Fenómeno conhecido como quiet quitting espalha-se como reacção dos trabalhadores à precariedade laboral. A mudança anda por aí.
Sair de forma silenciosa.
Assim se pode traduzir o fenómeno quiet quitting, que se resume a isto: cumprir no emprego apenas o que está previsto no contrato e não continuar a trabalhar quando chega a hora de sair.
Foi um novo despertar, um novo grito silencioso, criado pela pandemia, escreveu o semanário Expresso.
A tendência é de vermos cada vez menos pessoas aceitarem trabalhar demasiadas horas, ao contrário do que acontecia até 2020. Os trabalhadores dão mais prioridade à sua vida pessoal, à sua saúde, ao seu equilíbrio mental.
E este movimento laboral, que começou por ser partilhado inúmeras vezes no TikTok, é também uma reacção à precariedade laboral, com relações tóxicas com superiores, pelo meio.
“A pessoa apenas faz o mínimo para se manter na sua função e não ser despedida, mas na prática não tem nenhum compromisso emocional com a empresa“, descreveu ao Expresso o psicólogo Ricardo Vargas.
Vai ficando para trás o conceito workaholic – vício no trabalho – que na maioria das vezes não era benéfico para o funcionário, enquanto a empresa beneficiava (mas nem sempre, porque a produtividade também pode baixar).
Agora o paradigma mudou, neste e noutros aspectos, e por isso “a forma de liderar e gerir os recursos humanos é que tem de mudar“, continua Ricardo Vargas.
Porque “estamos a viver uma mudança de atitude das pessoas em relação ao trabalho”, reforça no jornal Público o especialista em emprego público e professor associado de Economia em Londres, Pedro Gomes.
Já o professor Joaquim Coimbra, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, repete a ideia de “desinvestimento emocional”. Ou seja, o emprego de cada pessoa deixa de ser a sua prioridade, em cada vez mais casos.
Isto deve-se a vários factores: “Trabalho atípico e precário, e desregulação das relações laborais, de que os jovens são as principais vítimas. O trabalho é algo que tem de se fazer para se poder fazer outras coisas na vida”.
“Estamos a viver uma mudança de fundo, de que o quiet quitting, seja lá o que isso for, é mais um sinal”, analisa o professor.
Os trabalhadores mais jovens são os maiores impulsionadores desta mudança evidente, segundo a socióloga Ana Paula Marques, do Departamento de Sociologia da Universidade do Minho.
“A geração dos vinte e tal anos aprendeu a lidar melhor com a incerteza do mercado de trabalho, tendo começado a relativizá-lo, em prol de valores que lhe são mais importantes como a felicidade, o bem-estar, a identificação com causas”, declarou Ana Paula. Não se entregam ao emprego como os seus pais faziam ou fazem.
A tendência é impedir que o trabalho contamine todas as outras dimensões da vida.
Coronavírus / Covid-19
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Como muitas das empresas não pagam, principalmente a quadros técnicos, não é “crime” nenhum sair à hora. Cumpre-se com aquilo que a empresa paga. o que tem que mudar é a mentalidade retrogada de uns ditos “patrões” que pagam um salário e entendem que os trabalhadores tem que estar disponivel 24 horas dias para empresa.
Terminado o horário porque ter que atender telemóveis ou responder a email???
enfim em portugal e noutros paises como asiáticos e mentalidade é trabalhar muitas horas, ou digo eu, estar muitas horas na empresa. num pais nórdico quem passa muito tempo na empresa é simplesmente incompetente ou então está subcarregado logo é necessário alguem para ajudar.
Trabalhar horas extras sem pagamento das mesmas, fazer o trabalho de três e ainda por cima ser gozada e maltratada, só mesmo uma burra como eu!!! Mas acordei! Entro e saio a horas e faço apenas o que me compete.