“À boa maneira de Sócrates” e uma surpresa “positiva”. Reações ao programa do PS

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TIAGO PETINGA/LUSA

O secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos

“À boa maneira de um ex-primeiro ministro, chamado José Sócrates, a prometer tudo a toda a gente”, acusa Luís Montenegro.

O presidente do PSD, Luís Montenegro, comparou o PS atual, que apresentou este sábado o seu programa eleitoral às próximas eleições legislativas, ao do antigo primeiro ministro José Sócrates por “prometer tudo a toda a gente”.

“Hoje, a nossa candidata disse [na sua intervenção] que não estava aqui para fazer falsas promessas, que não estava aqui para prometer aquilo que não podia fazer. É curioso porque ao mesmo tempo que a Fátima [Alves] estava a falar, alguém mais longe, estava a apresentar o programa eleitoral para as eleições legislativas de 18 de maio, e estava precisamente, à boa maneira de um ex-primeiro ministro, chamado José Sócrates, a prometer tudo a toda a gente”, acusou Montenegro.

“Agora é prometer tudo a toda a gente como se fosse exequível, responsável estar, de um momento para o outro, a prometer e a dar tudo a toda a gente, não tendo consciência que esse é o primeiro passo no caminho para o empobrecimento, no caminho para termos mais dificuldades no futuro do que aquelas que temos hoje de superar”, afirmou o líder do PSD.

Luís Montenegro destacou a importância de o país criar riqueza, pois, se assim não for, não haverá distribuir.

“Se não se criar, não se consegue distribuir. Se se reduzir tudo a distribuir, que é aquilo que o Partido Socialista está a fazer em Lisboa a esta hora, está a distribuir aquilo que não queria, vai esgotar. E quando esgotar, olha para o lado e falta dinheiro. E depois venha o PSD e o CDS para compor a coisa, é normalmente aquilo que acontece”, afirmou o presidente do PSD.

“Receita para o desastre”

O PSD acusou o PS de apresentar como programa eleitoral uma “receita para o desastre” com o qual regressaria “o empobrecimento que terminou na bancarrota”, referindo que “Portugal voltaria a ter défice e a aumentar a dívida pública”.

“Se este programa alguma vez fosse aplicado Portugal voltaria ao tempo do empobrecimento que terminou na bancarrota. Pedro Nuno Santos seria o novo José Sócrates. O PS entrou em roda livre, veio ao de cima o seu lado mais imaturo, menos ponderado”, apontou Manuel Castro Almeida, ministro Adjunto e da Coesão Territorial e cabeça de lista do PSD por Portalegre.

Considerando que este programa “é o fim das contas certas, é o enterro do equilíbrio orçamental do Estado”, Castro Almeida afirmou que “Portugal voltaria a ter défice e voltaria a aumentar a dívida pública”: o “desespero apoderou-se do PS”, acusando os socialistas de “prometer tudo a todos sem fazer contas a nada”.

“Deixaria de ter possibilidade de aumentar as pensões e os salários da função pública, não teria qualquer hipótese de baixar o IRS, deixaria de ter um dos maiores crescimentos da União Europa”, disse. Para o ministro, “o programa do PS é uma receita para o desastre” e “se fosse posto em prática atiraria o país outra vez para 2011”.

“Decerto não foi por acaso que Fernando Medina não estava presente nesta apresentação”, disparou.

Pedro Nuno reagiu

O secretário-geral do PS admite que metade do que o presidente do PSD afirmou é verdade, porque as promessas do seu partido se destinam a todos.

Metade do que ele diz sobre o que nós fizemos é verdade. Metade é falso, nós não prometemos tudo, mas a outra metade é verdadeira, a todos“, afirmou Pedro Nuno, que frisou que as medidas de política do PS “são para todos, ao contrário das medidas de política de Luís Montenegro”.

Pedro Nuno Santos considerou que se tratou de “mais um truque de ilusão”, porque Luís Montenegro não estava a assistir à apresentação do programa eleitoral do PS, uma vez que se encontrava “sentado numa plateia”.

“Tentou passar a ideia de que aquilo que nós estávamos a apresentar não era pagável, que nós éramos irresponsáveis. Nós, que deixámos o país com excedente orçamental histórico”, afirmou.

Segundo o secretário-geral do PS, as propostas apresentadas no sábado “custam sensivelmente o mesmo que Luís Montenegro decidiu prescindir em IRC, que vai beneficiar algumas empresas, 1.500 milhões de euros”.

No que respeita à matéria fiscal, Pedro Nuno Santos disse que o que separa o seu partido do PSD “não é a redução de impostos”, mas sim a forma como é feita essa redução.

“Falta idoneidade ao líder do Governo e falta credibilidade ao projeto que o Governo dizia ter para Portugal”, tinha acusado antes.

“Não vai baixar os preços das casas”

A líder do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua não se compromete com um acordo à esquerda e sublinha que não leu o programa a fundo, mas já tirou conclusões sobre uma das prioridades do programa de Pedro Nuno Santos.

“Uma certeza posso dar: as medidas do PS não vão baixar os preços das casas. Garanto”, disse em Lisboa.

“Terão talvez um impacto daqui a 20 anos no mercado de habitação”, mas “abandonam a população hoje”, acusou.

A coordenadora bloquista alega que “a matriz de intervenção” em matéria de habitação “é a dos benefícios fiscais, que já se provou irrelevante, inconsequente, inútil e ineficaz”.

O Bloco de Esquerda apresentou este domingo seis medidas, que vão constar do seu programa eleitoral, para responder à crise da habitação, que incluem simplificar a lei do arrendamento, “dar poder aos inquilinos” para denunciarem contratos, garantindo que não haverá retaliações, e uma moratória à construção de novos hotéis.

Um”sinal dos tempos”

Apesar de não terem sido anunciados investimentos, o programa “aumentou muito o número de parágrafos dedicados à Defesa“, nota Helena Matos na CNN.

Não se quis comprometer, mas o programa procura “garantir o reforço da segurança dos cabos submarinos que passam por águas portuguesas e outras infraestruturas críticas”.

É um sinal dos tempos e acho muito positivo que o Partido Socialista tenha feito essa referência”, diz a comentadora.

Em janeiro, a NATO lançou patrulhas no Mar Báltico após suspeitas de ataques a cabos de telecomunicações e energia. As autoridades europeias alertaram para o aumento das ameaças híbridas provenientes da Rússia.

Os cabos submarinos são vulneráveis a cortes e escutas, o que exige equipamentos sofisticados que poucos países possuem. Segundo o CSIS, a Rússia demonstrou tanto a capacidade como a intenção de atingir infraestruturas críticas de telecomunicações submarinas dos países da NATO.

O programa “identifica onde é que Montenegro possa estar a falhar”, acredita Rui Pedro Antunes, editor de política do Observador. “As pessoas queixam-se que está tudo muito caro”, e “basta andar nos transportes públicos, cafés ou conversar com amigos para perceber isso”.

“A questão do IVA Zero e tentar centrar-se ideologicamente e fazer frente ao problema das pessoas” mostra que Pedro Nuno tem noção disso, acredita.

No programa eleitoral apresentado em Lisboa, o PS quer, nomeadamente, um aumento anual do salário mínimo nacional em pelo menos 60 euros por ano, para atingir os 1.110 euros em 2029, e reduzir, de forma faseada, a semana de trabalho para 37,5 horas.

O PS propõe também no programa eleitoral o IVA zero permanente num cabaz de bens alimentares, tal como foi aplicado temporariamente pelo Governo de António Costa devido à inflação, e reduzir esse imposto para 6% na eletricidade até 6,9 kVA.

O partido defende ainda que é preciso “reduzir os impostos com base numa política fiscal inteligente, seletiva, que promova uma distribuição mais equilibrada do rendimento e que estimule o investimento”.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Fim das Contas Certas?????
    E, quando é que custou a reversão dos cortes de 5% dos Politicos?
    E, quanto é custou o IRS Jovem, são 25 Milhões!!!!
    Etc,etc,etc.
    Estes PSD definitivamente não tem vergonha nenhuma na cara, vem para praça publica iludir o Povo, semqualquer pejo.
    A manipular a opinoa publica, são tão bons como os Cumnas!
    Devem ter aprendido da mesma cartilha.

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  2. A verdade do PSD: Um Monte Negro de ALdraboes.
    Estão a espumar, perdidos, não governaram para as pessoas, Governaram para os Investimentos, Investimentos, Investimentos, agora não sabem o que fazer, então atiram a Ladrar como os cães às pessoas que querem fazer algo pelos portugueses e não para os estrangeiros.
    Vão Ladrando, vão, continuem, o PSD só sabe Ladrar a assustar as pessoas, já conheço isso há mais de 20 Anos.

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