Sócrates pergunta: e Montenegro, não se investiga? “Encobre-se tudo”

2

José Sena Goulão / Wikimedia

Ex-primeiro-ministro e ex-líder do PS, José Sócrates

“Contra os Governos socialistas, toda a violência; contra os Governos do PSD, toda a compreensão”, escreve o antigo primeiro-ministro: “de um lado investiga-se tudo, do outro encobre-se tudo”.

O ex-primeiro-ministro José Sócrates criticou esta segunda-feira o Ministério Público por não ter aberto nenhuma investigação ao caso que tem Luís Montenegro como protagonista e que deve provocar a queda do Governo esta terça-feira, dia em que é votada uma moção de confiança com chumbo praticamente garantido.

Apelidando a atual crise política de “a crise das avenças“, em artigo de opinião assim intitulado e publicado no Diário de Notícias, o antigo líder do PS afirma que “o país ficou a saber que o atual primeiro-ministro recebeu avenças de grupos privados durante todo o tempo em que exerceu funções — e o Ministério Público não abriu nenhuma investigação. Dizem que estão a analisar. As avenças provocarão uma crise política, isso é certo”.

Mas para Sócrates, “o caso está a evoluir. Não são apenas as avenças, mas a motivação política por detrás das investigações criminais”.

Contra os Governos socialistas, toda a violência; contra os Governos do PSD, toda a compreensão“, escreve Sócrates: “de um lado investiga-se tudo, do outro encobre-se tudo. O critério para distinguir uma da outra é a política.”

“Passaram dez anos, mas o comportamento é o mesmo: as avenças não merecem investigação”, remata, num artigo em que recua a novembro de 2023, altura em que “um golpe perfeito” ditou o regresso da direita ao poder com a demissão de António Costa e a queda do governo socialista.

E as comparações entre o caso de Montenegro e o de Manuel Pinho, condenado por corrupção passiva, fraude fiscal e branqueamento, são “absolutamente indecentes”.

“No caso de Manuel Pinho os pagamentos que recebeu do BES resultam de trabalhos anteriores à sua entrada em funções públicas; no caso do atual primeiro-ministro, os pagamentos à sua empresa resultam de trabalhos prestados durante o exercício de funções públicas”, adianta o antigo primeiro-ministro: “não é a mesma coisa”.

ZAP //

2 Comments

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.