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PSD pede demissão de Fernando Medina por demora na reação à pandemia em Lisboa

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António Pedro Santos / Lusa

Fernando Medina

O PSD na Assembleia Municipal de Lisboa defendeu hoje que o presidente da autarquia, Fernando Medina, deve ser consequente com a sua afirmação de que o aumento de casos de covid-19 se deve a “más chefias” e demitir-se.

O autarca disse na segunda-feira, no espaço de comentário da TVI24, que o aumento do número de infetados por covid-19 na região se deve a “más chefias” e à falta de profissionais no terreno, exigindo respostas rápidas.

“É uma nota direta a todos os responsáveis relativamente a esta matéria, que é preciso agir rápido. Ou há capacidade de conter isto rápido ou então têm de ser colocadas as pessoas certas nos sítios certos”, sublinhou o presidente da Câmara de Lisboa (PS).

Hoje, numa nota enviada às redações, o líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal, Luís Newton, afirma que “Medina pede demissão de Medina”, notando que os sociais-democratas concordam.

“Fernando Medina culpa as chefias da região de Lisboa pela situação atual da gestão pandémica e com razão. Não podemos esquecer que foi ele que demorou semanas a aceitar a desinfeção de espaços públicos, não quis testar os próprios funcionários [e] não preparou a Carris para o período de distanciamento social”, lê-se no comunicado.

O PSD recorda ainda que o chefe do executivo da capital “não quis distribuir máscaras à sua população, facto que teria sido fundamental para evitar a propagação, por exemplo, nos bairros municipais” e “rejeitou medidas especiais de emergência para Lisboa”, tendo desclassificado “quem as propôs”.

“Nada fez contra as manifestações e comícios que puseram em risco o controlo do surto. Entre muitos outros erros, que agora tão bem identifica”, acrescenta o partido.

Para o PSD, Fernando Medina “dificilmente neste período terá sido um verdadeiro presidente da câmara” e deverá “ser consequente com as suas palavras e ser o primeiro a demitir-se”.

“Medina não faz isto num súbito acesso de consciência para proteger as suas populações. Faz isto na sequência da desavença do primeiro-ministro [António Costa] com os técnicos de saúde na última reunião do Infarmed”, refere ainda o comunicado assinado por Newton.

Também a Associação de Proteção e Socorro (PROSOC) reagiu hoje às declarações do autarca, admitindo que “faltaram chefes em Lisboa”, mas ressalvando que o município, “como outros, não cumpriu a sua missão de proteção civil”.

“Faltaram chefes em Lisboa capazes de lidar com a pandemia da covid-19, mas não só no Governo e na Direção-Geral da Saúde, onde a incompetência é por demais evidente. Contudo, a autarquia de Lisboa, à semelhança da esmagadora maioria das autarquias, também não cumpriu exemplarmente a sua missão de proteção civil que lhe compete”, acusou o presidente da APROSOC, João Paulo Saraiva, em comunicado.

O Governo decidiu na semana passada que Portugal vai estar, a partir de quarta-feira, dividido em três níveis de alerta para fazer face à pandemia de covid-19, passando a maior parte do país para situação de alerta, enquanto a Área Metropolitana de Lisboa (AML) para situação de contingência (nível intermédio) e 19 freguesias da AML mantêm o estado de calamidade.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 505.500 mortos e infetou mais de 10,32 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Portugal contabiliza pelo menos 1.568 mortos associados à covid-19 em 41.912 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

// Lusa

9 Comments

  1. Concordo totalmente. E até acho que há muitos outros bons motivos para o já ter pedido há muito. Este tem claramente o estilo Sócrates / Costa.

    • Realmente, este pertence à mesma linha socrática. Costa aprendeu com Sócrates e Medina aprendeu com Costa. Tudo panelas do mesmo barro.

  2. antes de começarem a desconfinar, o governo e a CML deveriam ter assegurado que havia transportes públicos.
    e tb deveriam fomentar a diversificação do começo das actividades laborais (e mudanças de turnos) ao longo da manhã, em vez da concentração que se verifica entre as 8 e as 9h.

    • Estes governantes meteram “tudo à molhada e fé em Deus”. O desastre era previsível. Agora tentam sacudir para canto. À culpa não é deles, é dos outros.

    • Totalmente de acordo. Deveriam ter promovido a extensão do horário de entrada entre as 08:00 e as 10:00 por exemplo evitando assim a concentração de pessoas de manhã. E o presidente, o do imobiliário, deveria ter disponibilizado as bicicletas elétricas ao pessoal, ou isso foi apenas um negócio… para inglês ver?
      Mas a grande medida que este pato bravo podia ter feito pelo bem de Lisboa era ter-se posto a andar. Aí sim, Lisboa ficaria certamente melhor.

  3. Tem sentido. Porque só agora reage este porta-voz de Costa ? Eu sei porquê. Porque Costa e o PR levaram poucas na última reunião no Infarmed. Até aqui os profissionais de saúde eram excelentes, na voz de Costa, agora já são incompetentes, não prestam. Mas, cobardemente, não é ele que o vem dizer, manda alguém. Quando as coisas são boas, lá vem a dupla mais famosa (Costa/Marcelo), quase auto-elogiar-se. Agora, parece que estão recolhidos, e aparece este Medina, que leva a crer que anda a tentar projectar-se para alguma coisa. Como é gira a sub-repticidade da política. E quantas vezes o povo não “vê um padeiro”, como se dizia na minha terra. Quando Costa tomou a medida, infeliz por extemporânea, de desconfinar bruscamente o território de Lisboa e periferias, o factor R encontrava-se perigosamente elevado, dai o considera-se a decisão de Costa uma falha grave e um erro político monumental.

  4. Continuo ainda à espera da resposta ao Medina por parte do autarca de Ovar….. Se Lisboa der para o torto (como parece que estar a dar) o Medina que prepare as orelhas..e vamos lá ver quem é o provinciano. (hihihihihi)

  5. Concordo.
    Este de prepotência tem para dar e vender.
    O próprio disse que houve “más chefias”. Das duas uma: ou ele é chefia, e portanto devia demitir-se, porque não esteve ao nível das suas responsabilidades; ou então não é chefia, e devia demitir-se também, porque se assumirmos este segundo cenário não se percebe o que está lá a fazer.

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