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Rui Rio à espera que Barreiras Duarte se demita

PSD / Flickr

Feliciano Barreiras Duarte, secretário-geral do PSD, com o presidente do partido, Rui Rio

A direcção do PSD está descontente com a polémica em torno do currículo de Feliciano Barreiras Duarte, e a sua posição como secretário-geral do partido está cada vez mais em causa. Mas terá que ser o próprio a demitir-se.

A posição de Feliciano Barreiras Duarte como secretário-geral do PSD está por um fio. Segundo apurou o Diário de Notícias, a direcção do partido está descontente com o arrastar da polémica em torno do curriculum do deputado.

A maioria dos dirigentes social-democratas considera que Barreiras Duarte geriu mal todo o processo em torno das dúvidas levantadas pelo seu curriculum, permitindo o arrastar da polémica, e defende que o secretário-geral deve sair.

O presidente do PSD, Rui Rio, está à espera que Barreiras Duarte tome a iniciativa de deixar o cargo. Segundo o DN, Rio não irá pedir ao seu braço direito que abandone o cargo, mas “aceitará um pedido de demissão” do secretário-geral.

Um dos dirigentes que já manifestou publicamente o seu desconforto com o arrastar da polémica é o vice-presidente Castro Almeida, que reconheceu em entrevista à Antena 1 que “as coisas não estão a correr bem“, um mês após a vitória de Rio, e que casos como o do currículo do secretário-geral não podem durar muito tempo.

“Assumo que as coisas não estão a correr bem, estamos num período de adaptação e este arranque é um período de adaptação que tem tido alguns incidentes dispensáveis. Alguns são naturais de um período de arranque, e outros eram dispensáveis”, admitiu Manuel Castro Almeida

O vice-presidente diz ter a certeza de que o seu companheiro Feliciano Barreiras Duarte “estará a avaliar se tem ou não tem condições de poder exercer uma função tão importante e tão exigente como é a de secretário-geral do partido”, mas defende que esta é uma situação que não pode durar muito mais tempo.

“Creio que todos compreendemos as circunstâncias particulares em que ele Barreiras Duarte está neste preciso momento, isto não pode é durar muito tempo como é obvio. Não é comigo…isto não aconteceria comigo“, diz o dirigente social-democrata.

No passado sábado, o semanário Sol levantou suspeitas de que Barreiras Duarte teria falsificado o seu currículo oficial, onde incluiu nas notas biográficas o estatuto de visiting scholar da Universidade da Califórnia, em Berkeley, na qual nunca esteve.

No dia seguinte, o jornal Observador revelou que o secretário-geral do PSD também teria mentido na tese de mestrado em Direito, na Universidade Autónoma de Lisboa, no qual usou o mesmo falso estatuto de professor convidado na Universidade norte-americana.

Na terça-feira, a Procuradoria-Geral da República remeteu para inquérito no Departamento de Investigação e Ação Penal os elementos que recolheu sobre o caso.

“Na sequência de notícias vindas a público, a Procuradoria-Geral da República procedeu à recolha de elementos. Esses elementos foram encaminhados para o DIAP de Lisboa com vista a inquérito”, revelou a PGR, em resposta à Lusa, sem adiantar mais pormenores.

À noite, em comunicado, o secretário-geral do PSD reiterou que “nada fez de errado” e que irá “esperar serenamente” os resultados do inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República ao caso do seu currículo.

Nada fiz de errado no chamado processo de Berkeley. Todos os movimentos e ações relacionados com esse caso estão devidamente documentados e são inequívocos quanto à minha inocência”, lê-se num comunicado divulgado na terça-feira por uma agência de comunicação em nome de Feliciano Barreiras Duarte.

Fui convidado para visiting scholar, estatuto que não confere qualquer grau académico, e não me fiz convidado. Não tirei qualquer proveito da Universidade de Berkely – nem financeiro, nem académico, nem profissional, nem político”, acrescenta a nota.

Barreiras Duarte, que preside à Comissão de Trabalho e Segurança Social da Assembleia da República, foi entretanto substituído na agenda da reunião plenária que se realizou esta quarta-feira, cujo tema era a legislação laboral.

ZAP // Lusa

 

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