
Fenómeno foi documentado na costa este dos EUA. Uma vez morta, a floresta não volta a viver.
A constante subida do nível do mar está a agravar o fenómeno ecológico do aparecimento de “florestas fantasma”, ou para ser mais específico, grandes extensões de árvores mortas — a prova do colapso de antigos ecossistemas costeiros.
O fenómeno tem sido documentado em várias regiões do mundo, nota este mês a Knowable Magazine, que aponta para o exemplo da baía de Chesapeake e a península de Albemarle-Pamlico, nos Estados Unidos, onde desapareceram milhares de hectares de cedros, ciprestes e carvalhos.
Mas porque é que as árvores mortas estão a erguer-se do além?
A principal causa é a intrusão de água salgada nos aquíferos subterrâneos, que perturba o equilíbrio do solo e priva as raízes do abastecimento de água doce. Este processo de salinização, que está a progredir lenta mas implacavelmente, leva à morte irreversível das árvores.
E uma vez morta a floresta, as suas árvores não voltam a crescer, notam os ecologistas responsáveis pelo estudo anual sobre a salinização dos ecossistemas costais publicado este ano.
Embora os pântanos formados possam trazer certos benefícios para o abrigo de vida selvagem, amortecimento de tempestades e armazenamento de carbono, nem sempre substituem adequadamente o ecossistema original. Em muitos casos, é a velocidade da mudança que impede a transição para um pântano funcional e, em vez disso, surgem terrenos estéreis ou dominados por espécies invasoras, como o junco (Phragmites australis), que deslocam a vegetação nativa e não alimentam a vida selvagem local.
Imagens de satélite mostram como estas “florestas fantasma” se estão a multiplicar: veem-se do espaço como manchas cinzentas e castanhas que se destacam do verde em redor.
MICHALA GARRISON/NASA EARTH OBSERVATORY

Na Península de Albemarle-Pamlico, na Carolina do Norte, uma combinação de subida do nível do mar, seca e inundações causadas por furacões de água salgada expandiu as florestas fantasma nas últimas décadas.
Além disso, algumas destas florestas armazenavam mais carbono do que as zonas húmidas que as substituíram, segundo um estudo de 2021, mas o impacto desta transformação, da vida para a morte, ainda não é totalmente conhecido.