Candidata do PS era ministra da Saúde. Lacerda Sales é arguido e o assunto invadiu a recta final da campanha para as europeias.
António Lacerda Sales foi constituído arguido no caso das gémeas.
Nesta quinta-feira houve diversas buscas, em várias instituições estatais e privadas, no âmbito da investigação sobre o acesso irregular das gémeas luso-brasileiras ao medicamento mais caro do mundo, o Zolgensma.
O gabinete do antigo Secretário de Estado da Saúde também foi investigado e Lacerda Sales foi constituído arguido por suspeitas de abuso de poder.
A apenas três dias das eleições europeias, este tema nacional invadiu a campanha.
Marta Temido foi questionada sobre o assunto. A cabeça-de-lista do PS era ministra da Saúde, na altura.
De manhã, disse na Antena 1 que não comentava o momento escolhido pela Polícia Judiciária para avançar para este passo, mas assegurou que nada teve a ver com este caso.
Horas depois, na rua, estava mais irritada. Começou por dizer: “Eu não entro nessa disputa”, mas depois atirou: “Quem está na vida política já se surpreende com muito pouca coisa”.
Insistindo que confia na Justiça e que espera “tranquilamente” pelas investigações, comentou com os jornalistas: “Estar na política é também uma questão de carácter. E é uma questão de ter capacidade de olhar para as pessoas, como eu estou a olhar para vós, olhos nos olhos, e dizer: eu não tive nada a ver com isto!”.
Marta Temido admite que, durante o “momento muito particular” da COVID-19, “é natural que muita coisa tenha acontecido sem que todos nos tenhamos apercebido exactamente do que ia acontecer”.
Sebastião Bugalho (AD) preferiu não comentar este assunto para “não contaminar” a visita de Ursula von der Leyen. Além disso, lembrou que a investigação está a decorrer “e que, ainda por cima, envolve alguém que está a disputar esta eleição”.
André Ventura (Chega) lembra que a candidata do PS era ministra da Saúde neste processo, por isso “é pouro crível que alguém contorne a lei sem que a ministra faça perguntas. É estranho que a ex-ministra não saiba nada”, reforçou.
João Cotrim de Figueiredo seguiu o rumo de Bugalho. O candidato da IL não comentou este assunto nacional, para não “poluir” a campanha para as europeias.
Catarina Martins (BE) não quis prolongar “bate-boca” entre partidos e Justiça, mas disse que este caso “choca toda a gente”.
Pedro Fidalgo Marques (PAN) não concorda com o “chutar responsabilidades, como bola de ping-pong, de um lado para o outro”.
Não há mais partidos com assento parlamentar que possam também dar opinião sobre este assunto.
Ou pedem opinião a todos os candidatos, ou não pedem a ninguém….. com este exemplo e tantos outros que poderia comentar , vê-se como anda a nossa democracia……