O que é preciso acontecer para o PSD perder na Madeira? “Nem é saudável para a democracia”

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PSD / Flickr

Ex-Presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim

Desde o 25 de Abril, os sociais-democratas ganharam sempre, mesmo quando o seu líder é suspeito de diversos crimes.

Eleições legislativas regionais na Madeira, 1976: o PSD ganha com quase 60% dos votos e Jaime Ornelas Camacho lidera o Governo Regional, sendo substituído a meio do mandato por Alberto João Jardim.

Eleições legislativas regionais na Madeira, 1980: o PSD ganha com 65% dos votos e Alberto João Jardim continua a ser o líder regional.

1984, 1988… 2007, 2011, 2015: foram 11 vitórias do PSD, 11 com maioria absoluta. Chegou a ter mais de 70% dos votos e quase sempre com Alberto João Jardim na liderança – a excepção foi 2015, quando já era Miguel Albuquerque o líder do PSD/Madeira.

A queda começou exactamente em 2015, quando a maioria absoluta de Albuquerque foi conseguida tangencialmente: 24 deputados, precisamente o mínimo necessário.

Ou seja, a queda do PSD começou quando João Jardim deixou de ser candidato.

Em 2019, pela primeira vez, o PSD não conseguiu maioria absoluta (21 deputados).

Em 2023, mesmo em coligação inédita com o CDS, também não conseguiu maioria absoluta, ficando com 23 deputados.

Em 2024, o PSD volta a concorrer sozinho – e volta a ganhar. Novamente sem maioria absoluta e com o pior resultado de sempre: 19 deputados, 49 mil votos e 36,13%. São os piores números do partido na Madeira, em todos os capítulos.

Nem assim?

Estas eleições antecipadas de 2024 surgem num contexto particular: no início deste ano o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, passou a ser suspeito de corrupção, prevaricação, abuso de poder e atentado contra o Estado de Direito, entre outros crimes.

Albuquerque foi constituído arguido e foi esse processo que originou estas eleições.

Mesmo assim, apesar do caso e de todas as suspeitas, Miguel Albuquerque apresentou-se como candidato e o PSD ganhou outra vez.

Numa democracia mais saudável, Miguel Albuquerque nunca, jamais, em tempo algum, se deveria ter recandidatado com as suspeitas que ainda recaem sobre ele e com o facto de ser arguido”, analisou João Miguel Tavares na SIC Notícias.

O comentador político atirou, ainda antes das eleições: “Se, nem nesta ocasião, houver uma alternância de Governo… Nem é democraticamente saudável“.

No mesmo programa, Ricardo Araújo Pereira perguntou: “O que é preciso acontecer ao PSD para não ganhar na Madeira?”.

A Madeira já vive há 48 anos com o mesmo partido a governar a região”, lembrou na noite eleitoral Victor Freitas, do PS/Madeira.

Sim, desde o 25 de Abril, sempre PSD.

É um domínio que não tem um motivo, uma explicação unânimes: pode ser uma noção de liderança forte (Alberto João Jardim), promessas que vão ao encontro das necessidades e dos desejos dos madeirenses, e uma base de apoio leal e consistente. Mas o poder também se explica pela influência de empresários próximos do PSD (ou de João Jardim).

Nunca houve outro partido a ganhar as eleições regionais na Madeira – isso mantém-se.

Nunca houve outro partido a liderar o Governo Regional da Madeira – isso ainda não é certo.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

5 Comments

  1. Como assim não é saudável? Nem que fosse o Chega eleito, quem decide é o madeirense que se deu ao trabalho de ir votar. Não gostas paciência. Podes sempre pedir ao Marcelo que tem experiência de mandar governos legitimamente eleitos a baixo para te resolver os problemas emocionais.

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  2. Ganhar eleições, chama-se a isso democracia, mas quem estiver mal sempre pode fazer como o Savimbi e dizer que não aceita os resultados.

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  3. O Povo Madeirense , escolheu os mesmos S.D.T . Choram que vivem mal e na miséria , mas continuam a escolher os mesmos Políticos , mesmo suspeitos de diversos crimes . No final se assim gosta o Zé Povinho ………..Porquê contraria-los ?

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