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Mais um restauro desastroso em Espanha (e há quem veja nele Donald Trump)

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Antonio Guzmán Capel / Facebook

Escultura do início do século XX, antes e depois do restauro

Uma das esculturas que adorna um edifício do início do século XX em Palencia – originalmente a figura sorridente de uma mulher que guardava um rebanho – foi restaurada e “mais parece a cabeça de um personagem de desenhos animados”.

Nos últimos anos têm-se multiplicado os restauros desastrosos de obras de arte em Espanha. Depois do famoso fresco do Ecce Homo da Igreja do Santuário da Misericórdia de Borja (2012), da escultura em madeira de São Jorge (2018) ou do quadro da Imaculada do Escorial (2020), desta vez foi uma das figuras esculpidas que adornam um edifício do início do século XX em Palencia, no noroeste de Espanha, que sofreu restauro desastroso.

O que era originalmente a figura sorridente de uma mulher ao lado de um rebanho, foi agora substituído por um rosto carrancudo, com um cabelo em forma de pala e uma boca arredondada – onde várias pessoas veem semelhanças com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Mas as semelhanças são tantas quanta a imaginação deixar e o jornal The Guardian vê naquele rosto parecenças com “o Povo da Areia da saga Guerra das Estrelas. Ou qualquer ser saído de um pesadelo”.

A restauração veio a público este sábado, depois de Antonio Guzmán Capel, um artista local, ter colocado fotos da figura em causa no Facebook. “As imagens estão um pouco desfocadas mas dá para ver a ‘brincadeira’ perfeitamente. Parece a cabeça de uma personagem de desenhos animados”.

Palencia tem agora uma atração turística capaz de rivalizar com o Ecce Homo de Borja, acrescentou Guzmán, referindo-se à fama global que a obra de Elías García Martínez atraiu, depois de ser restaurada por uma paroquiana idosa, em 2012.

“Tenho certeza de que quem fez isto foi pago”, disse ainda Guzmán. “Mas o maior crime foi cometido pela pessoa que o encomendou e depois fingiu que não se passava nada.”

Segundo o Diário de Notícias, perante todos os restauros falhados, especialistas em conservação espanhóis têm vindo a pedir uma legislação mais apertada, que impeça amadores e curiosos de tentar fazer um trabalho de restauro que deveria ser qualificado.

“Eu não acho que essa pessoa – ou essas pessoas – deva ser considerada um restaurador”, disse em junho Fernando Carrera, professor da Escola Galega de Conservação e Restauração do Património Cultural, ao The Guardian. “Vamos ser honestos: eles são profissionais que estragam tudo. Destroem as obras.

ZAP //

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