O jornal Público revela que o pirata informático Rui Pinto ponderou receber salários da Doyen através de uma offshore para obter vantagens fiscais.
De acordo com o diário, que teve acesso ao processo judicial contra Rui Pinto, que começa a ser julgado a 4 de setembro, o hacker equacionou receber vencimento da Doyen através de uma offshore, segundo um e-mail enviado pelo pirata informático ao seu então advogado Aníbal Pinto em 2015.
De acordo com o Ministério Público (MP), após ter tentado extorquir entre meio milhão e um milhão de euros ao fundo de investimento, Rui Pinto recorreu a Aníbal Pinto para negociar o pagamento de um salário. Em causa estavam sim 125 mil euros repartidos ao longo de cinco anos (25 mil por ano).
Em declarações ao Público, o advogado confirmou o conteúdo do e-mail e disse que “não é ilegal recorrer a offshores. O [grupo] Jerónimo Martins também o faz”.
Rui Pinto foi detido a 16 de janeiro de 2019, em Budapeste, na Hungria, onde então residia. O seu julgamento tem início agendado para 4 de setembro, e terá lugar no Campus da Justiça, em Lisboa.
O MP acusou Rui Pinto de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, da Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da FPF e da Procuradoria-Geral da República.
Rui Pinto, criador do Football Leaks, revelou ter entregado um disco rígido à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África, que permitiu a revelação dos Luanda Leaks, um caso de corrupção relacionado com a empresária angolana Isabel dos Santos, no qual “tropeçou” sem querer.
Rui Pinto está em liberdade, por decisão da juíza Margarida Alves, encontrando-se agora inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial, por questões de segurança.
Aníbal Pinto foi constituído arguido no final do mês de março de 2019 no âmbito do processo de investigação realizado a Rui Pinto e é suspeito de o ajudar nos propósitos criminosos invocados pela acusação. Contudo, garantiu nunca mais ter falado ou ter tido qualquer tipo de contacto com o hacker desde que este deixou de ser seu cliente.