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Documentário garante que Salvator Mundi não foi pintado por Da Vinci, mas sim pelos seus assistentes

Justin Lane / EPA

O Salvator Mundi, quadro adquirido por cerca de 380 milhões de euros pelo príncipe saudita Mohammed Ben Salman, terá sido pintado pela oficina de Leonardo da Vinci e não pelo próprio mestre, revela um documentário que será divulgado brevemente.

Paris terá também rejeitado as condições exigidas por Riade para exibir esta obra na exposição dedicada a Leonardo Da Vinci em 2019, no museu Louvre, segundo o documentário que irá estrear em 13 de abril em França, no canal France 5.

O diretor do documentário, Antoine Vitkine, investigou esta pintura comprada em 2005 em mau estado, por 1.175 dólares (cerca de mil euros), por um negociador de arte de Nova Iorque e que foi restaurada nos Estados Unidos, notícia a agência AFP.

A obra foi autenticada como da autoria do pintor italiano por vários especialistas britânicos e vendida a um oligarca russo, que decidiu revendê-lo.

Finalmente, o quadro esteve à venda em novembro de 2017, num leilão de arte contemporânea, sendo apresentado como um original de Leonardo da Vinci.

Apesar da Arábia Saudita nunca ter confirmado que o príncipe é o dono daquela obra, várias fontes indicam que Mohammed Ben Salman a adquiriu através vários intermédios, pelo valor de 450 milhões de dólares (cerca de 380 milhões de euros), sendo estabelecida a marca como a pintura mais cara já vendida.

O Salvator Mundi é uma pintura, no estilo renascentista, de Jesus Cristo, que surge a dar a bênção com mão direita levantada e os dedos cruzados, enquanto segura uma bola de cristal na mão esquerda.

Em abril de 2018, a dúvida começou a surgir sobre se o trabalho não teria sido executado, em parte, pelas mãos dos assistentes de Leonardo da Vinci.

Pelo meio, o príncipe saudita foi recebido por Emmanuel Macron e segundo fonte da administração francesa, citada no documentário, o Salvator Mundi esteve entre os temas discutidos.

Os sauditas terão pedido à França uma avaliação do quadro, que terá estado durante três meses no Louvre, que abriga um laboratório de análise de obras de arte, o C2RMF. O estudo da obra demonstrou, segundo a mesma fonte, que o mestre italiano apenas terá contribuído para a fotografia e o Louvre terá informado os sauditas desta conclusão.

Mohammed Ben Salman tinha ainda como pretensão emprestar a pintura ao famoso museu da capital francesa para a grande exposição dedicada a Leonardo da Vinci no final de 2019.

O seu pedido era muito claro: expor o Salvator Mundi ao lado da Mona Lisa e apresentá-lo como um da Vinci. Aceitar estas condições equivaleria elevar o valor da obra a 450 milhões de dólares (cerca de 380 milhões de euros)”, sublinhou a mesma fonte.

“No final de setembro [de 2018] o presidente de França decidiu não dar seguimento ao pedido de Ben Salman”, acrescentou

Por fim, o saudita recusou-se também a emprestar o quadro condições diferentes às suas, revela o documentário. “Antoine Vitkine solicitou declarações ao Louvre, mas não quisemos responder às suas perguntas. O quadro não foi emprestado durante a retrospetiva Leonardo da Vinci”, destacou fonte do museu, em declarações à AFP.

Não é a primeira vez que especialistas questionam e a põe em causa a autoria do quadro, que chegou a ser atribuída a Bernardo Luini, que fazia parte do círculo do pintor florentino. Esta teoria voltou a ser defendida recentemente pelo historiador de arte Matthew Landrus.

Em janeiro, dois novos estudos sobre o Salvator Mundi sugeriram que, originalmente, foram apenas criados a cabeça e os ombros e que as mãos e os braços só foram adicionados mais tarde. Além disso, um dos estudos concluiu que o braço e a mão não foram pintados por Da Vinci.

ZAP // Lusa

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