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No Rio de Janeiro, a ajuda humanitária está a ser travada por tiroteios

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Fernando Frazão / Agência Brasil

No Rio de Janeiro, no Brasil, a ajuda humanitária à população afetada pela pandemia do novo coronavírus está a ser travada por tiroteios.

A violência com armas de fogo não é algo estranho aos habitantes do Rio de Janeiro. Desde que começou a quarentena no Brasil, no dia 13 de março, registaram-se 41 tiroteios no Complexo do Alemão, uma zona do norte da cidade. Embora o número de tiroteios tenha descido em abril, a proporção de tiroteios com a presença de agentes da polícia aumentou.

Estes confrontos, que antes já interrompiam aulas e fechavam ruas e unidades de saúde, estão agora a dificultar socorrer quem precisa de ajuda durante a pandemia causada pela covid-19.

No mês passado, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, anunciou a entrega de cestas com bens essenciais como uma das medidas de contenção. No entanto, as cestas ainda não chegaram às pessoas, que fazem o que podem para se aguentarem.

Como resposta, o The Intercept Brasil escreve que a organização não governamental Rio de Paz decidiu ela própria distribuir cestas com bens essenciais. Para sua surpresa, a ONG teve de adiar a ajuda humanitária devido a um tiroteio que ocorreu durante uma operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).

Algo semelhante aconteceu com outra ONG, no dia 30 de abril, que viu uma doação de bens impedida por tiroteio durante uma ação policial. “A polícia achou que era um camião roubado, entrou na favela e virou um tiroteio danado”, explicou um dos voluntários. Nesse dia, 100 cestas não foram entregues devido ao conflito.

Uma reportagem da revista Época concluiu que pelo menos 12 casos de mortes cometidas pela polícia do Rio de Janeiro, num único mês, apresentados à população como “confronto com criminosos”, têm graves indícios de erro policial, em que inocentes foram mortos por engano, ou execução à margem da lei”.

O Brasil registava, até esta quarta-feira, 291.579 casos diagnosticados e 18.859 óbitos pelo novo coronavírus. O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, propôs um amplo diálogo para superar a crise económica provocada pela pandemia numa reunião com governadores, prefeitos e chefes das duas casas do Congresso.

ZAP //

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