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Todos os estudantes e funcionários. Universidades deverão ser incluídas nos testes em massa

José Sena Goulão / Lusa

O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) revelou esta terça-feira que o programa de rastreios de infeção com SARS-CoV-2 nos estabelecimentos de ensino deverá ser alargado ao superior, na sequência de negociações que estão a decorrer.

De acordo com António de Sousa Pereira, a questão está a ser discutida com a Direção-Geral da Saúde (DGS), que parece favorável à inclusão das instituições de ensino superior no programa de rastreios laboratoriais conforme forem sendo retomadas as atividades presenciais dos diferentes níveis de ensino.

“Penso que até ao final desta semana irá ser revelado o plano que está em negociação, e o que está em cima da mesa é serem testados todos os estudantes, todos os funcionários, docentes e não docentes, que regressem ao ensino”, adiantou.

O representante dos reitores falava durante a audição na comissão parlamentar da Educação, Ciência, Juventude e Desporto, em que vários deputados questionaram o CRUP e o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) sobre a realização de testes de diagnóstico da covid-19 quando voltarem a abrir portas.

Da parte do CDS-PP, que requereu a audição, a deputada Ana Rita Bessa quis saber se as instituições se iriam organizar para realizar esses rastreios, uma vez que não seriam assegurados pelo Governo.

Até à suspensão das aulas presenciais, no final de janeiro, sempre que as universidades decidiam realizar rastreios, os custos associados eram suportados pelas próprias, mas, segundo o presidente do CRUP, o programa será, entretanto, revisto e esse problema não se vai colocar.

“Quando houver o regresso às atividades presenciais a partir de 19 de abril, haverá uma testagem universal a todos aqueles que vão regressar. A informação que tenho é que será o ministério a custear a realização desses testes, e não as instituições de ensino superior”, adiantou.

O presidente do CCISP, Pedro Dominguinhos, não comentou essa possibilidade, afirmando apenas que alguns politécnicos já se preveniram e organizaram-se de forma a conseguir assegurar a realização de rastreios ainda antes da retoma das atividades presenciais.

40 mil trabalhadores de creches testados esta semana

Cerca de 40 mil trabalhadores de quatro mil creches de todo o país vão ser testados à covid-19 esta semana, num processo cujo arranque foi assinalado esta terça-feira na Azambuja, Lisboa, pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Ana Mendes Godinho assistiu à testagem de algumas das funcionárias do Centro Social Paroquial da Azambuja, que reabriu na segunda-feira, no âmbito das primeiras medidas de desconfinamento, as valências de creche, pré-escolar e Atividades de Tempos Livres (ATL).

Segundo a ministra, a testagem a profissionais que trabalham em creches, amas e estabelecimentos do pré-escolar visa, além da prevenção do contágio pelo novo coronavírus, dar “confiança e também tranquilidade” no reinício das atividades letivas após quase dois meses de confinamento devido ao rápido crescimento de casos de infeção pelo SARS-CoV-2.

Salientando a satisfação que viu nas crianças, educadoras e auxiliares neste regresso, Ana Mendes Godinho afirmou ser preciso agradecer e valorizar “todas as pessoas que não têm parado ao serviço dos outros”, bem como a “grande capacidade” do setor social e dos seus funcionários, que “têm estado sempre no terreno, na primeira linha, a trabalhar ao serviço das crianças e dos mais idosos”.

Manuel de Almeida / Lusa

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho

A ministra salientou que a testagem nas creches vem juntar-se ao programa integrado de acompanhamento e de prevenção nos lares, num esforço para chegar às várias dimensões das respostas sociais.

Ana Mendes Godinho referiu o facto de já terem sido ministradas as vacinas em todos os lares, à exceção daqueles onde existiram surtos de covid-19, o que “dá um nível de proteção adicional”.

“Mas isto não implica que baixemos a guarda, antes pelo contrário”, declarou, adiantando que vai prosseguir o programa de testagem regular dos trabalhadores dos lares até ao final de junho, por amostragens que abrangem, todas as semanas, um quarto dos trabalhadores, e que permitem “identificar situações de risco”.

Ana Godinho afirmou que esse sistema “terá permitido evitar cerca de 840 surtos através da identificação precoce” de situações sem sintomas.

A ministra referiu ainda que, no âmbito das medidas de prevenção, vai ser reforçado o programa Adaptar + Social, que apoia as instituições na aquisição de equipamentos de proteção individual.

Questionada sobre a suspensão da aplicação da vacina da AstraZeneca, a ministra assegurou que os trabalhadores das creches integram as listas de prioridades da vacinação estabelecida para os estabelecimentos escolares, aguardando a nova definição de datas por parte da task force que coordena o plano de vacinação contra a covid-19.

O Centro Social Paroquial da Azambuja tem também uma valência de lar, onde, em janeiro, surgiu um surto de covid-19.

Paulo Pires, presidente da direção desta instituição, salientou que praticamente não existiram casos nas outras valências e considerou o arranque da testagem “absolutamente essencial” para dar segurança enquanto se aguarda pela vacinação.

O presidente da Câmara Municipal da Azambuja, Luís de Sousa, destacou a importância da testagem num concelho que, “desde o início, foi bastante fustigado” pela pandemia, sobretudo devido à dimensão da área da logística, onde se iniciaram os surtos da covid-19, tendo ele próprio sido contaminado.

O “Programa de Rastreios laboratoriais para a SARS-CoV-2 nas creches e estabelecimentos de educação e ensino”, divulgado na semana passada, prevê que o reinício das atividades escolares presenciais implica a realização de um teste rápido de antigénio a docentes e não docentes de todos os níveis de ensino, até ao secundário.

A campanha de testagem arrancou esta terça-feira nas creches, pré-escolar e 1.º ciclo, que foram as primeiras a desconfinar, e nos restantes níveis de ensino, os rastreios começam no primeiro dia do regresso.

ZAP // Lusa

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