As 3 razões para o “não é não”; e falar de saúde foi pouco saudável

ZAP // António Cotrim, Manuel Fernando Araújo / Lusa

Luís Montenegro enumerou as três razões que o levam a dizer insistentemente “não é não” ao Chega. O debate desta quinta-feira centrou-se, em grande parte do tempo, a falar da saúde… contudo, não houve soluções concretas.

Os líderes da AD e do Chega estiveram frente a frente, na SIC, na noite desta quinta-feira, em debate de pré-campanha para as eleições legislativas de 18 de maio.

Ambos os partidos começaram, desde logo, por afastar uma hipótese de coligação.

Luís Montenegro reafirmou o já famoso “não é não” ao Chega: “Eu já fui muito claro sobre essa matéria e creio que os portugueses, mesmo os que votaram no Chega no passado, compreendem bem que é impossível governar com o Chega

O primeiro-ministro enumerou, depois, três razões para explicar a sua posição: “em primeiro lugar porque o Chega não tem fiabilidade de pensamento, muda de opinião muitas vezes, comporta-se como um catavento político e isso não é adequado ao exercício de funções governativas”.

“Por outro lado, a tem um pendor iminentemente destrutivo, virado para falar mal de tudo aquilo que acontece no país e na governação, está sempre contra tudo. Ora quem está sempre virado para destruir e não consegue construir não tem vocação para exercer funções de Governo”, acrescentou.

“Em terceiro lugar, porque o Chega e André Ventura demonstraram, no último ano, que não têm maturidade nem decência para o exercício da função governativa. Isso viu-se ontem com a apresentação do programa eleitoral, que tem um impacto financeiro de 40 mil milhões de euros. Levar-nos-ia para um défice de 14%”, concluiu Luís Montenegro.

André Ventura riu-se e considerou que de nada vale estar sempre a dizer que o Ventura é imaturo, “quando o Governo foi um desastre“, neste último ano, “nas matérias de saúde e no combate à corrupção.

Depois, recordou as palavras de Montenegro quando disse que “não se pode contar com o Chega” e deu-lhe razão: “é verdade, a AD não contará com o Chega para ser muleta, como conta com a Iniciativa Liberal e o CDS”. “Mas não contará connosco”, sublinhou

Com ironia, Montenegro respondeu que Ventura é um catavento político, que “já foi colaborante com tudo que o PSD dizia e fazia”. Depois, confessou que, em tempos Ventura chegou a considerar Montenegro o líder ideal, enquanto andava com a bandeirinha do PSD na mão, “durante 17 anos”.

“Bandeirinhas? Montenegro disse-me que eu era o melhor talento do partido“, respondeu Ventura.

Depois, Clara de Sousa deu um ‘murro na mesa’ e apelou a que os políticos se centrassem nos temas importantes para o país – já por volta do 13.º minuto.

Montenegro deu razão à jornalista e sobre a saúde admitiu que não está tudo bem. Ainda assim, o primeiro-ministro afirma que o Executivo está a “recuperar o SNS, e a valorizá-lo para que tenha mais capacidade de resposta”.

Ventura discordou e disse que os “óculos cor-de-rosa” do Governo de Luís Montenegro “não convencem ninguém”.

O líder do Chega insinuou também que os hospitais são hoje geridos pelos amigos do primeiro-ministro; e fez um aviso: “no primeiro dia em que for primeiro-ministro, os boys que estão a gerir a saúde vão todos embora“.

“Votar no PSD ou votar no PSD é igual. São os mesmos tachos, os meus boys e girls (…) e os portugueses já se aperceberam disso”, disse Ventura.

Ventura acusou Montenegro de só saber “criar tachos”… O líder da AD, por seu turno, disse que o seu oponente não sabe o que diz e acaba por ser sempre desmentido.

O primeiro-ministro também depois que o país está muito melhor do que estava há um ano, nomeadamente na administração pública, e acusou o seu rival político de instrumentalizar polícias, bombeiros, guardas prisionais, etc, para para fazer campanha.

Ventura voltou à saúde e acusou o primeiro-ministro de viver noutro mundo… e não saber o que se passa nos hospitais. “A saúde está assim porque deixaram entra cá toda a gente de qualquer maneira”, apontou ainda, referindo-se à imigração.

No entanto, falar tanto de saúde foi pouco saudável para o debate. Não se chegou a nenhuma conclusão nem se propuseram soluções concretas.

Sobre as pensões – que o Chega quer igualar ao salário mínimo – e aproveitando para responder à comparação com o PS, Montenegro deu o exemplo da dupla subida do complemento solidário para idosos: “E onde estava o Chega? Ao lado do PS”.

Quanto à macroeconomia, ambos os partidos têm sido acusados de terem programas eleitorais “irrealistas” ou “otimistas”.

O líder do Chega, que apresentou esta quarta-feira o programa eleitoral, recusou a ideia de irrealismo e contra-atacou: “se dizem que o nosso programa é irrealista, o da AD é estratoesférico, porque o nosso é muito mais próximo do Conselho das Finanças Públicas”

Após os vários ataques de André Ventura, Luís Montenegro resumiu: “Não sabe o que diz (…) lança as coisas para o ar e não explica o racional das medidas“.

“Sabe como vou financiar o programa eleitoral? Onde andam os milhões de dinheiro dos contribuintes? Nas despesas do estado. Andamos a sustentar uma classe política parasitária (…) Eu quero acabar com as portagens e eu quero mesmo que todos os pensionistas deste país tenham uma pensão o equivalente ao salário mínimo”, concluiu André Ventura, que teve a palavra final do debate.

Miguel Esteves, ZAP //

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