociais, com o partido a usar a linguagem típica destas plataformas, com memes, “dancinhas”, um discurso populista e quase sempre com uma pitada de desinformação.
“A nossa comunicação vai em torno de André Ventura”, reconhece Rita Matias na Sábado, realçando que o objectivo é tornar o líder do Chega numa “superstar para os jovens”, escolhendo “boas músicas, frases certas, numa tentativa de massificar a sua imagem para que os jovens o reconheçam como exemplo”.
O próprio Ventura é já “um verdadeiro tiktoker”, salienta a deputada do Chega, notando que “passa muito tempo a observar vídeos” no TikToke “e a sugerir” novas ideias.
“Diria que 90% das ideias de vídeo são do próprio André Ventura“, aponta Rita Matias.
E a estratégia parece estar a surtir efeito, uma vez que o Chega continua a crescer nas intenções de voto, atraindo sobretudo os homens mais jovens, com idades entre os 18 e os 34 anos, de acordo com uma sondagem recente.
Youtubers que ajudam a passar a mensagem
O Chega faz ainda uso dos influenciadores digitais como plataforma de promoção, com Ventura e Rita Matias a marcarem presença, nos últimos tempos, em canais de vários youtubers. É mais uma boa forma de divulgar as ideias do Chega e de conquistar a simpatia dos mais novos.
Há pouco mais de um mês, Ventura esteve à conversa com Tiago Paiva, o youtuber que esteve envolvido em polémica depois de ter sussurrado ao microfone no Parlamento “Ó Costa, vai para o c******”, após ter sido convidado para o espaço pela Iniciativa Liberal.
A entrevista tem mais de meio milhão de visualizações e Tiago Paiva deixa André Ventura explanar as suas posições à vontade, nomeadamente para criticar a imprensa, a televisão e os jornalistas, e para passar a ideia de que existe um “boicote” ao partido.
Ao contrário do que acontece nas entrevistas com jornalistas, o líder do Chega “evita assim expor-se ao contraditório” e “ainda consegue capitalizar a simpatia e imaturidade de muitos desses influencers”, aponta o politólogo André Azevedo Alves, professor no Instituto de Estudo Políticos da Universidade Católica, em declarações à Sábado.
É também uma forma de “chegar rapidamente e quase sem custos a centenas de milhares de pessoas por meios alternativos aos cada vez mais fragmentados media tradicionais”, destaca ainda André Azevedo Alves.
Os ensinamentos do Vox
Esta estratégia de comunicação do Chega segue a linha do que vem sendo feito por vários outros partidos da direita radical, e da extrema-direita na Europa, como é o caso do espanhol Vox.
De resto, vários elementos do Chega foram a Espanha para aprender com o Vox a criar bases de comunicação, incluindo “estruturas internas de WhatsApp”, conta Rita Matias à Sábado.
“Na área da comunicação, chegámos a ter media training e ensinaram-nos como comunicar em rede”, revela a deputada de 25 anos, destacando “a importância de ter grupos e comunidades internas no WhatsApp e Telegram” e de “obter likes nos primeiros segundos da publicação, para que o próprio algoritmo a queira fomentar”.
Numa dessas visitas a Espanha, para beber os ensinamentos do Vox, em 2022, Rita Matias diz que foi “aprimorar a visão política” em questões ambientais, uma vez que era coordenadora do grupo parlamentar do Chega na Comissão de Ambiente e Energia.
Numa audição com o ministro do Ambiente no Parlamento, a deputada chegou a apresentar um relatório que, afinal, não existia, criticando as previsões pessimistas dos governantes sobre o clima.
Rita Matias acabou por assumir que o tal documento era apenas uma notícia da Associated Press que nem sequer referia as posições que ela destacou na audição.
Nas redes sociais, a jovem, e outros elementos do Chega, costumam também partilhar fake news, ou notícias de fontes pouco credíveis, sobre assuntos alarmistas e polémicos.
O partido já levou um puxão de orelhas devido a notícias falsas publicadas nas redes sociais.
“A importância de usar símbolos nacionais”
Os ensinamentos do Vox foram preciosos para o Chega, até porque o partido espanhol é muito maior e mais profissionalizado, e tem inclusive “uma fundação que produz estudos”, atesta Rita Matias na Sábado.
A jovem nota que foi também com o Vox que o Chega aprendeu “a importância de usar símbolos nacionais”.
“As novas gerações estão sedentas de símbolos – e tentamos valorizar figuras históricas, eventos e ressurgir sentimentos patriotas”, destaca, notando que o partido até criou “pulseiras com a bandeira nacional, que os jovens podem adoptar”.
Mas, além de Espanha, o Chega também foi beber do know-how de outras latitudes da direita radical europeia.
O irmão de Rita Matias, José Matias, que é um dos responsáveis da Juventude do Chega para as relações internacionais, fez várias viagens para ir a eventos de partidos da direita ultraconservadora e radical europeia.
Em 2023, esteve por mais do que uma vez na Hungria, para participar no Congresso da Juventude do partido nacionalista Fidezs de Viktor Orbán.
Também foi a um evento de conservadores norte-americanos realizado na Hungria, onde falou da teoria racista da “Grande substituição”, lamentando-se por ter visto pessoas vestidas “de forma islâmica” e a fazerem “orações islâmicas” em Lisboa, conforme relata a Sábado.
A extrema direita a confirmar a máxima,
“Quem para o bem não serve, para o mal se ajeita.”
É tempo de alguns portugueses, dados a perigosas e irracionais aventuras, olharem para si próprios e se interrogarem para onde (n)os levaria o caminho que levianamente assunem., quando aceitam como válidas, denagogias que, um pouco por todo o mundo vão mostrando desastrosos resultados.
O que se passa na Argentina, é a evidência clara de que quem brinca com o fogo, não só se queima, como queima tudo e todos à sua volta.
Ou seja ….vai arranjar votos nem que seja nos caixotes de lixo !
Os políticos no seu pior.
Se alguém achar que política seria é isto merece ser empalado por um pinheiro de 20cm de diâmetro. Mas com a rama toda.
Ai gostam de ir em cantigas? Depois chorem.
É que os outros enganam mas ainda têm de se esforçar na mensagem que passam. Este é com dancinhas e palhaçadas. Estamos perdidos!