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Rio diz ser preocupante “notória desvalorização” que PS faz do ministro das Finanças

António Pedro Santos / Lusa

O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio

O líder do PSD disse, esta sexta-feira, ser preocupante a “notória desvalorização” que o Governo tem feito do ministro da Finanças, apontando como exemplo as novas regras de contratação nas PPP.

“Temos assistido nos últimos dias a algo verdadeiramente preocupante, que é uma notória desvalorização que o Governo e que o Partido Socialista tem feito do ministro das Finanças, do professor Mário Centeno”, afirmou Rui Rio.

O presidente do PSD, que falava durante um jantar do PSD de Monção, no distrito de Viana do Castelo, com cerca de 500 militantes, disse que aquela desvalorização começou a fazer-se sentir na semana seguinte às últimas Legislativas.

“Na última campanha eleitoral era exibido até como o Ronaldo das finanças. O grande trunfo eleitoral do Partido Socialista, que tinha equilibrado as contas públicas, que era o presidente do Eurogrupo, que era o grande emblema do PS. Tivemos o domingo das eleições e, logo na semana seguinte, já estavam a desvalorizar o ministro Mário Centeno, já não estavam muito para aturar o ministro Mário Centeno que todos os dias é demasiado aborrecido para eles porque quer fazer o esforço de controlar as contas públicas que é algo que, intrinsecamente, não está lógica do PS”, reforçou.

Rui Rio disse que o caso mais grave ocorreu com a publicação, esta semana, em Diário da República, da alteração ao Código dos Contratos Públicos.

A partir de 2 de fevereiro, a decisão de contratar Parcerias Público-Privadas (PPP) vai ser do Conselho de Ministros, em vez dos ministros das Finanças e da tutela, como acontece atualmente.

“Esta semana ficámos a saber que o Governo retirou poder ao ministro das Finanças do controlo das PPP que o Estado português possa fazer. As PPP, seja em que setor for, são, acima de tudo, um negócio financeiro. Quem tirar o ministro das Finanças do controlo de outras PPP é algo que pode vir a ser muito grave para o país”, defendeu.

Para Rio, “uma coisa é o ministro das Finanças ser monitorizado e controlado, outra coisa é essa decisão ser feita por outros ministros”. “O ministro das Finanças ser tratado como um ministro qualquer… Isto é extremamente grave relativamente ao futuro das finanças públicas portuguesas”, considerou.

O líder do PSD recordou que, na próxima semana, o PSD vai a chamar o ministro das Finanças ao Parlamento. “Vamos chamar o ministro das Finanças à comissão parlamentar no sentido de ele dizer se está ou não está de acordo com este diploma, se se sente confortável com este diploma e se acha que este diploma defende as finanças públicas. Se o ministro das Finanças estiver confortável, se achar que o diploma está bem, se souber defender o diploma e nos convencer com certeza que nós, pela racionalidade das coisas, ficaremos convencidos”.

“Se não nos convencer iremos chamar o diploma ao plenário tentando chumbar pura e simplesmente esse diploma na Assembleia da República, na defesa do equilíbrio financeiro de Portugal”, disse o líder do PSD.

Rui Rio criticou ainda a governação socialista “no que concerne aos serviços públicos, sobretudo na saúde. “Todos nós sabemos que a saúde está cada vez pior. Os tempos de espera são cada vez maiores. A nós compete-nos denunciar estas situações”, disse, apontando ainda a educação, com “professores desmotivados, situações muito difíceis nas escolas que não têm pessoal”.

“E a novidade que o Governo nos vai tentar impor de, até ao 9 º ano, devem acabar as reprovações. Eu acho bem que os alunos não reprovem, mas é quando sabem. Eu acho bem que o Ministério da Educação tudo faça para ajudar os alunos que não sabem a saber. Isso eu estou de acordo. Que temos uma taxa de reprovações muito elevada é verdade, que o nosso sistema de ensino não está bem, é verdade, mas em nome dos alunos, em nome do futuro dos miúdos não podemos deixar passar quem não sabe porque parece que os estamos a ajudar na altura e estamos a dar cabo do seu futuro”, frisou.

Esta sexta-feira, a antiga ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, anunciou que vai estar ao lado de Rio nas diretas do PSD, marcadas para 11 de janeiro. “Se Rui Rio não continuar, o PSD esfrangalha-se“, cita o Expresso.

O atual líder do PSD tem como rivais Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz. Esta quarta-feira, num debate televisivo na RTP, os três candidatos trocaram acusações de hipocrisia e de maus resultados em diferentes momentos da história do partido, com a maçonaria à mistura.

ZAP // Lusa

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