Rodrigo Antunes / Lusa

O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira
O Ministério Público terá colocado sob escuta telefónica o ministro da Economia e o secretário de Estado da Energia, no âmbito do inquérito que investiga suspeitas de corrupção em torno das candidaturas aos negócios do hidrogénio verde.
As escutas telefónicas ao ministro da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, e ao secretário de Estado da Energia, João Galamba, são uma das notícias avançadas, esta quinta-feira, pela revista Sábado.
A mesma publicação avança que as escutas em questão, feitas no âmbito da operação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), decorreram durante a fase de pré-escolha das empresas candidatas aos negócios do hidrogénio verde.
Esta é, segundo a revista, a primeira vez que o Ministério Público coloca sob escuta membros de um Governo em funções, destacando que um deles (Siza Vieira) é, neste momento, o número dois do Executivo socialista.
Entretanto, no mesmo dia, o DCIAP negou que o ministro da Economia tenha sido alvo de escutas telefónicas. “Na sequência de uma notícia surgida na imprensa de hoje e relacionada com um inquérito a correr termos no DCIAP, ao abrigo do disposto no art.º 86.º, n.º 13, al. b) do Código de Processo Penal, esclarece-se que o Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital não foi alvo de interceções telefónicas”, esclarece numa nota à comunicação social, citada pelo semanário Expresso.
Na semana passada, a Sábado noticiou que os dois governantes estão a ser investigados no âmbito de um inquérito que investiga indícios de tráfico de influência e corrupção, entre outros crimes económico-financeiros, em torno dos negócios do hidrogénio verde.
A revista adiantou que ambos são suspeitos de favorecimento do consórcio EDP/Galp/REN no projeto do hidrogénio verde para Sines. António Mexia e João Manso Neto, ex-administradores da EDP, são outros dos visados, assim como o administrador da Galp, Costa Pina.
Na altura, a Procuradoria-Geral da República confirmou que está a decorrer um inquérito no DCIAP sobre esta matéria, mas deixou claro que não tem arguidos constituídos.
Tanto Pedro Siza Vieira como João Galamba já avançaram com uma queixa-crime por denúncia caluniosa.
As candidaturas ao negócio do hidrogénio terminaram em julho deste ano e, segundo o Ministério do Ambiente e da Ação Climática, foram apresentados 74 projetos que, após avaliação do Comité de Admissão de Projetos, foram reduzidos a uma lista de 37.
O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, já destacou que ainda não há nenhuma aprovação de projeto, nem nenhum financiamento, tendo considerado que a denúncia “é caluniosa e completamente infundada”.
A investigação irá até ao fim, doa a quem doer, ou será como tantas outras que não dão em nada por vontade de quem manda?