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Saída já estava combinada. “Costa está farto de Mário Centeno”

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Carlos Barroso / Lusa

Luís Marques Mendes

Luís Marques Mendes considera que tanto Mário Centeno, como António Costa, “estiveram mal” na polémica em torno do Novo Banco. “Não tiveram sentido de Estado”, analisa, considerando, contudo, que a saída de Centeno das Finanças já estava “combinada” antes deste episódio.

No seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias, no Jornal da Noite de domingo, Marques Mendes constata que “saem ambos mal” da polémica em torno da transferência de 850 milhões de euros dos cofres do Estado para o Novo Banco.

“Em vez de se focarem na pandemia, na retoma económica e nos problemas reais do país, envolveram-se numa trica política sem nível e sem sentido“, salienta, frisando que “não tiveram sentido de Estado”.

Mas sobre o desaguisado em si, Marques Mendes estranha ter sido “só agora”. “Desde que Mário Centeno foi para presidente do Eurogrupo, ambos andam em rota de colisão“, entende, falando de uma “guerra de poder”. “Centeno porque lhe subiu o poder à cabeça, António Costa porque não suporta este desafio”, conclui.

O comentador da SIC entende que “Centeno é o maior culpado” no meio disto tudo, por ter sido “desleal duas vezes com o primeiro-ministro”. “Foi desleal ao não falar com o primeiro-ministro depois de ele ter feito a exigência da auditoria” e “teve 15 dias para lhe explicar que estava errado”. “Era o que devia ter feito em privado em vez de o desautorizar em público”, constata.

Além disso, Centeno “foi desleal na entrevista à TSF e na audição parlamentar, ao dizer que mais grave do que a falha de comunicação era falhar o pagamento ao Novo Banco”. “Na prática, estava a insinuar que o caminho defendido pelo primeiro-ministro seria irresponsável. Isto não se faz“, conclui Marques Mendes.

O ex-líder do PSD está certo de que “Mário Centeno vai sair do Governo até ao Verão”. Não por causa do episódio do Novo Banco, mas porque “há muito que quer sair do Governo por razões estritamente pessoais, não por razões políticas”, analisa. “E a saída está combinada com o primeiro-ministro António Costa desde pelo menos o início do ano”, revela o comentador.

Marques Mendes constata que, num primeiro momento, “António Costa tentou demovê-lo”. “Mais tarde, aceitou a ideia, porque está politicamente farto de Mário Centeno“, aponta.

Sobre o futuro de Centeno, Marques Mendes acredita que “é provável que vá para o Banco de Portugal (BdP), mas ele queria mais, um cargo internacional de relevo que não há”.

No fim-de-semana, avançou-se que a ida de Centeno para o BdP passou a ser uma miragem depois do caso do Novo Banco.

Mas se de facto for para o BdP, Centeno “vai ser um problema para António Costa porque vai fazer a vida negra ao Governo“, prevê Marques Mendes, notando que “está ferido no seu orgulho e debaixo da sua aparente bonomia está uma pessoa difícil e com instintos vingativos”.

Para Costa, a saída de Centeno do Governo “é uma perda enorme”, pois “substituí-lo é difícil”.

Marques Mendes comenta ainda o apoio que Costa deu à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa na visita de ambos à Autoeuropa, apontando que o primeiro-ministro conseguiu o que queria. “Há muito que tinha essa ideia na cabeça, fê-lo agora porque lhe dava jeito para desviar as atenções do caso Centeno, para sair-se bem aos olhos dos portugueses”, analisa o comentador.

O ex-líder do PSD refere ainda que Costa queria também “matar a ideia de qualquer candidato presidencial da área do PS como era o caso de Ana Gomes e reduzir ao mínimo qualquer tensão no PS em torno da questão presidencial”. “Não é ainda a posição do PS, mas a partir de agora não é muito relevante” , conclui.

“Estamos no fio da navalha”

Sobre a pandemia de covid-19, Marques Mendes alerta que esta crise é “ainda mais séria do que a anterior”, pois foi “uma crise repentina, que surgiu de um dia para o outro” e com “uma intensidade brutal”.

É “uma crise transversal que toca a todos e uma crise que fomenta uma pobreza envergonhada”, diz, salientando que “o que as pessoas mais pedem agora já não é um emprego, é alimentação“.

Sobre o desconfinamento, Marques Mendes entende que a partir desta segunda-feira “é que vai ser a sério”. “Há que dizer que estamos no fio da navalha”, sustenta, notando que é preciso “reactivar a economia, porque a quebra económica foi muito maior do que se previa”, mas que o regresso tem que ser feito “com muita cautela porque a epidemia está controlada, mas não está ultrapassada e temos de combater o medo”.

Marques Mendes também comenta o caso Valentina, a menina de 9 anos que terá sido morta pelo pai. “Um crime monstruoso, que a justiça se encarregará de investigar, julgar e punir”, analisa o comentador que deixa dúvidas quanto às responsabilidades da Comissão de Protecção de Menores.

“Claro que não foi o Estado nem foram os dirigentes das Comissões de Protecção de menores que mataram esta criança”, mas “falta averiguar uma coisa essencial: o inquérito que foi aberto em Abril de 2019 devia ter sido arquivado logo a seguir”, questiona o comentador.

“Este inquérito foi mesmo levado a sério ou foi um mero pró-forma para cumprir uma regra burocrática? O Estado foi negligente ou não“, acrescenta Marques Mendes, notando que que o “Governo deveria determinar a abertura de uma investigação para esclarecer este caso e prevenir casos futuros”.

ZAP //

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2 Comments

  1. Os espectadores gostariam de ouvir comentários mais interessantes sobre o que é importante para a sua vida. Nos cabeleireiros, barbeiros, consultórios médicos, etc existem revistas de linguajar de vizinhas que são muito mais distrativas do que este personagem tão irrelevante.

  2. Ó dr. Mendes, diga-me lá os números vencedores do próximo €uromilhõe$… Estava-me a fazer falta nesta altura!

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